O que falta
explicar é por que as experiências sexuais, que, na época em que eram
atuais,
geraram prazer, passam, quando são lembradas numa fase diferente, a gerar
desprazer em
algumas pessoas e, em outras, a persistir como compulsão. No
primeiro caso,
é evidente que elas devem estar liberando, numa época posterior, um
desprazer que
não foi liberado de início. Também precisamos delinear a derivação
das diferentes
épocas, psicológicas e sexuais. Você me explicou estas últimas como
sendo
múltiplos especiais do ciclo feminino de 28 dias. A fim de explicar por que o
resultado [da
experiência sexual prematura] às vezes é a perversão e, às vezes, a
neurose,
valho-me da bissexualidade de todos os seres humanos. Num ser
puramente
masculino, haveria um excesso de liberação masculina também nas duas
barreiras
sexuais – isto é, seria gerado prazer e, em conseqüência, perversão; nos
seres
exclusivamente femininos haveria, nessas ocasiões, um excesso de substâncias
causadoras de
desprazer. Nas primeiras fases, as liberações seriam paralelas, isto é,
produziriam um
excesso normal de prazer. Isso explicaria a preferência das pessoas
verdadeiramente
femininas pelas neuroses de defesa. Desse modo, a natureza
intelectual
dos seres humanos masculinos estaria confirmada com base na teoria que
você propôs. (FREUD, 1896, v.1,
p. 286)