SPOB-POLO\RS
BREVE - CURSO LIVRE DE PSICANÁLISE INFANTIL
A crise na educação das crianças é uma problemática enfrentada pela
família e pela escola na
contemporaneidade. A lógica comportamentalista que
muito orientou no trabalho com os limites a partir de punições e reforços, já
há tempo revela sinais de fracasso.
A questão
dos limites na Educação Infantil é uma problemática enfrentada pela família e
pela escola na contemporaneidade. A lógica comportamentalista, que muito
orientou no trabalho com os limites a partir de punições e reforços, já há
tempo revela sinais de desgaste. A construção de limites, pensada não
como um produto, mas como uma constante produção puramente dialógica é um
fenômeno sócio-histórico, produzido por sujeitos que se afetam por seu contexto.
Pensar o trabalho de construção de limites na Educação Infantil é possibilitar
à criança o exercício da autonomia para se expressar, e de sensibilidade e
respeito ao outro para acolher diferentes opiniões e sentimentos. Pensa-se em
uma construção de limites que permita o desenvolvimento da alteridade na
convivência coletiva, com acolhimento das diferentes singularidades.
Entre as disposições que a criança precisa possuir a fim de conseguir se apropriar dos valores da sua cultura - e muito precocemente neste caso – está a noção de limites bem como uma noção relacionada, que é a de disciplina.
Como se pode manter a disciplina em uma classe na qual as crianças são livres para se locomover à vontade?, pergunta Maria Montessori (1972), a grande pedagoga italiana, ao comentar suas idéias, revolucionárias para a época, acerca de boa pedagogia infantil, e explica que obviamente tem um conceito diferente de disciplina que pretende ser ativa, pois não crê numa disciplina na qual a criança “é obrigada a ficar tão quieta quanto um mudo e tão imóvel quanto um paralítico.” (p.49). Para a autora, o indivíduo está disciplinado quando se torna senhor de si mesmo e, quando, em conseqüência consegue controlar-se sempre que deve seguir uma regra na vida.
Entre as disposições que a criança precisa possuir a fim de conseguir se apropriar dos valores da sua cultura - e muito precocemente neste caso – está a noção de limites bem como uma noção relacionada, que é a de disciplina.
Como se pode manter a disciplina em uma classe na qual as crianças são livres para se locomover à vontade?, pergunta Maria Montessori (1972), a grande pedagoga italiana, ao comentar suas idéias, revolucionárias para a época, acerca de boa pedagogia infantil, e explica que obviamente tem um conceito diferente de disciplina que pretende ser ativa, pois não crê numa disciplina na qual a criança “é obrigada a ficar tão quieta quanto um mudo e tão imóvel quanto um paralítico.” (p.49). Para a autora, o indivíduo está disciplinado quando se torna senhor de si mesmo e, quando, em conseqüência consegue controlar-se sempre que deve seguir uma regra na vida.
Uma
professora ou um professor, assim, precisaria possuir uma técnica especial para
ser capaz de guiar a criança por esse caminho de disciplina que deverá trilhar
toda a vida à medida que se aperfeiçoa constantemente nela. A liberdade
da criança deveria ter como limite os interesses do grupo a que pertence.
A
criança deveria ser impedida de fazer algo que ofenda, magoe outra pessoa, que
seja indelicado ou inadequado. Tudo o mais, qualquer ação que seja útil
de qualquer modo, pode e deve ser expressa.
Essa concepção de disciplina ou limites, no entanto, baseada em um paradigma estímulo resposta, tende a cair em descrédito atualmente, pois as pesquisas têm mostrado a necessidade de levar a criança a compreender a relação entre os limites e os princípios morais.
Essa concepção de disciplina ou limites, no entanto, baseada em um paradigma estímulo resposta, tende a cair em descrédito atualmente, pois as pesquisas têm mostrado a necessidade de levar a criança a compreender a relação entre os limites e os princípios morais.
A crise
na educação das crianças é uma problemática enfrentada pela família e pela
escola na contemporaneidade. A lógica comportamentalista que muito orientou no
trabalho com os limites a partir de punições e reforços, já há tempo revela
sinais de fracasso. Seja o fracasso de adolescentes/jovens/adultos
bem-sucedidos (na lógica de produção), mas que enfrentam sérias dificuldades
interpessoais no que se refere aos limites, seja seu fracasso familiar e também
profissional.
Se
concebermos a Educação Infantil como o espaço de alfabetização interpessoal,
sabemos que é esse espaço fecundo para lançar as bases da cidadania. Assim,
permitir à criança responsabilizar-se pela construção de formas de convivência
com seus colegas é concebê-la como sujeito que pensa, que se afeta pelo outro e
que é capaz de discutir decisões, desenvolvendo o sentido ético de escolher o
melhor para todos quando decide o que é melhor para si.
"Somos as primeiras
gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos
progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado somos os
pais mais dedicados e compreensivos, mas por outro lado, os mais bobos e
inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças
mais"espertas", ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.
Parece que, em
nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo ao
outro. Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais
e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos.
Os últimos que tivemos
medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram
sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é
pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que
nossos filhos nos faltem com o respeito.
E, além disso, os
patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer: os papéis se
inverteram, e agora são os pais quem tem que agradar a seus filhos para
ganhá-los e não o inverso, como no passado.Isto explica o esforço que
fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e "tudo
dar" a seus filhos.
Dizem que os extremos se
atraem. Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a
debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e
perdidos como eles.
Os filhos precisam
perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como
líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter e de guiá-los
enquanto não sabem para onde vão.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.
É assim que
evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no
qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem
destino.
Os limites abrigam o
indivíduo. Com amor ilimitado e profundo “respeito."