INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 CENTRO PSICANALÍTICO CONTEMPORÂNEO



A Psicanálise foi definida por Freud em 1923 como:


1. Um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo,
2. um método (baseado nessa investigação) para tratamento de distúrbios neuróticos e,
3. uma coleção de investigações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumula numa nova disciplina científica (Dois verbetes de enciclopédia).

A exigência de cientificidade também alcança a Psicanálise. Contudo, ela possui características singulares na constituição de suas hipóteses teóricas. Prof. Freud a define como método investigativo e para tal temos um enquadre: sessões semanais; tempo das sessões; pagamento; transferência analisada na relação com o analista; abstinência do analista em julgamento e interferência na vida do analisando. De forma geral os psicanalistas seguem estes preceitos para o seu ofício.
Esse enquadre que possibilita a investigação e é intrínseco à Psicanálise é objeto de críticas ao seu corpo teórico porque implica em contato direto com o seu objeto , o inconsciente. O setting analítico engendra o próprio saber. A transposição do conhecimento oriundo da clínica para o social sempre foi questionada, considerando-se que o social é atravessado por muitos outros fatores o que é verdade, também se questiona a interferência da subjetividade do analista nas proposições construídas. É uma discussão infrutífera. Os adeptos da cientificidade têm a seu favor toda a metodologia e validação do discurso das ciências experimentais. E nós o inconsciente com suas produções...
Caminhando alguns passos com Castoriadis (1987, p. 138), temos uma responsabilidade que não podemos ignorar: é o pensar e o fazer num mundo obscuro. Tendo de lado a matéria psíquica e do outro, exigência de pensar e fazer, sem poder nos justificar com "um nada a fazer ou nada a pensar sobre isto", para não correr o risco de sermos chamados de charlatões. É um momento presente que não há mestre, mas dominantes, exploradores e manipuladores. O discurso sobre a fala dos mestres pertence aos peões.
Nos afastemos desses impasses e retomemos a nossa primeira questão, reconhecendo que a insegurança da prática no social marcada pela matemática e lógica pode nos levar a sermos dogmáticos e burocratas. Não acreditamos que este seja o nosso destino... Popper, citado por Kaufmann (1993), nos diz que se o critério de verdade, no sentido lógico, não pode ser usado, então se deve usar um critério de demarcação. Dessa forma ficamos analisando que, talvez, devêssemos repensar o enquadre e tentar transpô-lo para outras situações onde o "psicanalista sem divã" se encontre. De outro jeito, caímos num lugar de realizar um ofício que a priori não é possível porque falta aquilo que o constitui.
No corpo teórico da psicanálise temos conceitos como: castração, limite, falta, feminilidade, passividade, impotência. Eles se articulam de muitas maneiras nos inúmeros quadros que se apresentam, sempre denunciando a dificuldade de lidar com o não, com a incompletude, com a dependência, com o desejo; com a realidade... Não é nosso objetivo neles nos determos, vamos citá-los para articulá-los posteriormente com outras idéias. É óbvio para nós que são temas que vai de encontro à sociedade do impossível ser possível. É um mundo onde o fim do impossível de ontem parece implicar no cumprimento de todo possível.
Esta situação torna os sujeitos, instituições e comunidades dependentes dos experts que trarão as sábias respostas científicas, mesmo que de efêmera duração. Porque esta é a característica do saber produzido, ser questionado, re-experimentado, renovado.
Se fora do setting não podemos contar com:
 1. uma situação de neutralidade analítica ideal; 
2. o uso da transferência como ferramenta fundamental ao nosso trabalho; 
3. dias e horários da sessão definidos, temos de criar um novo aparato que nos permita atuar no social. A palavra é nossa arma mesmo que desvalorizada. 
Se as instituições, comunidades e qualquer outra realidade conseguirem espaço para se pronunciarem , isto nós podemos conceder , vão se deparar com o não saber, a impotência, submissão e servidão a um saber estabelecido, limites de seu cotidiano... e principalmente com o desamparo de não ter um sábia resposta, o vácuo se instala ... Esta situação a Psicanálise pode provocar através do ofício de seus artífices. Porque neste encontro com seus limites, algo começará a ser criado, construído... margeando os parâmetros atuais de exigências de cientificidades. Talvez... Mas o lugar de margear discursos estabelecidos sempre foi nossa sina... e continuaremos a construir "apesar de"...
Lidando com a angústia do impasse de saber que nenhum de nós pode ser neutro e/ou isento das influências das tribos que nos rodeiam e das que fazemos parte...
Continuaremos no meio do ruído ensurdecedor das soluções corretas e científicas, o silêncio do "não saber" abre espaço para escutar , não ouvir , o diferente, o novo, deixando espaço para possíveis construções... Descobrindo e re-descobrindo a cada dia e momento pequenas veredas no emaranhado de caminhos e guias turísticos desse nosso mundo novo.
"Ao que não podemos chegar voando, temos de chegar manquejando"

(Freud, S. Além do Princípio do Prazer, 1920).

terça-feira, 8 de setembro de 2020


CENTRO PSICANALÍTICO CONTEMPORÂNEO


A Psicanálise foi definida por Freud em 1923 como:


1. Um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo,
2. um método (baseado nessa investigação) para tratamento de distúrbios neuróticos e,
3. uma coleção de investigações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumula numa nova disciplina científica (Dois verbetes de enciclopédia).

A exigência de cientificidade também alcança a Psicanálise. Contudo, ela possui características singulares na constituição de suas hipóteses teóricas. Prof. Freud a define como método investigativo e para tal temos um enquadre: sessões semanais; tempo das sessões; pagamento; transferência analisada na relação com o analista; abstinência do analista em julgamento e interferência na vida do analisando. De forma geral os psicanalistas seguem estes preceitos para o seu ofício.
Esse enquadre que possibilita a investigação e é intrínseco à Psicanálise é objeto de críticas ao seu corpo teórico porque implica em contato direto com o seu objeto , o inconsciente. O setting analítico engendra o próprio saber. A transposição do conhecimento oriundo da clínica para o social sempre foi questionada, considerando-se que o social é atravessado por muitos outros fatores o que é verdade, também se questiona a interferência da subjetividade do analista nas proposições construídas. É uma discussão infrutífera. Os adeptos da cientificidade têm a seu favor toda a metodologia e validação do discurso das ciências experimentais. E nós o inconsciente com suas produções...
Caminhando alguns passos com Castoriadis (1987, p. 138), temos uma responsabilidade que não podemos ignorar: é o pensar e o fazer num mundo obscuro. Tendo de lado a matéria psíquica e do outro, exigência de pensar e fazer, sem poder nos justificar com "um nada a fazer ou nada a pensar sobre isto", para não correr o risco de sermos chamados de charlatões. É um momento presente que não há mestre, mas dominantes, exploradores e manipuladores. O discurso sobre a fala dos mestres pertence aos peões.
Nos afastemos desses impasses e retomemos a nossa primeira questão, reconhecendo que a insegurança da prática no social marcada pela matemática e lógica pode nos levar a sermos dogmáticos e burocratas. Não acreditamos que este seja o nosso destino... Popper, citado por Kaufmann (1993), nos diz que se o critério de verdade, no sentido lógico, não pode ser usado, então se deve usar um critério de demarcação. Dessa forma ficamos analisando que, talvez, devêssemos repensar o enquadre e tentar transpô-lo para outras situações onde o "psicanalista sem divã" se encontre. De outro jeito, caímos num lugar de realizar um ofício que a priori não é possível porque falta aquilo que o constitui.
No corpo teórico da psicanálise temos conceitos como: castração, limite, falta, feminilidade, passividade, impotência. Eles se articulam de muitas maneiras nos inúmeros quadros que se apresentam, sempre denunciando a dificuldade de lidar com o não, com a incompletude, com a dependência, com o desejo; com a realidade... Não é nosso objetivo neles nos determos, vamos citá-los para articulá-los posteriormente com outras idéias. É óbvio para nós que são temas que vai de encontro à sociedade do impossível ser possível. É um mundo onde o fim do impossível de ontem parece implicar no cumprimento de todo possível.
Esta situação torna os sujeitos, instituições e comunidades dependentes dos experts que trarão as sábias respostas científicas, mesmo que de efêmera duração. Porque esta é a característica do saber produzido, ser questionado, re-experimentado, renovado.
Se fora do setting não podemos contar com:
 1. uma situação de neutralidade analítica ideal; 
2. o uso da transferência como ferramenta fundamental ao nosso trabalho; 
3. dias e horários da sessão definidos, temos de criar um novo aparato que nos permita atuar no social. A palavra é nossa arma mesmo que desvalorizada. 
Se as instituições, comunidades e qualquer outra realidade conseguirem espaço para se pronunciarem , isto nós podemos conceder , vão se deparar com o não saber, a impotência, submissão e servidão a um saber estabelecido, limites de seu cotidiano... e principalmente com o desamparo de não ter um sábia resposta, o vácuo se instala ... Esta situação a Psicanálise pode provocar através do ofício de seus artífices. Porque neste encontro com seus limites, algo começará a ser criado, construído... margeando os parâmetros atuais de exigências de cientificidades. Talvez... Mas o lugar de margear discursos estabelecidos sempre foi nossa sina... e continuaremos a construir "apesar de"...
Lidando com a angústia do impasse de saber que nenhum de nós pode ser neutro e/ou isento das influências das tribos que nos rodeiam e das que fazemos parte...
Continuaremos no meio do ruído ensurdecedor das soluções corretas e científicas, o silêncio do "não saber" abre espaço para escutar , não ouvir , o diferente, o novo, deixando espaço para possíveis construções... Descobrindo e re-descobrindo a cada dia e momento pequenas veredas no emaranhado de caminhos e guias turísticos desse nosso mundo novo.
"Ao que não podemos chegar voando, temos de chegar manquejando"

(Freud, S. Além do Princípio do Prazer, 1920).

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

 


CENTRO PSICANALÍTICO CONTEMPORÂNEO

CNPJ n° 27.861.946/0001-07 – Insc. PM. 604.334.2.6

Rua Profº . Annes Dias, 166/103 -  Centro – Porto Alegre-CEP: 90020-090 -  RS - 

CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

TURMA IV PORTO ALEGRE

 

O curso Livre de formação em Psicanálise aplica-se a todas as áreas da Vida Humana. Pode ser utilizada para todas as vertentes da Ciência Humana - através do conhecimento das causas que angustiam e origem dos comportamentos e inquietações. É a ciência e arte de entender a si e o outro, buscando proporcionar o equilíbrio mental para melhor desempenho das atividades pessoais e profissionais.

O Curso se baseia nos ensinamentos de Sigmund Freud e apreciação das vertentes:

Melaine Klein, Jacques Lacan, Donald W. Winnicott, Wilfred Ruprecht Bion e os outros psicanalistas contemporâneos.

A todos os profissionais com curso superior  ou em fase de conclusão, em qualquer área do conhecimento.

·        29 módulos presenciais uma vez ao mês num final de semana.

·         Resenhas mensais e monografia de formação.

·         2.128 horas total.      

·         Apostilas atualizadas com visão da psicanálise contemporânea.

·         Corpo docente de vários estados do país.

·         Certificado pelo Centro Psicanalítico Contemporâneo.

Local: End. Rua Profº Annes Dias,166/103

Início: Previsão de inicio, Setembro de 2020, será realizado um fim de semana mensal,  sexta com inicio as 18hs , sábado com inicio as 8.30 min.

Porto Alegre – RS - Com Castilho Sanhudo.

End. Rua Profº Annes Dias,166/103 - fones (51) 84497408

WhatsApp- 99860-8057-

 e-mail- cpcontemporaneo@gmai= castilhoss28@gmail.com 

Vejam mais: https://www.psicanalisers.com/ -  

quinta-feira, 23 de julho de 2020


CENTRO PSICANALÍTICO CONTEMPORÂNEO
CURSO LIVRE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

INSCRIÇÕES ABERTA - 
INCIO PREVISTO PARA  MAIO -2021

ADMISSÃO PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM PSICANÁLISE

A profissão de psicanalista é livre no Brasil, não regulamentada, mas reconhecida como profissão.
– Psicanalista – Analista (psicanálise), não existindo nenhuma Lei que proíba a existência de cursos de Psicanálise e muito menos que impeça o exercício da profissão, sendo amparado pelo Artigo 5º da Constituição Federal, nos incisos II e XIII, e classificado na CBO, nº 2515-50 do Ministério do Trabalho.
QUEM PODE FAZER O CURSO?
Poderão participar do curso livre  Psicanálise, candidatos que possuam Curso Superior completo ou em fase de conclusão, de qualquer graduação.
A PROFISSÃO:
A profissão de Psicanalista é classificada na CBO ( Classificação Brasileira de Ocupações), portaria nº397/TEM, de 09.10.2002 sob o nº 2515-50, podendo ser exercida em todo Território Nacional, em Consultórios, Colégios, Clínicas e Instituições que atuem na área da Saúde Mental e no tratamento das Psiconeuroses.
OBJETIVO GERAL DO CURSO:
Promover estudos de formação em Psicanálise e ciências afins, bem como capacitar novos psicanalistas em todo Território Nacional para o exercício da profissão de acordo com as disposições legais atuais. Proporcionar a capacitação do profissional Psicanalista nos postulados das doutrinas Freudianas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO CURSO:
Ao concluir o processo de capacitação, o profissional deverá estar apto para:
• Identificar os princípios teóricos e práticos da Psicanálise;
• Diferenciar os vários conceitos das correntes psicanalíticas;
• Conhecer os fundamentos epistemológicos das principais escolas psicanalíticas pesquisadas e estudadas no processo de capacitação;
• Desenvolver com ética e competência a capacitação analítica.
• Conhecer e promover Políticas de Saúde Mental que estejam relacionadas ao campo do saber analítico.
METODOLOGIA DO CURSO:
Teórica, Prática (Estágio e Paciente Piloto), Análise didática pessoal, Supervisão e Monografia.
Público Alvo:
O curso é aberto a profissionais com formação universitária. Poderão ingressar no curso as pessoas que estejam cursando graduação, sendo necessário apresentar uma declaração da universidade. Aos portadores de curso superior, deverão apresentar cópia do diploma de graduação ou declaração de conclusão de curso. O candidato que apresentar declaração de conclusão de curso deve apresentar seu diploma de graduação até a conclusão do curso de Psicanálise.
REALIZADO EM 28 (vinte e oito) MÓDULOS
Curso Hibrico 
 PRESENCIAL, Um sabado ao ao mes-  – das 8h00 às 16h00
ONLINE,  nas quatas feira  as 20hs- 21h .
SENDO UM FINAL DE SEMANA POR MÊS. (Com datas pré-agendadas).
 NA PLANILHA DE AULA que será entregue junto ao manual do aluno no primeiro encontro.

domingo, 19 de abril de 2020

 

Fazer ou não fazer análise?

Eis a questão!

 

A Psicanálise não exige publicidade. É uma prática que deve ser feita sem alarde, com discrição e elegância necessárias ao bom desempenho da função. É um serviço prestado a partir de uma contratação verbal, firmada em uma relação de mútua de confiança. E num tempo em que o mundo parece estar virando de pernas para o ar confiar é muito mais do que acreditar no outro: e ser honesto consigo mesmo e não temer o que virá pela frente. Afinal, fazer análise é um ato de compromisso pessoal, uma atitude madura e sensata de quem quer encontrar seu verdadeiro Eu.

Sobre este ponto já foram erguidos muitos tratados e não é nossa intenção trazê-los à tona aqui. Basta dizer que muitas vezes nos surpreendemos com quem somos verdadeiramente, acima das máscaras da Persona, da Sombra, dos complexos e da imensa estrutura do Ego, com seus mecanismos de defesa e seus desejos. Aqueles pacientes perseverantes conseguem se desnudar o suficiente para enxergar tudo isso e ver quem realmente são enquanto outros não ousam chegar a tal ponto. Enfim, cada qual tem a sua formação e percepção sobre as demandas intimistas e sabe a hora de bater à porta do consultório.

Vencidas estas barreiras ainda restam algumas dúvidas sobre dar ou não dar este passo. Escolher um analista é uma tarefa preocupante para quem quer fazer terapia. As perguntas mais frequentes que passam pela cabeça do candidato a deitar no divã são as mais variadas possíveis: “E se eu não me agradar do analista depois de começar o tratamento?” ou “Como vou confiar meus segredos a uma pessoa que não conheço?” ou mesmo “Para que vou vasculhar o passado se não posso mudar nada do que aconteceu?” Talvez não tenha argumentos para convencer o leitor da importância da terapia até que cada um compreenda por si mesmo as coisas que mudaram em razão da análise. Pode ser que nem tudo seja resolvido na beira do divã, mas tem muita coisa na vida da gente que precisa ser entendida com a ajuda de um profissional especialmente preparado para ajudar pessoas que querem se encontrar.

Pense nisso.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020


CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
 Inscrições aberta - 
Tópicos dos textos de Freud

(Do livro: "O mal estar da civilização", de Freud e do livro "Freud e a Cultura, de Betty B. Fuks)
  1. Sonhos: a realização de um desejo não-satisfeito que acontece através do conteúdo manifesto. No entanto o significado está nos pensamentos latentes ou pensamentos inconscientes. os pensamentos inconscientes do sonho se disfarçam no conteúdo manifesto
- formas de elaboração onírica: condensação (é caracterizada pela síntese: os sonhos se apresentam breves, concisos e lacônicos); deslocamento: se caracteriza por uma transferência de intensidades psíquicas. Um elemento sem valor psíquico retira a atenção de outro verdadeiramente importante em relação ao desejo do sujeito)
  • Na vida onírica a criança prolonga, por assim dizer, sua existência no homem, , conservando todas as peculiaridades e aspirações, mesmo as que se tornam mais tarde inúteis.
  • Nos sonhos o inconsciente se serve, especialmente para a representação de complexos sexuais, de certo simbolismo, em parte variável individualmente e em parte tipicamente fixo, que parece coincidir com o que conjeturamos por detrás dos nossos mitos e lendas.
  • objeção ao fato de entender o sonho como satisfação de desejos: Freud responde: "A ansiedade é uma das reações do ego contra desejos reprimidos violentos, e daí perfeitamente explicável a presença dela no sonho, quando a elaboração deste se pôs excessivamente a serviço da satisfação daqueles desejos reprimidos."
  • Simbolismo: o inconsciente se serve nos sonhos de um "simbolismo, em parte variável individualmente e em parte tipicamente fixo, que parece coincidir com o que conjeturamos por detrás dos nossos mitos e lendas."
  1. Sentido da vida humana: Os homens buscam a felicidade. Há dois aspectos nesta busca: um positivo: a experiência de intensos sentimentos de prazer; negativo: a ausência de sofrimento e de desprazer.
  • Em outras palavras, o propósito da vida humana é o princípio do prazer. Mas a sua efetivação plena é impossível. "As normas do universo são-lhe contrárias". "Só podermos derivar prazer intenso de um contraste, e muito pouco de um determinado estado de coisas."
  • Se a felicidade é mais difícil de experimentar o mesmo não se pode dizer da infelicidade.
  • Somos ameaçados pelo sofrimento, pelo desprazer que vem de três fontes: de nosso próprio corpo (envelhecimento), do mundo externo e de nossos relacionamentos com os outros homens. "O sofrimento que provém dessa última fonte talvez nos seja mais penoso do que qualquer outro."
  • formas de evitar o sofrimento:
a) manter-se à distância de outras pessoas, isolar-se; sujeitar a natureza através da ciência;
b) influenciar o nosso próprio organismo: por exemplo pela intoxicação que pode se dar através de uma droga externa ou através de reações químicas internas) "O serviço prestado pelos veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no afastamento da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício, que tanto indivíduos quanto povos lhes concederam um lugar permanente na economia de sua libido ( = É a energia inerente aos movimentos e transformações dos impulsos sexuais. É uma palavra latina que significa desejo, vontade). Porém segundo Freud "Sabe-se igualmente que é exatamente essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e a sua capacidade de causar danos. São responsáveis, em certas circunstâncias, pelo desperdício de uma grande quota de energia que poderia ser empregada para o aperfeiçoamento do destino humano."
C) aniquilamento dos instintos
d) SUBLIMAÇÃO: "quando se consegue intensificar suficientemente a produção de prazer a partir das fontes do trabalho psíquico e intelectual" "A tarefa aqui consiste em reorientar os objetivos instintivos de maneira que eludam a frustração do mundo externo." Seu limite: ". Contudo, sua intensidade se revela muito tênue quando comparada com a que se origina da satisfação de impulsos instintivos grosseiros e primários; ela não convulsiona o nosso ser físico." Exemplo: no campo da arte que usa muito a imaginação, a fantasia.
e) rompimento com a realidade: mas a realidade é mais forte e o desprazer e sofrimento sempre estarão presentes.
f) tentativa de obter felicidade no relacionamento emocional com os outros: busca amar e ser amado. Fazer do amor o centro de tudo. Porém: "... nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor. Isso, porém, não liquida com a técnica de viver baseada no valor do amor como um meio de obter felicidade."
g) Fruição da beleza: "oferece muito pouca proteção contra a ameaça do sofrimento, embora possa compensá-lo bastante."
CONCLUSÃO: ."O programa de tornar-se feliz, que o princípio do prazer nos impõe, ..., não pode ser realizado; contudo, não devemos — na verdade, não podemos — abandonar nossos esforços de aproximá-lo da consecução, de uma maneira ou de outra." Os caminhos podem ser diferentes. Depende de cada um. "O homem predominantemente erótico dará preferência aos seus relacionamentos emocionais com outras pessoas; o narcisista que tende a ser auto-suficiente, buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar sua força"
 Mas Freud diz algo importantíssimos para a psicanálise: ". Qualquer escolha levada a um extremo condena o indivíduo a ser exposto a perigos, que surgem caso uma técnica de viver, escolhida como exclusiva, se mostre inadequada. Assim como o negociante cauteloso evita empregar todo seu capital num só negócio, assim também, talvez, a sabedoria popular nos aconselhe a não buscar a totalidade de nossa satisfação numa só aspiração."
  1. RELIGIÃO: Freud vê nas religiões uma fonte de promessas ilusórias à situação de desamparo originário que marca a subjetividade humana. Apelar a o Pai (Deus) significa pedir proteção contra a castração e a morte em um mundo onde a castração e a morte já estão consumadas. Freud se aproxima do adágio marxista de que "a religião é o ópio do povo"
Porém (e isto é sumamente importante) Freud não teve o objetivo de depreciar a crença religiosa mas combate o discurso religioso que se propõe a rebaixar o valor da vida deformando de forma delirante a forma do mundo real e consequentemente intimidando a inteligência humana. "A psicanálise nos ensina que as instituições religiosas, em sua grande maioria, valem-se da fragilidade do homem diante de seu próprio desamparo para fortalecer suas bases políticas. Unificam os fiéis em torno de uma verdade única, desprezam toda e qualquer expressão subjetiva e impedem o equilíbrio necessário entre o desejo do sujeito e as reivindicações do grupo social" (pág. 33, Freud e a Cultura, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro,ano 2003)
Mas Freud reconhecia a importância da religião como "uma sublimação ideal da humanidade na conquista ética e nos fundamentos da alteridade dos mais diversos povos" (op. Cit. Pág. 34)
  1. AMOR AO PRÓXIMO, AGRESSIVIDADE, REPRESSÃO DA SOCIEDADE:
  • Há uma oposição entre a nossa libido que quer se restringir ao amor entre duas pessoas e a civilização que exige a extensão da libido a um número maior de pessoas. "Convoca a libido inibida em sua finalidade, de modo a fortalecer o vínculo comunal através das relações de amizade. Para que esses objetivos sejam realizados, faz-se inevitável uma restrição à vida sexual."
  • Por isto a sociedade emprega "métodos destinados a incitar as pessoas a identificações e relacionamentos amorosos (este é o sentido do mandamentos de amar ao próximo e até os inimigos) porque segundo Freud "... os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade."
  • O fim da propriedade privada com o comunismo é a solução para acabar com a agressividade humana? Freud não acredita nisto pois "a agressividade não foi criada pela propriedade. Reinou quase sem limites nos tempos primitivos, quando a propriedade ainda era muito escassa, e já se apresenta no quarto das crianças, quase antes que a propriedade tenha abandonado sua forma anal e primária; constitui a base de toda relação de afeto e amor entre pessoas ( com a única exceção, talvez, do relacionamento da mãe com seu filho homem).
  • Exemplo desta agressividade indestrutível através : Narcisismo das pequenas diferenças
+ O "Narcisismo das pequenas diferenças" está na base da formação do "nós" e do "outro". Ocorre na tensão entre povos vizinhos (por exemplo nas rixas entre brasileiros e argentinos), entre indivíduos de estados diferentes de um mesmo país (exemplo: entre cariocas e paulistas). São pequenas diferenças reais que criam impedimento para que o outro seja um perfeito semelhante. Tal fato deixa claro que o ódio não nasce da distância mas da proximidade. "É sempre possível unir um considerável número de pessoas no amor, enquanto sobrarem outras pessoas para receberem as manifestações de sua agressividade." O grupo produz seu outro partir do qual forja sua própria identidade eliminando as diferenças internas, fabricando uma unidade fictícia com o objetivo de perpetuar sua dominação. Cria-se imaginariamente um EU IDEAL. Em nome do amor à unidade, ficam abolidas as vontades individuais. O eu ideal se liga com o pai ideal na figura do Fuhrer, cuja vontade se confunde com a lei. Como no estado religioso há a ilusão de que o "líder carismático tem o poder de salvar a todos do desamparo primordial e da angústia real" assegurando "as reivindicações narcísicas de cada membro". (op. Cit. Pág. 47)
Mas isto só será possível se se eliminar ódio no interior do grupo. Então ele é dirigido contra o estrangeiro e este ódio favorece a coesão da comunidade. Ou seja, reprime-se o ódio ao idêntico a quem se ama para direcioná-lo ao outro, à alteridade. "Em nome do amor entre os membros a quem abraça, uma organização permite e incita a todos que expressem intolerância e crueldade contra os estrangeiros, aqueles que não aderem à concepção de mundo e à ideologia que ela difunde."
CONCLUSÃO: o fenômeno do narcisismo das pequenas diferenças desemboca na segregação e no racismo. "A vontade de uniformização dos indivíduos manifestada pelo nazismo, pelo fascismo e pelo stalinismo se inscreve para além da tendência de apagar a diferença no interior do grupo e passá-la para fora. Ela propõe o pior a eliminação de qualquer diferença, mesmo quando fora do conjunto" (op. Cit. Pág. 51)
Em "O mal estar na civilização" Freud alude ao fato de não ter sido por mero acaso que o sonho de um império germânico universal tenha precisado criar o anti-semitismo como seu complemento. O Reich alemão logrou instalar a segregação e a intolerância como meio de garantir o sucesso de sua unidade política.
"Obrigando o sujeito a escolher seu objeto de amor no interior do grupo, ficava abolida, de imediato, a proibição simbólica do incesto. Essa estratégia de burlar a castração imposta pela lei paterna marca um revés fundamental: a organização social fica ordenada sob a égide de um regime plantado sobre a denegação da morte e do narcisismo ilimitado." "... Uma das características da modernidade é essa tentativa de restabelecer uma figura de excesso que, oferecendo ás massas a quimera de protegê-la da castração e da morte, desenvolve em troca um poder ilimitado exercido paradigmaticamente nos regimes totalitários. Trata-se, na verdade, de uma estratégia de poder fixada na infantilização do sujeito, em sua dominação real que gera em escala coletiva a destruição e a morte" (op. Cit. Pág. 51)


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020


CENTRO PSICANALÍTICO CONTEMPORÂNEO
CURSO LIVRE DE formação EM PSICANÁLISE

                          TÓPICOS ESPECAIS II

REVENDO AS TEORIAS E AS PRÁTICAS DA PSICANÁLISE
OCORRERÁ NO DIA 21 DE FEVEREIRO A PARTIR DAS 13.30H.
INSCRIÇÃO PELO whatsapp - 998608057. ou SITE - www.cpcontemporaneo.com.br