INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 9 de junho de 2017

O propósito prático da psicanálise

CENTRO PSICANALÍTICO CONTEMPORÂNEO


O propósito prático da psicanálise
             
    "(...) é, na verdade, fortalecer o ego, fazê-lo mais independente do superego, ampliar seu campo de percepção e expandir sua organização, de maneira a poder assenhorear-se de novas partes do id" (Freud, idem).

         
          Para Freud, o principal problema da psique é encontrar maneiras de enfrentar a ansiedade. Esta é provocada por um aumento, esperado ou previsto, da tensão ou desprazer, podendo se desenvolver em qualquer situação (real ou imaginária), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é muito grande para ser ignorada, dominada ou descarregada.
           As situações prototípicas que causam ansiedade, segundo Freud, são as seguintes:
a.    Perda de um objeto desejado. Por exemplo, uma criança privada de um dos pais, de um amigo íntimo ou de um animal de estimação;
b.    Perda de amor. A rejeição ou o fracasso em reconquistar o amor, por exemplo, ou a desaprovação de alguém que lhe importa;
c.    Perda de identidade. É o caso, por exemplo, daquilo que Freud chama de medo de castração, da perda de prestígio, de ser ridicularizado em público;
d.    Perda de auto-estima. Como exemplo a desaprovação do Superego por atos ou traições que resultam em culpa ou ódio em relação a si mesmo.
       A ameaça desses ou de outros eventos causa ansiedade e haveria segundo Freud, dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro modo seria lidando diretamente com a situação. Resolvemos problemas, superamos obstáculos, enfrentamos ou fugimos de ameaças, e chegamos a termo de um problema a fim de minimizar seu impacto. Desta forma, lutamos para eliminar dificuldades e diminuir probabilidades de sua repetição, reduzindo, assim, as perspectivas de ansiedade adicional no futuro.
        A outra forma de defesa contra a ansiedade deforma ou nega a própria situação. O Ego protege a personalidade contra a ameaça, falsificando a natureza desta. Os modos pelos quais se dão as distorções são denominados Mecanismos de Defesa.
A meta fundamental da psique é manter e recuperar, quando perdido, um nível aceitável de equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e minimiza o desprazer. A energia que é usada para acionar o sistema nasce no Id, que é de natureza primitiva, instintiva.
        O Ego, emergindo do Id, existe para lidar realisticamente com as pulsões básicas do Id e também age como mediador entre as forças que operam no Id e no Superego e as exigências da realidade externa. O Superego, emergindo do Ego, atua como um freio moral ou força contrária aos interesses práticos do Ego. Ele fixa uma série de normas que definem e limitam a flexibilidade deste último.   O Id é inteiramente inconsciente, o Ego e o Superego o são em parte.

"Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" (FREUD, 1933).