INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Terapia Psicanalítica de Donald W. Winnicott


Síntese das contribuições centrais da sua obra

 Parte introdutória da apostila de Winnicott curso de Capacitação em Psicanálise-SPOB-POLO/RS

             Teoria do Desenvolvimento, como um estudo pormenorizado da relação mãe-filho e das influências da família e do ambiente, postulando a interação de processos inatos de maturação com a presença de um ambiente facilitador, desde uma fase de dependência absoluta à aquisição da independência humana.
              Estudando a evolução do ser humano e reconhecendo os seus processos de maturação, à formação e a evolução do eu, bem como o estabelecimento dos mecanismos de defesa elaborados pelo eu num indivíduo sadio.
             O ambiente que inicialmente é representado pela mãe ou seus substitutos, que se dá como fio condutor entre o meio e o desenvolvimento psíquico do ser humano, que passa por períodos da dependência absoluta - do nascimento até 6 meses e a dependência relativa – dos 6 meses aos 2 anos, nas suas primeiras fases da vida para depois à fase da independência.
              Como sua maior preocupação gira em torno da influência do meio e os distúrbios psíquicos situados no curso dessas duas primeiras fases propõem orientações terapêuticas para tratamento desses distúrbios
              Teoria dos Impulsos, em que reestuda os papéis da sexualidade (elemento masculino e elemento feminino) e da agressividade, relacionando-as em seus primórdios ao desenvolvimento motor. Aqui também é importante a noção de agressividade sem cólera, através da qual o bebê se desliga da mãe num abandono de investimento, sem uma intencionalidade em si destrutiva.
Trouxe com um novo “olhar” conceitos centrais da psicanálise tradicional – complexo de Édipo, depressão, a origem da moral e outros, permitindo que sejam tratados novos problemas clínicos.
              Teoria do Objeto, em que postula a existência de um objeto subjetivo (inicial) e de um objeto objetivo (posterior), como também de um objeto transicional, formulando o conceito de Fenômenos Transicionais em Psicanálise.
                Destaca o brincar na vida do indivíduo, como indispensável para a elaboração do pensamento, desenvolvimento, amadurecimento psíquico e emocional do ser humano, algo que deve estar presente, fazendo parte do seu viver, o percurso que leva ao pensar, estruturar, o criar, o espaço transacional.
                Teoria do Espaço, em que formula a existência de um Espaço Potencial, de uma zona intermediária entre a realidade interna e a realidade externa, onde se realizam o jogo e o brincar, origem de todas as atividades sócio-criativo-culturais.
                 Teoria do Self, da polarização entre um verdadeiro self, espontâneo e criativo, fonte de alegria e da saúde mental, em oposição ao falso self, artificialmente construído por submissão ao meio.
                 Teoria Psicossomática, baseada na existência inicial de um psique-soma-instintivo-fisiológico, do qual se desenvolve mais tarde a mente, com suas complexas funções. A doença psicossomática caracterizada por múltiplas formas, encerraria contudo, uma tentativa de retorno (aspecto positivo) à situação de integração inicial.
                 Teoria da Tendência Anti-Social, conseqüente de uma privação inicial e representada pelo roubo e pela destrutividade, condutas de desafio ao meio que contêm, paradoxalmente, um sinal de esperança de que o indivíduo ainda confia que o ambiente possa corrigir aquelas falhas que possibilitaram o surgimento desta tendência.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

FELICIDADE REALISTA


(Mário Quintana)
A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.. É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza
instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.