Em tempos de degenerescência, como apregoam os budistas, a humanidade
atravessa
uma época de decadência moral, espiritual, material e ética. A crise
financeira internacional de 2008 trouxe em sua esteira a recessão e o fim de um
período de euforia em que as pessoas acreditavam em um mundo de recursos
ilimitados. Ora, suportar 7 bilhões de seres humanos exige uma demanda de
alimentos, água e insumos difícil de imaginar. Na medida em que as pessoas
adquirem mais conhecimento das coisas do mundo também surge a especulação, o
consumo desenfreado e a roda vai girando cada vez mais rápido até o esgotamento
do sistema. Não tenho a pretensão de dizer que atingimos o ápice de um ciclo,
mas há indícios inequívocos de que o modelo dá sinais de que está chegando no
limite.
O caos na economia vem acompanhado de outras faltas, incluindo as do
caráter, da moral, da ética e da própria razão. Na medida em que vão se ruindo
os pilares do conhecimento e da conduta o edifício da Cultura estremece e
também ameaça ruir. Esses sinais servem para alertar a humanidade de que é
preciso rever conceitos; de que é importante parar para pensar e remodelar
aquilo o que precisa de concerto. É na luz desse pensamento reflexivo que
voltamos às raízes de nossa Civilização para tentar interpretar esses sinais
sob a ótica de grandes pensadores e homens que deixaram um legado inequívoco à
Humanidade.
O filosofo grego Sócrates nasceu em Atenas no ano de 470 a.C. De origem
modesta, era filho de Sofronisco, escultor, e de Fenarete, parteira, com quem dizia
ter aprendido a arte de obstetra de pensamentos. Viveu sempre em Atenas e
participou das batalhas de Potidea, Delion e Anfipolis. Ele se casou com
Xantipa e dedicou sua vida a missão de despertar e educar as consciências,
tendo como influência a filosofia de Anaxágoras. Cercado de jovens brilhantes e
fomentando discussões, especialmente com os sofistas, nada escreveu. Por isso,
o seu pensamento tem que ser reconstituído sobre testemunhos, nem sempre
concordantes, de Xenofonte, Platão e Aristóteles.
Em 399 a.C. é condenado à morte sob a acusação de corromper os jovens
contra a religião e as leis da pátria. Ao se dirigir aos atenienses que o
julgavam, Sócrates disse que lhes era grato e que os amava, mas que obedeceria
antes ao deus do que a eles, pois enquanto tivesse um sopro de vida não
deixaria de filosofar. Aconselharia as pessoas a não se preocupar nem com o
corpo nem com a fortuna. Segundo Sócrates, a Ciência fala de ser justo em
relação ao cosmos, fala da modificação da alma, purificando o espírito em sua
unidade e totalidade, o qual não é mais capaz de erro e de pecado.