INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

CORPOS MARCADOS! NECESSIDADE DO OLHAR

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL
SPOB-POLO/RS
Curso Livre de Capacitação em Psicanálise

CORPOS MARCADOS! NECESSIDADE DO OLHAR

       As fronteiras do corpo na relação com o ambiente, com o outro e com o social, na contemporaneidade, estão demarcadas pela relação que situa o corpo a realidade as bordas do “olhar”. O que parece não funcionar de forma natural precisa ser recortado, necessidade que responde ao que não parece ser características das sociedades primitivas. Há que considerar que uma imagem, na medida em que é vital e necessária, mas não dispensável, faz parte do orgânico.  As imagens vão se apoiar privilegiadamente nos orifícios de nosso corpo, o que se torna curioso é que os orifícios serão erogenizados, e lá onde aparentemente cumprem uma função de satisfazer uma necessidade biológica, uma outra função entra em causa, ou seja a função simbólica exercitada pelos mesmos orifícios.
          No cenário social e público, existe atualmente uma transformação radical no que se refere à aparência dos adolescentes e jovens, que envolve uma dificuldade, uma dificuldade no estabelecimento da distinção. Há uma presença que vem dificultar a discrição de outrora em relação superfície corpórea que se apresenta ante aos olhares, num espetáculo de formas e cores, a qual está disseminada no espaço social cujo espetáculo se impõe no aqui e agora da contemporaneidade. 
          Os adolescentes e jovens adultos de hoje se caracterizam, entre outras tantas coisas, pelo uso ostensivo de piercings, incrustados e inscritos, no corpo de maneira eloqüente. Não passam despercebidos, pois tais adereços corporais irrompem n campo visual provocando uma experiência de descontinuidade. Mesmo que não tendo o desejo de se ater a estes adereços, estão expostos das orelhas aos lábios, do nariz ao umbigo apesar da intenção de não se ater a eles não podem ser deixados de olhar. As escrituras corpóreas se multiplicam e se diversificam e evidenciam novas complexidades, requintes nos traços, de modo a transformar as tatuagens em marcas específicas dos adolescentes e jovens adultos. Dos pés á cabeça, passando por todas as partes do corpo com a multiplicidade de cores passaram a constituir outra superfície pictória.
        Os piercings e as tatuagens podem ser vistas como signos da fragilidade da identidade e do desamparo contemporâneo, marcados pelas patologias do vazio. Por este mio os adolescentes e jovens adultos buscam uma forma de inserção diante do enfraquecimento das figuras familiares e das vicissitudes de um mundo pautado pela força de uma sociedade capitalista, segundo Birman (2003). Diante do apagamento identitário e massificado da cultura contemporânea, o adolescente impõe sua singularidade de forma ostensiva.  A dificuldade da palavra para a representação coisa, que é colocada no corpo sob a forma de assinatura e signos pictório e esculturais.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A clínica psicanalítica e as afecções psicossomáticas

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL
Curso Livre de Capacitação em Psicanálise
20º Módulo - Fenômenos Psicossomáticos.
Nos dias 11 e 12 de Dezembro

Ao se deparar com as neuroses atuais e, em especial, com a neurose de angústia, Freud percebeu as limitações do seu método clínico inicial, desenvolvido em torno das psiconeuroses, para atenuar o sofrimento encontrado em tais pacientes. Já no texto "A Psicoterapia da histeria", Freud (1996 [1895c]) apresenta o seu método fundado na livre associação de ideias em direção às representações que constituíam o núcleo patogênico da psiconeurose. Contudo, por não possuir uma gênese psíquica, "a neurose de angústia" não encontraria benefícios diretos nesse método clínico.
Contudo, mesmo sustentando essa limitação da técnica em termos teóricos, Freud verificou uma melhora indireta no tratamento clínico dos pacientes acometidos pela "neurose de angústia". Para Freud, tal melhora era devida ao reestabelecimento de uma vida sexual ativa como uma consequência dos atendimentos. Percebemos aqui a possibilidade de essa proposição de Freud ser compreendida de maneira mais ampla, a partir do pensamento de Winnicott. Para ele, a clínica com pacientes que apresentam um transtorno psicossomático relaciona-se ao acolhimento de um sofrimento não compreensível em termos simbólicos.
O manejo encontrado nos exemplos de transtornos psicossomáticos relatados por Winnicott (1994b [1969], 1994c [1970], 2000a [1949]) tem em comum a abertura em se receber, na clínica, a pessoa total de seu paciente, isto é, receber suas expressões passíveis e não passíveis de simbolização e de integração. Essa postura seria fundamental, justamente porque o sofrimento desses pacientes encontra-se na fronteira entre o somático e o psíquico e não poderia ser apreendido pelas metodologias tradicionais de saúde. Winnicott (1994b [1969]) assinala que a divisão nas disciplinas de saúde (médica, psicanalítica, psicoterapêutica, religiosa e terapias complementares) facilita para as pessoas com transtornos psicossomáticos utilizá-la, justamente para que a cisão entre psique e corpo se mantenha.
Portanto, Winnicott (2000a [1949]) destaca a importância do analista em acolher o não-saber sobre a condição do paciente e permitir, com esse posicionamento, a presença do corpo do paciente no setting analítico. Em sua perspectiva, um manejo baseado em interpretações poderia ser usado para uma intelectualização ainda maior por parte do paciente quanto ao seu sofrimento, aprofundando, assim, a cisão entre a psique e o soma1. Além disso, Winnicott (1994c [1970]) demonstra a importância de o analista não tomar o adoecimento psicossomático como sendo uma deformidade ou patologia - o que repetiria a lógica do atendimento segmentado nas instituições de saúde -, mas adotar a postura de acolher o paciente, concebendo-o como alguém que, em termos potenciais, estaria inclinado à integração psicossomática.
Alguns autores contemporâneos apresentam contribuições ao manejo clínico diante do transtorno psicossomático a partir da psicanálise winnicottiana.
Abram (2000) destaca que um paciente que apresenta uma dissociação psicossomática está preparado para compreender - em um nível intelectual - algo a respeito de sua condição, pois foi a partir da intelectualização que este viveu até então. Para essa autora, a postura fundamental do analista seria a de "dar tempo" para o paciente, ou seja, permitir um ambiente que sustente, através do tempo, as condições para que o paciente se recupere da dissociação.
Segundo Tschirner (2002), o analista pode funcionar como um espelho para o paciente, integrando no decorrer do processo analítico os conteúdos que este traz, tendo cuidado para auxiliar o paciente a conseguir nomear os seus estados afetivos aos poucos. Dessa forma, o setting analítico possibilitaria a organização de um eu (self) baseado em experiências afetivas e próprias.
Conforme Pedrozo (1995), um manejo adequado por parte do analista pode ajudar a criar a sintonia que faltou entre a mãe-ambiente e o bebê. De acordo com a autora, assim, "o tato psicanalítico substitui o sorriso e o toque da mãe" (p. 94).
Pinheiro (2008), por sua vez, aponta para a possibilidade de adoecimentos psicossomáticos que lançam mão de uma identificação, via corpo, do paciente com um parente, sem a presença de uma mediação simbólica; diante de tal sofrimento, o analista pode atuar como uma mãe-ambiente, que auxilia o paciente a integrar-se com os seus próprios sentimentos e desejos. 
Dessa forma, consideramos que, diante do transtorno psicossomático, o psicanalista deve se concentrar na possibilidade de oferecer um acolhimento ao sofrimento do paciente de uma forma não invasiva, o que, às vezes, é produzido por meio do uso de interpretações que visem alcançar a dinâmica inconsciente. Logo, ao entendermos esse tipo de transtorno como se situando em um espaço fronteiriço entre a psique e o soma, faz-se mister não reduzirmos tal padecimento a nenhum dos dois registros. O objetivo visado com essa postura é que se torne possível oferecermos uma escuta integradora e não fragmentária. Assim nos posicionando, talvez seja possível perceber que no transtorno psicossomático há, além do padecimento físico, um pedido de ajuda em direção à integração psicossomática, a qual, com a participação do psicanalista, seria facilitada.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A psicossomática implícita na obra de Freud


Sigmund Freud como bom observador que era, esteve sempre atento às relações estabelecidas entre corpo e psique, embora em nenhum momento de sua obra tenha definido uma patologia como sendo propriamente psicossomática. A histeria é o maior exemplo dessas intrincadas relações com seus significados simbólicos e inconscientes. Aqui também se valeu da interpretação dos sonhos como ferramenta para desvendar o segredo das psiconeuroses. Contudo, se inicialmente Freud situou a etiologia das neuroses na sexualidade adulta, ao final de sua obra ele desfaz essa consideração e, rompendo com uma cronologia linear, relaciona-a ao desamparo originário que se reatualiza ao longo da vida humana.
As necessidades fisiológicas repetidas do bebê exigem satisfações que vão demarcando um território explorado principalmente na relação com a mãe, permitindo a germinação de uma necessidade somática em desejo psíquico difuso. Freud refere-se a esses caminhos como registros que receberão sucessivos significados no decorrer da vida. O acesso à linguagem, segundo Freud, permitirá a construção de organizações cada vez mais complexas carregadas de sentidos, quer sejam esses pertencentes aos sistemas consciente ou inconsciente. Tal configuração determinará que a proposta clínica possa se situar na possibilidade de se desvelar, via interpretação, esses sentidos e significados ocultos.
Contudo a linguagem não é capaz de tudo dizer e haverá sempre um espaço que pode ser considerado como psicossomático. É sobre esse espaço que Freud indica ser a interpretação ineficaz, posto que não há palavras a serem recuperadas e nem sentidos ocultos a serem desvendados. É sobre estas questões que nos debruçamos com mais atenção, para observar e entender melhor os mecanismos ativos e potenciais, eventualmente disparados para compensar ausências que poucas vezes são percebidas. Essa linguagem cifrada integra um nível diferente de comunicação, pois seu entendimento se dá muito mais por inferência do que por compreensão propriamente dita.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Casos psicanalíticos I- O Fetichismo Transvéstico Masculino


Quem acompanha o nosso trabalho sabe que mantemos periodicamente grupos de formação de psicanalistas, com mais de 300 profissionais formados ao longo dos últimos 10 anos. Este post, e alguns outros que colocaremos no site nas próximas semanas, trata de casos emblemáticos da Psicanálise que não são muito propalados, mas que interessam aos profissionais da área de saúde mental, principalmente aos colegas analistas que seguem sempre atualizando seus conhecimentos.

FTM
O Fetichismo Transvéstico Masculino (FTM) é um transtorno classificado como parafilia pelo DSM.IV F65.1 – 302.3
O foco do transtorno envolve vestir-se com roupas de mulher na frente do espelho. Geralmente, o homem mantém uma coleção de roupas femininas, que usa ocasionalmente em sigilo. Durante a feminização em geral se masturba, imaginando-se tanto como o sujeito masculino quanto como o objeto feminino de sua fantasia sexual.

O transtorno tem sido descrito na literatura clínica apenas em homens heterossexuais. O FTM começa com o uso das roupas da mãe na infância ou início da adolescência, quando passa a imitar os trejeitos das mulheres, quase sempre na frente de um espelho. O núcleo da fantasia é ver a própria imagem feminizada, negando a castração feminina na medida em que sabe da existência do pênis. Outro viés desse caso é que ao se ver feminizado o homem assume sua castração simbólica, o que parece ser uma alternativa possível ao Complexo de Édipo. Em alguns indivíduos, a motivação para vestir roupas femininas pode mudar ao longo das décadas, com a excitação sexual diminuindo ou desaparecendo com a proximidade da velhice. Nesses casos, o uso de roupas femininas deixa de ser um elemento de excitação para se tornar um antídoto para a ansiedade e depressão ou contribui para um sentimento de paz e tranqüilidade do paciente.

São raros os casos que chegam ao consultório. Por ser um transtorno estruturante, do tipo que acompanha o paciente pela vida toda, não é raro que os pacientes aprendam a esconder suas atividades transvésticas de todos, inclusive dos familiares mais próximos, como irmãos, pais e até esposa e filhos. São pessoas extremamente cuidadosas, detalhistas e observadoras que conseguem dissimular muito bem seus atos sem deixar vestígios. Estes homens não costumam comentar suas atividades transvésticas e geralmente chegam ao consultório com outras queixas como sofrimento emocional não localizado, que no decorrer da análise se revela como uma angústia profunda e uma necessidade de falar sobre suas paixões eróticas vividas na frente do espelho entre 4 paredes.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Quem tem Doença Psicossomática?



  • Trata-se de um trecho de artigo publicado no jornal Correio Braziliense, de 24 de janeiro de 2003. Veja:
"Médicos e psiquiatras são unânimes ao afirmar que qualquer pessoa está sujeita a desenvolver uma doença psicossomática. 
Algumas até já sofrem do mal sem perceber. A asma e a artrite (dores nas articulações), por exemplo, têm um forte fator emocional. Crianças que só começam a ter dificuldades para respirar depois de completar 5 ou 6 anos sofrem de asma psicossomática. 
A falta de ar é uma maneira de atrair a atenção dos pais. Para ter certeza de que uma doença tem origem psicológica, deve-se descartar todas as causas orgânicas primeiro. Por isso, recomenda-se uma série de exames antes de fechar o diagnostico. É importante esclarecer que, apesar de a enfermidade ser emocional, o paciente precisará de tratamento médico. ‘‘Os sintomas que ela apresenta não são imaginários e, portanto, exigem cuidados especiais’’, ensina o psiquiatra.
Outras doenças psicossomáticas comuns são a psoríase (descamação da pele), o vitiligo (perda do pigmento da pele) e a alopécia (perda espontânea de pêlos do corpo). O fato de todas afetarem a pele não é coincidência. ‘‘Depois do cérebro, a pele é o órgão com o maior número de terminações nervosas do corpo’’, explica o dermatologista Francisco Leite. ‘‘Isso quer dizer que a pele está intimamente ligada ao sistema nervoso central e, conseqüentemente, às emoções.’’
Em princípio, os pacientes nem imaginam que as irritações na pele e queda de cabelo têm fundo emocional. Mas, ao conversar com o dermatologista, acabam percebendo: o problema surgiu após um forte estresse.
A melhor maneira de acabar com o problema é tratando, simultaneamente, a pele e a mente. Por isso, além dos medicamentos tradicionais, recomenda-se terapia. Quando a pessoa ficar de bem consigo mesma, os sintomas tendem a regredir. 
O doente citado acima, por exemplo, controlou a doença logo após o novo matrimônio. O fato de se sentir amado novamente ajudou na cura".

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

SUPERVISÃO I

Sera realizado a aula de recuperação deste módulo no dia 06 de Novembro no horário das 18.30  as 21,30h

O LUGAR DA SUPERVISÃO NA FORMAÇÃO DO ANALISTA

No âmbito da transmissão da psicanálise, a importância da supervisão tem sido amplamente difundida, de modo que vem sendo procurada pela grande maioria dos jovens analistas, estejam estes vinculados ou não a um instituto de formação. Embora se saiba que o movimento inconsciente nunca cessa, e que não há procedimento capaz de revelar, por completo , aquilo que determina a tônica da relação do sujeito com o mundo, a prática da supervisão tem sido reconhecida como um desses alicerces capazes de contemplar algo do trabalho do analista que a análise, por si só, não pode fazer.
Será realizado no dia 07 de Novembro no horário das 08.30 as 17h.

O QUE É PSICOTERAPIA BREVE PSICANALÍTICA

  • A PB “é um tratamento de natureza psicológica, de inspiração psicanalítica, cuja duração é limitada”.
    ( Gilliéron-1968).
  • Na PB o terapeuta ajuda o paciente a se ajudar; assumindo um papel mais diretivo e ativo, desprezando a neutralidade, a abstinência e com  atenção direcionada para os relatos do paciente.
  •  Além de conhecer-se a si mesmo, o  paciente precisa adquirir suporte emocional para enfrenta às dificuldades que aparecem no seu dia-a-dia, vendo-as   como algo que faz parte do contexto de vida de todas as pessoas, e que precisa ser visto com normalidade.


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Fazer ou não fazer análise , eis a questão!

A Psicanálise não exige publicidade. É uma prática que deve ser feita sem alarde, com discrição e elegância necessárias ao bom desempenho da função. É um serviço prestado a partir de uma contratação verbal, firmada em uma relação de mútua de confiança. E num tempo em que o mundo parece estar virando de pernas para o ar confiar é muito mais do que acreditar no outro: e ser honesto consigo mesmo e não temer o que virá pela frente. Afinal, fazer análise é um ato de compromisso pessoal, uma atitude madura e sensata de quem quer encontrar seu verdadeiro Eu. Sobre este ponto já foram erguidos muitos tratados e não é nossa intenção trazê-los à tona aqui. Basta dizer que muitas vezes nos surpreendemos com quem somos verdadeiramente, acima das máscaras da Persona, da Sombra, dos complexos e da imensa estrutura do Ego, com seus mecanismos de defesa e seus desejos. Aqueles pacientes perseverantes conseguem se desnudar o suficiente para enxergar tudo isso e ver quem realmente são enquanto outros não ousam chegar a tal ponto. Enfim, cada qual tem a sua formação e percepção sobre as demandas intimistas e sabe a hora de bater à porta do consultório.

Vencidas estas barreiras ainda restam algumas dúvidas sobre dar ou não dar este passo. Escolher um analista é uma tarefa preocupante para quem quer fazer terapia. As perguntas mais frequentes que passam pela cabeça do candidato a deitar no divã são as mais variadas possíveis: “E se eu não me agradar do analista depois de começar o tratamento?” ou “Como vou confiar meus segredos a uma pessoa que não conheço?” ou mesmo “Para que vou vasculhar o passado se não posso mudar nada do que aconteceu?” Talvez não tenha argumentos para convencer o leitor da importância da terapia até que cada um compreenda por si mesmo as coisas que mudaram em razão da análise. Pode ser que nem tudo seja resolvido na beira do divã, mas tem muita coisa na vida da gente que precisa ser entendida com a ajuda de um profissional especialmente preparado para ajudar pessoas que querem se encontrar. Pense nisso.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Resgatando o legado dos Grandes Pensadores


Em tempos de degenerescência, como apregoam os budistas, a humanidade atravessa
uma época de decadência moral, espiritual, material e ética. A crise financeira internacional de 2008 trouxe em sua esteira a recessão e o fim de um período de euforia em que as pessoas acreditavam em um mundo de recursos ilimitados. Ora, suportar 7 bilhões de seres humanos exige uma demanda de alimentos, água e insumos difícil de imaginar. Na medida em que as pessoas adquirem mais conhecimento das coisas do mundo também surge a especulação, o consumo desenfreado e a roda vai girando cada vez mais rápido até o esgotamento do sistema. Não tenho a pretensão de dizer que atingimos o ápice de um ciclo, mas há indícios inequívocos de que o modelo dá sinais de que está chegando no limite.
O caos na economia vem acompanhado de outras faltas, incluindo as do caráter, da moral, da ética e da própria razão. Na medida em que vão se ruindo os pilares do conhecimento e da conduta o edifício da Cultura estremece e também ameaça ruir. Esses sinais servem para alertar a humanidade de que é preciso rever conceitos; de que é importante parar para pensar e remodelar aquilo o que precisa de concerto. É na luz desse pensamento reflexivo que voltamos às raízes de nossa Civilização para tentar interpretar esses sinais sob a ótica de grandes pensadores e homens que deixaram um legado inequívoco à Humanidade.
O filosofo grego Sócrates nasceu em Atenas no ano de 470 a.C. De origem modesta, era filho de Sofronisco, escultor, e de Fenarete, parteira, com quem dizia ter aprendido a arte de obstetra de pensamentos. Viveu sempre em Atenas e participou das batalhas de Potidea, Delion e Anfipolis. Ele se casou com Xantipa e dedicou sua vida a missão de despertar e educar as consciências, tendo como influência a filosofia de Anaxágoras. Cercado de jovens brilhantes e fomentando discussões, especialmente com os sofistas, nada escreveu. Por isso, o seu pensamento tem que ser reconstituído sobre testemunhos, nem sempre concordantes, de Xenofonte, Platão e Aristóteles.
Em 399 a.C. é condenado à morte sob a acusação de corromper os jovens contra a religião e as leis da pátria. Ao se dirigir aos atenienses que o julgavam, Sócrates disse que lhes era grato e que os amava, mas que obedeceria antes ao deus do que a eles, pois enquanto tivesse um sopro de vida não deixaria de filosofar. Aconselharia as pessoas a não se preocupar nem com o corpo nem com a fortuna. Segundo Sócrates, a Ciência fala de ser justo em relação ao cosmos, fala da modificação da alma, purificando o espírito em sua unidade e totalidade, o qual não é mais capaz de erro e de pecado.
 Texto adaptado da fonte: http://www.coladaweb.com/filosofia/socrates

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Código de Ética Profissional Psicanalítica

Capacitação em  Psicanálise.
e-mail-castilhoss28@hotmail.com  -  spobpolors@gmail.com
Código de Ética Profissional Psicanalítica
I - Denominação:
Art. 1º -  Sob a denominação de  Código de Ética Profissional dos Psicanalistas da SPOB, é aprovado pela Assembléia Geral da Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil  o instrumento que disciplina todos os aspectos da vida profissional e condutas dos Psicanalistas membros da mesma, tanto filiados através do Conselho Psicanalítico Nacional.
·         Parágrafo Único - O presente Código de Ética Profissional, será, doravante, neste Código, denominado apenas por Código de Ética.
II - Objetivos:
Art. 2º - A Ética Psicanalítica  postulada no  presente Código de Ética é fundamentado nos princípios da filosofia universal, nos seus capítulos específicos.
Art. 3º - Os objetivos éticos da Psicanálise serão sempre “tornar o inconsciente consciente” e “buscar a verdade, tão somente a verdade e nada mais que a verdade”.
Art,. 4º - A ética Psicanalítica não copia outras éticas,  pelo fato da Psicanálise ter uma visão do homem diferenciada de todas as outras ciências, ter objetivos diferentes e empregar meios ou metodologias igualmente diversas das demais ciências no que  concerne à abordagem humana.
III - Atribuições
Art. 5º - São princípios éticos que os Psicanalistas estão obrigados a cumprir e fazer cumprir:
1 - Obediência irrestrita à filosofia e pensamento psicanalítico ortodoxo (freudismo);
2 - Cumprir e fazer cumprir todas as normas emanadas da Sociedade, tanto oriundas do Conselho Psicanalítico Nacional, através de Resoluções, Pareceres, Portarias, etc, quanto do Conselho Psicanalítico Regional e sua Comissão de Ética;
3 - Seguir as diretrizes estabelecidas pela Diretoria desta Sociedade ao abrigo do previsto nos Estatutos da SPOB e dos Conselhos Psicanalíticos Regionais, bem como Normas aprovadas pelas respectivas Assembléias;
4 - Contribuir e participar de atividades de interesse da classe Psicanalítica;
5 - Desempenhar, com dedicação, dignidade, seriedade e interesse a sua profissão;
6 - Orientar-se-á, no exercício de sua profissão, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembléia Geral da ONU em 10/12/48 e pela Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 5, II e XIII;
7 - Utilizar em sua profissão, tão somente os princípios Psicanalíticos freudianos;
8 - Respeitar todos os credos e filosofias de vida, sem restrição;
9 - Desempenhar sua profissão  sem que venha inculcar quaisquer tipos de idéias ou ideologias em seus pacientes, mesmo que tais idéias pareçam as melhores deste mundo;
10 - Buscar constantemente o desenvolvimento Psicanalíticos, participando de cursos de pós-graduação, especialização, de congressos e afins realizados;
11 - Buscar a ampliação do horizonte cultural através de leituras e estudos de ciências afins ou que com a Psicanálise ortodoxa se relacione, intere;
12 - Ter comportamento absolutamente amoral diante dos problemas apresentados pelos pacientes.
COORDENAÇÃO – RS
Porto Alegre – RS - Coordenador Castilho Sanhudo.
End. Rua Profº Annes Dias,166/103 - fones (51) 84497408 / 3024 7559
WhatsApp- 9860-8057


terça-feira, 22 de setembro de 2015

O LUGAR DA SUPERVISÃO NA FORMAÇÃO DO ANALISTA

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL-POLO/RS

Curso livre de Capacitação em Psicanálise
GRUPO VIII- Módulo – SUPERVISÃO I
Será realizado nos dias 02 e 03 de Outubro 2015

O LUGAR DA SUPERVISÃO NA FORMAÇÃO DO ANALISTA

Thais Christofe Garrafa
No âmbito da transmissão da psicanálise, a importância da supervisão tem sido amplamente difundida, de modo que vem sendo procurada pela grande maioria dos jovens analistas, estejam estes vinculados ou não a um instituto de formação. Embora se saiba que o movimento inconsciente nunca cessa, e que não há procedimento capaz de revelar, por completo, aquilo que determina a tônica da relação do sujeito com o mundo, a prática da supervisão tem sido reconhecida como um desses alicerces capazes de contemplar algo do trabalho do analista que a análise, por si só, não pode fazer.
Mas, afinal, para que serve a supervisão? Por que um analista procura um outro, fora do contexto da análise pessoal, para falar de sua prática? Em outras palavras, o que caracteriza a demanda para a supervisão? Quais as implicações de cada uma das formas de exercer essa prática?
Norteado pelas questões acima mencionadas, o presente artigo tem como objetivo promover o questionamento do lugar da supervisão na formação do analista, através da recuperação de sua origem histórica e do mapeamento das diversas formas de compreender o exercício dessa prática, tendo em vista a possibilidade de contribuir para a desconstrução de seu caráter freqüentemente ideológico e, portanto, resistencial na psicanálise.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Onde está a minha humanidade?

Onde está a minha humanidade?
Todos tem suas razões para se tratar, fazer sua analise. Junto com elas vem a contrapartida, ou seja, as razões para querer continuar como está, quando se justifica dizendo coisas como “ não se mexe em time que está ganhando” ou “ porque logo agora eu vou mexer nisso?”.
Muitas vezes as razões para começar o tratamento e para não começar se igualam e fica aquela incerteza rondando a mente de quem já procurou o analista, mas não tem certeza de que quer mesmo começar o tratamento.
Usando este principio diríamos que ainda não estamos preparados para a terapia e talvez seja melhor voltar em outra época. Só que este dia pode ser adiado cada vez que aparece um obstáculo até que um dia a vida inteira passou e não resta muito a fazer além de se conformar com o que jamais pôde ser resolvido.
Viveremos então em circunstâncias agressivas e neuróticas, sem um equilíbrio de nossas ações e reações, sofremos com algo que sentimos, mas não sabemos quais sejas ou ainda não aceitamos estas condições. Elevando assim estados de angustias, dificuldades de um sono reparador, relações conturbadas marital ou filiais, em fim uma humanidade sem equilíbrio físico e principalmente psíquico.
Fazer terapia requer coragem e determinação. Não dá para esperar resultados exuberantes em um mês ou dois. A coisa vem vindo com o tempo e quanto menos se espera o resultado aparece. Às vezes vem como uma solução eficaz, às vezes se instala na vida do sujeito de modo silencioso ou então demora mais um pouco e produz efeito mais modesto, mas de qualquer modo a terapia traz soluções. É um investimento para o resto da vida.

Somo humanos, a prática da humanidade e suas imperfeições, não estão em aceitar as “coisas” como são e sim ter uma vida equilibrada, condigna, não estar em busca da felicidade, mas se sentir feliz com o que somos e como somos. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

PSICOTERAPIA PSICANALITICA

·         Curso Livre de Capacitação em Psicanálise-SPOB-POLO/RS

Grupo VIII-RS - Módulo XVII -  Psicoterapia Psicanalítica.
Dias – 11 e 12 de Setembro
A TEORIA E TÉCNICA PSICANALÍTICA

UM BREVE HISTÓRICO

Neste pouco mais de século de psicanálise, Freud ainda existe e creio, sempre existirá. A sua genialidade dificilmente se apagará com o tempo, ele foi muito futurista para que isto aconteça, suas concepções originais hão de ser obrigatoriamente lidas pelos analistas atuais. Porém, e não poderia deixar de ser, a releitura de Freud deve passar por um crivo de atualização, não se pode comentar Freud e sua obra, como se ela fosse escrita recentemente, como se os dias em que ele viveu fossem os de hoje, e por incrível que pareça, há quem critique Freud nestes termos. Ao invés disto, todos os preceitos postulados por Freud, tem que ser conhecidos (resistência, transferência, neutralidade, abstinência, associação livre etc. etc.), porém olhado e compreendido por um outro vértice, atualizado, e porque não, algo modificado, já que o próprio Freud afirmava que, não tinha a pretensão de deixar uma obra completa, muito pelo contrário, que muito teria que ser elaborado.
Num olhar nostálgico, vemos que nos seus primórdios, o analista atuava de uma forma que forçava seus pacientes através da hipnose e ab-reação, numa procura de traumas passados, que esclarecidos, curava-se o paciente (caso Ana O. de Breuer), posteriormente Freud introduz a regra fundamental da associação livre, ao invés da hipnose, e aos poucos vai se deparando e construindo sua teoria (resistência, transferência, fobias, obsessão) com seus casos clínicos, numa postura mais investigativa-científica, do que terapêutica. Seu analisando, Ferenczi, vem a se preocupar mais com o lado terapêutico da psicanálise, sendo este, a meu ver, o precursor da psicanálise vincular. Melanie Klein dá uma guinada na psicanálise, com sua análise de crianças, introduzindo seus conceitos sobre fantasias primárias, com uma postura técnica de interpretação maciça de todo material. Os seus seguidores, principalmente Paula Heimmam e H.Racker, dão uma nova guinada revolucionária, privilegiando dentro da técnica, as reações contratransferenciais do analista, humanizando ou "des-deusando" o analista, como aquele que, nada sente, só entende. Assim como Freud, Klein também tem seus dissidentes, como Winnicot, que ao discordar das fantasias precoces e arcaicas postuladas por Klein, dá uma valoração oposta, ao papel real da mãe, no vínculo mãe-bebê. Entre Klein e Winnicott, assim como um intermediário, surge um grande pensador, Wilfred Bion, que sem abandonar os postulados de M. Klein, de fantasias inconscientes, privilegia o conceito de continente-conteúdo e com um novo vértice transformador é o precursor da psicanálise contemporânea. J. Lacan dizendo "reler" Freud dá uma nova roupagem aos seus postulados, numa postura de quem quase divide a psicanálise em Lacanianos e Kleinianos, sendo os Kleinianos sim, prolongadores e aperfeiçoadores do Freudismo. Na América, sob os auspícios de Anna Freud, Hartman e Kout elaboram as psicanálises do Ego e do Self, numa abordagem mais expressiva e psicoterapêutica. E por fim, a psicanálise contemporânea, que como já citei, respalda-se nos preceitos básicos da psicanálise, porém atualizando-os, privilegiando o vínculo, a intersubjetividade, do que brota na relação entre analista-analisando.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

PSICOTERAPIA PSICANALITICA


Curso Livre de Capacitação em Psicanálise -SPOB-POLO/RS

Grupo VIII-RS- Módulo de Psicoterapia Psicanalítica.
Dias – 11 e 12 de Setembro
A TEORIA E TÉCNICA PSICANALITICA

INTRODUÇÃO

A psicoterapia psicanalítica ou, talvez mais corretamente, psico-terapia orientada psicanaliticamente, é uma forma de psicoterapia amplamente usada e muito eficaz. Apesar disto, não é uma entidade nitidamente definida, e o termo é aplicado a muitas formas diferentes de psicoterapia. Aqui tentaremos o seguinte: definir esta forma de psicoterapia; indicar sua relação com outras formas de psicoterapia, particularmente a psicanálise; formular os princípios teóricos nos quais pode ser baseada; e delinear os métodos técnicos para efetuar esta forma de tratamento.
Falar sobre técnica psicanalítica, teoricamente torna-se uma tarefa difícil, já que dentro do consultório, o que menos usa o analista, são seus preceitos teóricos conscientes e muito mais sua empatia e intuição, além de suas vivências contratransferenciais. E esta maneira de "ser" psicanalítica, mais se aprende, vivenciando-se na sua práxis, do que estudando na teoria. Daí a importância tão propalada da análise didática e das supervisões. Porém algo há que possa ser ensinado e de alguma forma aprendido.
 A atitude interna e externa do analista frente a seu paciente nas diversas fases do processo analítico
O objetivo deste módulo de teoria e técnica psicanalítica vai ser de tentar transmitir aos colegas de como funciona a mente do analista, quando em seu consultório, se defronta diante de si, seu paciente eliciando material distorcido pelas resistências, transferências, inverdades, medos de mudanças, e com isto, boicotando-se e boicotando ao analista, este tenha que ter a capacidade de nas "entrelinhas", entendê-lo, conter suas angústias, dar uma re-significação, um nome, ao que o paciente inconscientemente estar a dizer, e retornar este material "intoxicado", agora devidamente "desintoxicado", para que o paciente adquira uma compreensão interna do seu "modus operandis" e possa dar um outro sentindo a sua vida. E eu posso garantir-lhes, de antemão, que grande parte desta tarefa, desta comunicação paciente-analista, acontece de inconsciente a inconsciente tendo que, para isto, o analista em formação, adquirir (aprender-automatizar), nos moldes de como se aprende a dirigir um carro, de início teorizando algo que deva ser automático, não teorizável, adquirindo uma atitude mental interna "suigeneris" que só quem já experimentou sabe o que seja, pois beira a um pensamento transcendental, que induz ao analista uma atitude analítica, no seu vínculo com seu paciente.