SOCIEDADE
PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL
SPOB
– POLO / RS
CURSO
LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
TURMA:
PORTO ALEGRE VIII
10º
Módulo- Tópicos Especiais em Psicanálise I- As diversidades da
sexualidade
Três ensaios sobre sexualidade- volume VII
A PULSÃO SEXUAL NOS NEURÓTICOS
A PSICANÁLISE –
Uma importante
contribuição para o conhecimento da pulsão sexual em pessoas que ao menos se
aproximam do normal é extraída de uma fonte acessível apenas por determinado
caminho. Existe apenas um meio de obter informações exaustivas e sem erro sobre
a vida sexual dos chamados “psiconeuróticos” ([os que sofrem de] histeria,
neurose obsessiva, da erroneamente chamada neurastenia, e certamente também de dementia
praecox e paranóia): submetê-los à investigação psicanalítica, da qual se
serve o procedimento terapêutico introduzido por Josef Breuer e eu em 1893 e
então chamado de “catártico”.
Devo primeiramente
esclarecer, repetindo o que já disse em outras publicações, que essas
psiconeuroses, até onde chegam minhas experiências, baseiam-se em forças
pulsionais de cunho sexual. Não quero dizer com isso apenas que a energia da
pulsão sexual faz uma contribuição para as forças que sustentam os fenômenos
patológicos (os sintomas), e sim asseverar expressamente que essa contribuição
é a única fonte energética constante da neurose e a mais importante de todas,
de tal sorte que a vida sexual das pessoas em pauta expressa-se de maneira
exclusiva, ou predominante, ou apenas parcial, nesses sintomas. Como exprimi em
outro lugar [1905e, Posfácio, ver em [1]], os sintomas são a atividade
sexual dos doentes. A prova dessa afirmação deriva do número crescente de
psicanálises de histéricos e outros neuróticos que venho realizando há vinte e
cinco anos, e sobre cujos resultados já prestei contas minuciosamente em outras
publicações, como ainda continuarei a fazer.
A psicanálise elimina os
sintomas dos histéricos partindo da premissa de que tais sintomas são um
substituto - uma transcrição, por assim dizer - de uma série de processos,
desejos e aspirações investidos de afeto, aos quais, mediante um processo
psíquico especial (o recalcamento), nega-se a descarga através de uma
atividade psíquica passível de consciência. Assim, essas formações de
pensamento que foram retidas num estado de inconsciência aspiram a uma
expressão apropriada a seu valor afetivo, a uma descarga, e, no caso da
histeria, encontram-na mediante o processo de conversão em fenômenos
somáticos - justamente os sintomas histéricos. Pela retransformação sistemática
(com a ajuda de uma técnica especial) dos sintomas em representações investidas
de afeto já agora conscientizadas, fica-se em condições de averiguar com a
máxima precisão a natureza e a origem dessas formações psíquicas antes
inconscientes.