INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

terça-feira, 17 de março de 2015

O SENTIDO DA VIDA NO HOMEM MODERNO



 O SENTIDO DA VIDA NO HOMEM MODERNO

Castilho Sanhudo

Homens da modernidade ou da antiguidade sempre buscavam ou ainda buscam refúgios nos mais diversos sistemas da sociedade onde convive seja no divertimento ou em um estado de embriagues em seu psico-social.
Alguns homens, levados pelo horror vacui (em sentido espiritual), refugiam-se num estado de embriagues qualquer, seja sob forma de divertimento ou de trabalho, causador de um sentimento de tedium vitae. É o vazio espiritual que conduz à neurose dominical em permanência, e podemos encontrá-lo atrás de uma laboriosidade profissional excessiva, no refúgio de uma atividade desportiva, na fuga neurótica para o mundo do romance ou televisão nos fenômenos psicológicos de massa, no decaimento psicofísico dos aposentados, na necessidade de nunca se deixar descansar ou na febre de novas experiências, especialmente na agressividade, na adição e no alcoolismo. (XAUSA, 1988, p. 149)
Neste interin é importante enfatizar a problemática do ser humano sobre o sentido da vida que a priori já está em sua essência e na própria história da humanidade.
No passado a religião era o principal sentido para o homem, sua realização estava diretamente envolvida com a fé.
Na idade Média a crença em Deus era quase total, o cristianismo era a religião que prevalecia.
A religião absorvia o homem quase que totalmente, construíram-se catedrais, a língua comum era o Latim, na sociedade a hierarquia eclesiástica estava no topo, inclusive parte das guerras eram por motivos religiosos.
A modernização do mundo em uma transformação rápida e absorvente, as ciências e a tecnologia dominam o cosmo, levando a uma grande crise de valores.
A modernidade produziu o desencanto da razão, pois não resolve os problemas fundamentais da existência; produziu o desencanto da política, pois nenhum sistema apresenta uma utopia que satisfaz todas as aspirações do homem, produz um desencanto com as instituições, inclusive com a Igreja, pois essas perderam a solidez. (ZILLES, 1993, p. 38)
O ser humano nesta época de modernidade traz consigo alterações muitas vezes dramáticas em seus próprios sistemas de organizações, padrões de valores, em suas aspirações sociais e econômicas e em seu sentido de vida, ele se sente despersonalizado.
O sujeito torna-se essencialmente fragmentado e descentrado no seu ser íntimo, incapaz de unificar suas experiências, incapaz de projetar-se no tempo.
Urbano Zilles nos coloca:
“O que contatamos hoje, é um mundo do progresso técnico-científico, carente de sentido mais profundo.” (ZILLES, 1993, p. 44).
É justamente esta vontade de sentido que hoje se encontra amplamente frustrada. Cada vez mais o homem moderno é acometido de uma sensação de falta de sentido, que geralmente vem acompanhada de uma sensação de ‘vazio interior’, aquilo que descrevi e denominei de ‘vazio existencial’. Manifesta-se principalmente através de tédio e indiferença. Neste sentido, o tédio representa uma perda de interesse pelo mundo, enquanto a indiferença significa uma falta de iniciativa para melhorar ou modificar algo no mundo. (FRANKL, 1992, p. 78, grifo do autor).
Assim, no mundo moderno onde há grande valorização da ciência, o homem se torna um ser sem sentido. Sem um valor maior, para orientar sua vida, o homem torna-se um ser jogado no mundo, sem perspectivas para viver, não encontra um fio condutor para orientar a sua vida, dar sentido a sua existência, ou a sua razão de viver.
São nestes estados em que desenvolve a angustia do sentido do nada, a terapia faz com este Ser se reencontre consigo mesmo e a psicanálise, traz as reflexões interna do analisando para a busca do seu sentido de vida e a qualidade de seu viver. 
Viver com qualidade é viver mais feliz consigo mesmo e com os outros.
VIVA A VIDA