Fui distinguido com a honra de ser convidado para trocar com V.
idéias acerca de um dos assuntos capitais do nosso saber: a Teoria
Psicanalítica II e, para tentar fazer jus ao destaque, esforcei-me em produzir,
especialmente para a oportunidade, a apostila, que se
propõe introduzir o assunto, pois amontoado de páginas que se compõe não é um
compêndio. O ler compêndios, sim, fará de V. um Psicanalista, enquanto que
o meu trabalho poderá, no máximo, servir
como estimulador à pesquisa, que, na verdade, é a fundamentação de todo o nosso
trabalho.
Os temas, apresentei-os em gotas e as minhas fontes foram as consagradas
pela seriedade técnica com que expõem a nossa arte: Brenner, Bellak, Fenichel,
Laplanche, Dor, Nunberg, Hanly, Etchegoyen, Holzman, Menninger, Sullivan,
Sutherland, Freud e outros, aos quais, ninguém sério pode negar competência.
Cito tantos nomes não para mostrar nem o tamanho, nem a qualidade da minha
biblioteca psicanalítica, mas para sugerir-lhe nomes que hão de ser lidos, para
ir suprindo as necessidades de saber Psicanálise.
Para compor o texto, o que fiz foi apenas uma superposição: tomei o que os
mestres disseram e re-escrevi tudo, algo como uma reciclagem, que se ficou
defeituosa, digo-lhes
que ponham na minha conta, na conta de quem, mesmo tendo chegado onde conseguiu
chegar, não deixa de saber que precisa estudar, e estudar muito,
e que se entusiasma
muito, quando tem de falar sobre Psicanálise.
Terminando, quero deixar-lhe uns versos que falam muito de psicodrama que
é uma sessão psicanalítica. Para lê-los convém retirar todas as conotações
cômicas que o permeiam e atentar para o quanto de dor há numa sessão psicanalítica.
Com uma risada de puro entusiasmo,
Livrei-me do paletó e do colete;
Depois, sem fazer caso do ar gelado,
Joguei de lado a roupa interior.
E assim, nada mais tendo para despir,
Numa ânsia intensa de servir,
Retirei, inteira, a minha pele!
Mas você, que mudo me olhava,
De mais e mais segredos, ainda necessitava!
Foi então, que, num rasgo desesperado,
Cortei os meus ossos em fatias de tutano!
E quando a minha exposição se tornou completa,
Pendia eu qual um esqueleto duma teia de aranha,
Enquanto você se mantinha distante,
Frio, sem ao menos tirar o paletó.
Estes versos foram escritos em 1929 por um certo Tom Prideuax, em New York e retratam, sob
o ponto de vista dele, a postura de seu analista.
De minha parte, não sou bem assim: uso a empatia, e me guardo de usar o
que SF classificou como anti-analítico: a manipulação, a sugestão e a catarse.
Tem dado certo, pois o consultório tem prosperado e me sinto cada vez mais
satisfeito em
ser Psicanalista-clínico. Na verdade a parte que mais me
entusiasma é o fato de ser clínico.
Neste ponto, terminando mesmo, quero dizer que não é só aqui que estarei
disponível, assim será também em minha casa e no meu consultório: conte comigo
para servir e para trocar experiências, ou então escreva, telefone, o
importante é que V. se comunique comigo.