O SER, PSICANALISTA
Psicanalista para
ser bom precisa ser psiquiatra ou psicólogo. Mito ou verdade?
Seguidamente me
deparo com possíveis pacientes curiosos sobre minha formação. Perguntam se
cursei Psicologia ou Psiquiatria. Quando informo que sou Jornalista, alguns
chegam a desistir do tratamento. Acredito que devam desconfiar da eficácia de
uma análise realizada por uma jornalista, que por 26 anos atuou como repórter e
apresentadora. Minha formação em Psicanálise, que teve duração de dois anos e
meio, um estágio com atendimento ao que chamamos de paciente-piloto com
supervisão realizada por psicanalistas, não chama a atenção de alguns. Poucos
sabem que a formação psicanalítica não é feita em cursos regulares dentro de
universidades ou restrita a psiquiatras ou psicólogos.
Em busca de
informação para repassar para o conhecimento de todos, encontrei artigo de
colega psicanalista que traz pontos significativos para quem ainda tem dúvidas
sobre a formação de psicanalistas. O artigo, do qual reproduzo a seguir parte
pertinente a esta questão, também informa sobre a atuação do profissional,
que está regulamentada conforme as leis brasileiras.
Desejo a todos uma boa leitura do que segue,
preparado com riqueza de detalhes pelo meu duplo colega Dr. Manoel Dias de
Oliveira, psicanalista, jornalista, escritor, doutor em
Saúde Mental, Ph. D. Em Filosofia, diplomata, membro da Missão Diplomática
Americana de Relações Internacionais, Diretor da FAMET e presidente da
Sociedade Psicanalítica Sul Americana.
“Considero ser
oportuno lembrar aqui que Freud, o criador e pai da Psicanálise, era médico,
mas ele não condicionou a Psicanálise somente privativa de médicos ou de
psicólogos. Se tivesse que ser assim, Anna Freud não teria sido aceita como
membro da Sociedade Psicanalítica de Viena em 1922, e eleita diretora do
Instituto Psicanalítica daquela Sociedade em 1925. Anna Freud não era médica
nem psicóloga. Em 1927, Melanie Klein foi aceita como membro da Sociedade
Britânica de Psicanálise. Melanie Klein não era médica nem psicóloga. Contudo,
Anna Freud e Melanie Klein se tornaram figuras expoentes da Psicanálise em
razão de suas teorias e estudos na área de Psicanálise Infantil, cujos estudos
e teorias constituem importantíssimas referencias até hoje. Portanto, a
Psicanálise nasceu para ser uma profissão livre e laica, e não para ser feudo
ou monopólio de ninguém nem de conselho algum. E, se algum dia isso vier
acontecer, a partir daí a Psicanálise poderá ser qualquer coisa, menos
Psicanálise.
A atividade
psicanalítica é independente de cursos regulares acadêmicos, sendo os seus
profissionais formados pelas sociedades psicanalíticas e analistas didatas.
Apesar de manter interfaces com várias profissões pela utilização de
conhecimento científico e filosófico comuns a diversas áreas do conhecimento,
não se limita a especialidades de nenhum delas, constituindo-se em uma
atividade autônoma e independente.
De acordo com o
CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) número: 2515-50 do MINISTÉRIO DO
TRABALHO E EMPREGO, é da competência do profissional Psicanalista:
• Avaliar comportamentos individual, grupal
e instrumental.
Triar casos,
entrevistar pessoas, levantar dados pertinentes, observar pessoas e situações e
problemas, escolher o instrumento de avaliação, aplicar instrumento de
avaliação, sistematizar informações, elaborar diagnósticos, elaborar pareceres,
laudos e perícias, responder a quesitos técnicos judiciais, devolver resultados
(devolutiva).
•Analisar, tratar indivíduos, grupos e
instituições.
Propiciar espaço
para acolhimento de vivências emocionais, oferecer suporte emocional, tornar
consciente e inconsciente, propiciar a criação de vínculos paciente-terapeuta,
interpretar conflitos e questões, promover o desenvolvimento das relações
interpessoais, promover desenvolvimento da percepção interna, mediar grupos,
família e instituições para solução de conflitos, dar aula.
• Orientar indivíduos, grupos e
instituições.
Propor
alternativas para solução de problemas, informar sobre o desenvolvimento do
psiquismo humano, aconselhar pessoas, grupos e famílias, orientar grupos
profissionais, orientar grupos específicos (pais, adolescentes, etc.,
assessorar instituições).
• Acompanhar indivíduos, grupos e
instituições.
Acompanhar
impactos em intervenções, acompanhar o desenvolvimento e a evolução do caso,
acompanhar o desenvolvimento de profissionais sem formação e especialização
acompanhar resultados de projetos, particular de audiências.
• Educar indivíduos, grupos e instituições.
Estudar caso em
grupo, apresentarem estudos de caso, ministrar aulas, supervisionar
profissionais da área e de áreas afins, realizar trabalhar para desenvolvimento
de competência e habilidades profissionais, formar psicanalistas, desenvolver
cursos para grupos específicos, confeccionar manual educativo, desenvolvimento
de aspectos cognitivos, acompanhar resultados de curas, treinamento.
• Desenvolver pesquisas experimentais,
teóricos e clínicas.
Investigar o
psiquismo humano, investigar o comportamento individual e grupal e
institucional, definir o problema e objetivos, pesquisar bibliografias, definir
metodologia de ação, estabelecer parâmetros de pesquisas, construir
instrumentos de pesquisas, coletar dados, organizar dados, copiar dados, fazer
leitura de dados, integrar produtos de estudos de caso.
• Coordenar equipes de atividade de áreas
afins.
Planejar as
atividades da equipe, programar atividades gerais, programar atividades da
equipe, distribuir tarefas a equipe, trabalhar a dinâmica da equipe, monitorar
atividades das equipes, preparar reuniões, coordenar reuniões, coordenar grupos
de estudos, organizar eventos, avaliar propostas e projetos, avaliar e executar
as ações.
• Participar de atividades para consenso e
divulgação profissional.
Participar de
palestras, debates, entrevistas, seminários, simpósio, participar de reuniões
científicas (Congressos, etc.), publicar artigos, ensaios de livros
científicos, participar de comissões técnicas, participar de conselhos
municipais, estaduais e federais, participar de entidades de classe, participar
de evento junto aos meios de comunicação, divulgar práticas do psicólogo e do
psicanalista, fornecer subsídios às estratégicas organizacionais, fornecer
subsídios à formação de políticas organizacionais, buscar parceiras, ética e
organizacional.
• Realizar tarefas administrativas
Redigir
pareceres, redigir relatório, agenciar atendimentos, receber pessoas, organizar
prontuários, criar cadastros, redigir ofícios, memorandos e despachos, compor
reuniões administrativas técnicas, fazer levantamento estático, comprar
material técnico, prestar contas.
•Demonstrar competências pessoais
Manter sigilo,
cultivar a ética, demonstrar ciência sobre o código de ética profissional,
demonstrar ciência sobre a legislação pertinente, demonstrar bom senso,
respeitar os limites de atuação, demonstrar continência (acolhedor), demonstrar
interesse pela pessoa, ser humano, ouvir ativamente (saber ouvir), manter
atualizado contornar situações adversas, respeitar valores e crenças dos
clientes, demonstrar capacidade de observação, demonstrar habilidade de questionar,
amar a verdade, demonstrar autonomia de pensamento, demonstrar espírito
crítico, respeitar os limites do cliente e tomar decisões em situação de
pressão.
Descrição Sumária
Estudam,
pesquisam e avaliam o desenvolvimento emocional e os processos mentais e
sociais de indivíduos, grupos e instituições, com a finalidade de análise,
tratamento, orientação e educação; diagnosticam e avaliam os distúrbios
emocionais e mentais e de adaptação social elucidando conflitos e questões e
acompanhamento o paciente durante o processo de tratamento ou cura; investigam
os fatores inconscientes; desenvolvem pesquisas experimentais, teóricas e
clínicas que coordenam equipes e atividades de áreas afins.”
Ieda
Risco, psicanalista formada pelo Centro Psicanalítico Contemporâneo (Reg.
Prof. 17105/P -RS)e jornalista formada pela PUC-RS (MTb 7917)