CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
SOPB-POLO/RS
Antes de tudo Freud era um estudioso primeiramente
curioso; e, em segundo lugar, um observador muito perspicaz. Seus primeiros
pacientes "mostraram" a Freud que possuíam perturbações na vida
sexual. Foi a partir desses dados que começou a desenvolver uma teoria de que a
função sexual existia, desde o começo da vida. Ficava difícil compreender como
alguma coisa pudesse surgir, nascer no ser humano a partir de uma determinada
idade, como se algo descesse lá do céu. A gente pode explicar, por exemplo, que
uma perna ou um dedo existem, mesmo que de forma rudimentar, desde o embrião.
Então a gente podia supor que as várias funções, sejam digestivas, renais,
mentais ou sexuais também tivessem um principio e, depois, toda uma
continuidade de desenvolvimento até chegar na "função sexual do
adulto".
O mérito de Freud nesta questão, foi o de diminuir aqueles limites tão
nítidos que existiam entre o que se considerava "normal e anormal".
Ele viu que esses limites não eram tão nítidos, havia um interposição. A função
sexual normal, na sua concepção, passou a ter um conceito mais amplo, tanto no
sentido do normal para anormal, quanto no de adulto para criança.
Agora é preciso diferenciar o sexual do genital. O adulto, por exemplo,
exerce funções sexuais num nível genital - que é a realização do ato sexual -
quando ele o faz em busca do prazer, olhando sob o prisma biológico (embora a
religião tenha colocado esse ato sexual sob a condição da reprodução). Freud
descobriu, e teorizou, que a sexualidade se manifestava de várias maneiras, e
não só através o genital. Quer dizer, na criança tudo aquilo que ela
considerasse prazeiroso passava a ser considerado como sexual. Neste caso
estaria o prazer que a criança sente ao ser amamentada, tanto pelo contato
físico com a mãe, como na alimentação em si, satisfazendo a fome.
De uma forma esquemática - mas pouco esclarecedora em meu modo de ver - nós
poderíamos dizer, que, a partir da teoria de Freud, a primeira e principal
satisfação de uma pessoa vinha através da amamentação materna. Na medida em que
a pessoa vai crescendo, essa necessidade ligada à boca passava para as
necessidades excretoras, especialmente com a evacuação. Ou seja, a sexualidade
ligada a outro ponto do corpo. Depois é que começaria a haver um predomínio
ligado ao genital.
É importante notar que todas essas manifestações predominam durante
determinada época da vida, mas não desaparecem depois de diminuir.
A fase oral persiste no adulto em menor grau e só gera preocupação se as
suas manifestações predominarem sobre a genitalidade.
Logo no início dessa teorização, Freud acreditava que a nãos satisfação
normal dessa atividades sexuais na criança é que, provocavam as perturbações
mentais no adulto. Depois, ele chegou a ampliar um pouco o conceito de
sexualidade ao afirmar que essas manifestações sexuais nada mais eram do que
"manifestações de vida". Mas parece que as pessoas não compreenderam
muito isso, começaram a achar que crianças queriam ter relações sexuais desde
bebê etc. E essa coisa são todas teorias.