INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A PULSÃO SEXUAL NOS NEURÓTICOS


SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL

SPOB – POLO / RS
CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
TURMA: PORTO ALEGRE VIII
10º Módulo- Tópicos Especiais em Psicanálise I- As diversidades da sexualidade
Três ensaios sobre sexualidade- volume VII
A PULSÃO SEXUAL NOS NEURÓTICOS
A PSICANÁLISE –

Uma importante contribuição para o conhecimento da pulsão sexual em pessoas que ao menos se aproximam do normal é extraída de uma fonte acessível apenas por determinado caminho. Existe apenas um meio de obter informações exaustivas e sem erro sobre a vida sexual dos chamados “psiconeuróticos” ([os que sofrem de] histeria, neurose obsessiva, da erroneamente chamada neurastenia, e certamente também de dementia praecox e paranóia): submetê-los à investigação psicanalítica, da qual se serve o procedimento terapêutico introduzido por Josef Breuer e eu em 1893 e então chamado de “catártico”.
Devo primeiramente esclarecer, repetindo o que já disse em outras publicações, que essas psiconeuroses, até onde chegam minhas experiências, baseiam-se em forças pulsionais de cunho sexual. Não quero dizer com isso apenas que a energia da pulsão sexual faz uma contribuição para as forças que sustentam os fenômenos patológicos (os sintomas), e sim asseverar expressamente que essa contribuição é a única fonte energética constante da neurose e a mais importante de todas, de tal sorte que a vida sexual das pessoas em pauta expressa-se de maneira exclusiva, ou predominante, ou apenas parcial, nesses sintomas. Como exprimi em outro lugar [1905e, Posfácio, ver em [1]], os sintomas são a atividade sexual dos doentes. A prova dessa afirmação deriva do número crescente de psicanálises de histéricos e outros neuróticos que venho realizando há vinte e cinco anos, e sobre cujos resultados já prestei contas minuciosamente em outras publicações, como ainda continuarei a fazer.
A psicanálise elimina os sintomas dos histéricos partindo da premissa de que tais sintomas são um substituto - uma transcrição, por assim dizer - de uma série de processos, desejos e aspirações investidos de afeto, aos quais, mediante um processo psíquico especial (o recalcamento), nega-se a descarga através de uma atividade psíquica passível de consciência. Assim, essas formações de pensamento que foram retidas num estado de inconsciência aspiram a uma expressão apropriada a seu valor afetivo, a uma descarga, e, no caso da histeria, encontram-na mediante o processo de conversão em fenômenos somáticos - justamente os sintomas histéricos. Pela retransformação sistemática (com a ajuda de uma técnica especial) dos sintomas em representações investidas de afeto já agora conscientizadas, fica-se em condições de averiguar com a máxima precisão a natureza e a origem dessas formações psíquicas antes inconscientes.