INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

domingo, 1 de setembro de 2013

Semelhanças entre luto e melancolia


Freud, ao estabelecer a comparação entre os processos do luto e da melancolia, toma a perda como elemento central. A diferença entre os dois processos seria o destino dessa perda. No luto, ela é verbalizada e o enlutado sabe perfeitamente o que perdeu. O trabalho do luto visa elaborar essa perda. Na melancolia temos, segundo Freud, a certeza de uma perda, só que o melancólico não sabe o que perdeu. Ao mesmo tempo em que a perda é evidente, ela é inteiramente desconhecida. Freud avança a hipótese de que o melancólico não perdeu um objeto, mas perdeu-se no objeto.

O paciente depressivo se refere a uma perda de si mesmo. Em seu discurso ele diz que já foi alegre, espontâneo, entusiasmado ou orgulhoso de si mesmo, mas isso foi perdido em algum momento de sua vida. Nesses relatos feitos durante a análise é possível remeter esta perda de si à questão da identidade e dos ideais. Trata-se da perda de uma imagem de si mesmo que é trazida ao falar deste passado, um passado em que ainda não havia cabelos brancos, os dentes estavam intactos e o sujeito não tinha vergonha de si ou medo de ser comparado com uma pessoa mais jovem e mais capaz.

A narrativa remete a uma imagem irremediavelmente perdida e o paciente muitas vezes se pergunta para onde foi a sua vida, a sua vitalidade e sua alegria de viver, numa perda que é impossível de ser resgatada. Estes elementos teóricos exemplificam situações muito comuns que foram escolhidas em função dos problemas encontrados no atendimento destes sujeitos. O trabalho da Psicanálise é ajudar o paciente a fazer o resgate de sua auto-estima e permitir que ele possa entender a circunstância em que vive, passando a contemplar novos horizontes a partir de uma visão mais ampla de si mesmo.


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