SPOB-POLO/RS
Curso Livre de Capacitação em Psicanálise
Curso Livre de Capacitação em Psicanálise
CORPOS MARCADOS! NECESSIDADE DO OLHAR
As fronteiras do corpo na relação com o ambiente, com o outro e com o
social, na contemporaneidade, estão demarcadas pela relação que situa o corpo a
realidade as bordas do “olhar”. O que parece não funcionar de forma natural
precisa ser recortado, necessidade que responde ao que não parece ser
características das sociedades primitivas. Há que considerar que uma imagem, na
medida em que é vital e necessária, mas não dispensável, faz parte do
orgânico. As imagens vão se apoiar
privilegiadamente nos orifícios de nosso corpo, o que se torna curioso é que os
orifícios serão erogenizados, e lá onde aparentemente cumprem uma função de
satisfazer uma necessidade biológica, uma outra função entra em causa, ou seja
a função simbólica exercitada pelos mesmos orifícios.
No cenário social e público, existe
atualmente uma transformação radical no que se refere à aparência dos
adolescentes e jovens, que envolve uma dificuldade, uma dificuldade no
estabelecimento da distinção. Há uma presença que vem dificultar a discrição de
outrora em relação superfície corpórea que se apresenta ante aos olhares, num
espetáculo de formas e cores, a qual está disseminada no espaço social cujo
espetáculo se impõe no aqui e agora da contemporaneidade.
Os adolescentes e jovens adultos de
hoje se caracterizam, entre outras tantas coisas, pelo uso ostensivo de
piercings, incrustados e inscritos, no corpo de maneira eloqüente. Não passam
despercebidos, pois tais adereços corporais irrompem n campo visual provocando
uma experiência de descontinuidade. Mesmo que não tendo o desejo de se ater a
estes adereços, estão expostos das orelhas aos lábios, do nariz ao umbigo
apesar da intenção de não se ater a eles não podem ser deixados de olhar. As
escrituras corpóreas se multiplicam e se diversificam e evidenciam novas
complexidades, requintes nos traços, de modo a transformar as tatuagens em
marcas específicas dos adolescentes e jovens adultos. Dos pés á cabeça, passando
por todas as partes do corpo com a multiplicidade de cores passaram a
constituir outra superfície pictória.
Os piercings e as tatuagens podem ser
vistas como signos da fragilidade da identidade e do desamparo contemporâneo,
marcados pelas patologias do vazio. Por este mio os adolescentes e jovens
adultos buscam uma forma de inserção diante do enfraquecimento das figuras
familiares e das vicissitudes de um mundo pautado pela força de uma sociedade
capitalista, segundo Birman (2003). Diante do apagamento identitário e
massificado da cultura contemporânea, o adolescente impõe sua singularidade de
forma ostensiva. A dificuldade da
palavra para a representação coisa, que é colocada no corpo sob a forma de
assinatura e signos pictório e esculturais.