Segundo Freud, o
processo de pensamento é a ativação ou inibição dos complexos de sensações
associadas que tornam possível o fenômeno representacional psíquico, o que se
dá através da energia que flui no sistema nervoso pelos sistemas de neurônios.
Podemos distinguir, neste processamento, um primário e um secundário.
Processo Primário
Associado ao
inconsciente, o processamento primário do pensamento é aquele que dirige ações
imediatas ou reflexas, sendo associado, assim, ao prazer, ao emocional do
indivíduo e ao fenômeno de arco reflexo. Nele, a energia presente no
aparelho mental flui livremente pelas representações, do pólo do estímulo ao da
resposta.
Processo Secundário
O processo de
pensamento secundário, por outro lado, está associado ao pré-consciente, também
chamado de "ação interiorizada" ou, ainda, de "processo racional
do pensamento". Nele, o escoamento de energia mental fica retido, só
acontecendo após uma série de associações, as quais refletem no aparelho
psíquico. As ações decorrentes dessa forma de processamento devem ser tomadas
com base no mundo externo, no contexto em que a pessoa se encontra e em seus
objetivos. Assim, ao contrário da energia do processo primário, que é livre, a
energia do secundário é condicional.
LINGUAGEM E PENSAMENTO
Em diversas obras,
como "A Interpretação
dos Sonhos", "A Psicopatologia da Vida Cotidiana" e
"Os Chistes e suas Relações com o Inconsciente", Freud não só
desenvolve sua teoria sobre o inconsciente da mente humana, como articula o
conteúdo do inconsciente ao ato da fala, especialmente aos atos falhos.
Para Freud, a consciência humana subdivide-se em três níveis, Consciente,
Pré-Consciente e Inconsciente – o primeiro contém o material
perceptível; o segundo o material latente, mas passível de emergir à
consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o material de difícil
acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente do homem, que está ligado aos
instintos primitivos do homem.
Os níveis de consciência estão distribuídos entre as três
entidades que formam a mente humana, ou seja, o Id,
o Ego e o Superego.
Segundo Freud, o
conteúdo do inconsciente é, muitas vezes, reprimido pelo Ego. Para driblar a
repressão, as idéias inconscientes apelam aos mecanismos definidos por Freud em
sua obra “A Interpretação dos Sonhos”, como deslocamento e condensação. Estes
dois, mais tarde, seriam relacionados por Jacobson à metonímia e metáfora,
respectivamente.
Portanto, as
representações de idéias inconscientes manifestam-se nos sonhos como símbolos
imagéticos, tanto metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito à fala,
o inconsciente consegue expelir idéias recalcadas através dos chistes ou atos falhos. Freud propõe que as piadas ou as
“trocas de palavras por acidente” nem sempre são inócuas. Antes, são mecanismos
da fala que articulam idéias aparentes com idéias reprimidas, são meios pelos
quais é possível exprimir os instintos primitivos.
Semelhante à análise
dos sonhos, a análise da fala seria um caminho psicanalítico para investigar os
desejos ocultos do homem e as causas das psicopatologias.
“É na palavra e pela
palavra que o inconsciente encontra sua articulação essencial.”
Deste modo, Freud
cria uma interrelação entre os campos da linguística e da psicanálise, as quais
serão retomadas por estudiosos posteriores, como Jacques-Marie Émile
Lacan.
INOVAÇÕES DE FREUD
Freud inovou em dois
campos. Simultaneamente, desenvolveu uma teoria da mente e da conduta humana, e
uma técnica terapêutica para ajudar pessoas afetadas psiquicamente. Alguns de
seus seguidores afirmam estar influenciados por um, mas não pelo outro campo.
Provavelmente a
contribuição mais significativa que Freud fez ao pensamento moderno é a de
tentar dar ao conceito de inconsciente um
status científico (não
compartilhado por várias áreas da ciência e
da psicologia). Seus conceitos de inconsciente,
desejos inconscientes e repressão foram revolucionários; propõem uma
mente dividida em camadas ou níveis, dominada em certa medida por vontades
primitivas que estão escondidas sob a consciência e que se manifestam nos
lapsos e nos sonhos.
Em sua obra mais
conhecida, A Interpretação dos
Sonhos, Freud explica o argumento para postular o novo modelo do
inconsciente e desenvolve um método para conseguir o acesso ao mesmo, tomando
elementos de suas experiências prévias com as técnicas de hipnose.
Como parte de sua
teoria, Freud postula também a existência de um pré-consciente, que descreve como a camada entre
o consciente e
o inconsciente (o termo subconsciente é
utilizado popularmente, mas não é parte da terminologia psicanalítica). A
repressão em si tem grande importância no conhecimento do inconsciente. De
acordo com Freud, as pessoas experimentam repetidamente pensamentos e
sentimentos que são tão dolorosos que não podem suportá-los. Tais pensamentos e
sentimentos (assim como as recordações associadas a eles) não podem ser
expulsos da mente, mas, em troca, são expulsos do consciente para formar parte
do inconsciente.
Embora ao longo de
sua carreira Freud tenha tentado encontrar padrões de repressão entre seus
pacientes que derivassem em um modelo geral para a mente, ele observou que
pacientes diferentes reprimiam fatos diferentes. Observou ainda que o processo
da repressão é em si mesmo um ato não-consciente (isto é, não ocorreria através
da intenção dos pensamentos ou sentimentos conscientes). Em outras palavras, o
inconsciente era tanto causa como efeito da repressão.