INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Teoria psicanalítica - Jacques Lacan

CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL
Grupo VIII-POA- Se realizara nos dias 22 e 23 de Julho
Teoria psicanalítica - Jacques Lacan
INTRODUÇÃO                                                  

                      Freud foi o inventor da psicanálise, tendo sido consagrado no século XX. Na França aos menos, o século o XXI inicia com a celebração de Jacques Lacan como rei-re-inventor do divã.  Teatral e grandiloqüente, este teórico soube como poucos dominar e desarmar platéias com fórmulas desconcertantes – "A mulher não existe" ou "O amor é dar o que não se tem a alguém que não o quer", por exemplo – e, desta forma, consolidar um dos “pensamentos” mais influentes do pensamento francês.
            A Psicanálise Lacaniana é uma escola, pois se constitui como um sistema de pensamento, a partir de um mestre que modificou inteiramente a doutrina e a clínica freudianas. Cria novos conceitos, e inventa uma técnica original de análise da qual decorreu um tipo de formação didática diferente daquela preconizada pelo freudismo clássico.  Lacan, com efeito, foi o único dos grandes intérpretes da doutrina freudiana a efetuar sua leitura não para “ultrapassá-la” ou “conservá-la”, mas com o objetivo confesso de “retornar literalmente aos textos de Freud”.  Por ter surgido desse retorno, o lacanismo é uma espécie de revolução às avessas, não um progresso em relação a um texto original, mas uma “substituição ortodoxa” deste texto.
             Freud utilizou conhecimentos da física e da biologia na construção de sua teoria, enquanto Lacan utilizou a lingüística, a lógica matemática e a topologia. Este autor mostrou que o inconsciente se estrutura como uma “linguagem”. A verdade sempre teve a mesma estrutura de uma ficção, em que aquilo que aparece sob a forma de sonho ou devaneio é, por vezes, a verdade oculta sobre cuja repressão está a realidade social.
             Lacan considerava que o desejo de um sonho, não é desculpar o sonhador, mas o grande “Outro” do sonhador. O desejo é o desejo do “Outro”, e a realidade é apenas para aqueles que não podem suportar o sonho. O autor conduziu avidamente seus estudos de lógica e de topologia matemática que o levaram à formulação dos “matemas” e “nós barromeanos” e à doutrina do “real, simbólico e imaginário”.
             Lacan preferia a não interferência no discurso do paciente, ou seja, deixava fluir a conversa para que o próprio analisando descobrisse as suas questões, pois o risco da interpretação, para ele, é o analista passar os seus significantes para o paciente.
             O pensamento de Lacan tem como principal característica ter introduzido no pensamento de Freud, inicialmente pela fenomenologia, todo o sistema da filosofia alemã de Hegel, Husserl e Heidegger, e principalmente a teoria do sujeito que não existe em Freud. Introduz a psicanálise no campo da filosofia.
            Ele pensa a psicanálise num vasto campo de interrogações, combinando filosofia heideggeriana com a lingüística de Saussure e o estruturalismo de Lévi-Strauss, retirando a concepção do significante, do inconsciente estruturado como linguagem. Isso pó levou a ocupar um lugar importante na psicanálise e no campo intelectual. O seu grande valor foi ter feito um retorno a Freud.
            Lacan e Melanie Klein têm em comum a extensão da clínica da neurose para a clínica das psicoses, e também ter aprofundado a questão da relação arcaica da mãe com o bebê. Essa aproximação é percebida em seu escrito “a família” (1938).  Ele integra a tese kleiniana, em particular no conceito de posição paranóide, atribuindo à transferência um papel primordial. Porém não aboliu a questão do lugar do pai, a ponto de localizar na falha simbólica deste, a própria origem da psicose.