O
SENTIDO DA VIDA NO HOMEM MODERNO
Castilho Sanhudo
Homens da modernidade ou da
antiguidade sempre buscavam ou ainda buscam refúgios nos mais diversos sistemas
da sociedade onde convive seja no divertimento ou em um estado de embriagues em
seu psico-social.
Alguns homens, levados pelo horror vacui (em sentido
espiritual), refugiam-se num estado de embriagues qualquer, seja sob forma de
divertimento ou de trabalho, causador de um sentimento de tedium vitae. É o
vazio espiritual que conduz à neurose dominical em permanência, e podemos
encontrá-lo atrás de uma laboriosidade profissional excessiva, no refúgio de
uma atividade desportiva, na fuga neurótica para o mundo do romance ou
televisão nos fenômenos psicológicos de massa, no decaimento psicofísico dos
aposentados, na necessidade de nunca se deixar descansar ou na febre de novas
experiências, especialmente na agressividade, na adição e no alcoolismo. (XAUSA,
1988, p. 149)
Neste interin é importante
enfatizar a problemática do ser humano sobre o sentido da vida que a priori já
está em sua essência e na própria história da humanidade.
No passado a religião era o principal
sentido para o homem, sua realização estava diretamente envolvida com a fé.
Na idade Média a crença em Deus era
quase total, o cristianismo era a religião que prevalecia.
A religião absorvia o homem quase
que totalmente, construíram-se catedrais, a língua comum era o Latim, na
sociedade a hierarquia eclesiástica estava no topo, inclusive parte das guerras
eram por motivos religiosos.
A modernização do mundo em uma
transformação rápida e absorvente, as ciências e a tecnologia dominam o cosmo,
levando a uma grande crise de valores.
A modernidade produziu o desencanto da razão, pois não resolve
os problemas fundamentais da existência; produziu o desencanto da política,
pois nenhum sistema apresenta uma utopia que satisfaz todas as aspirações do
homem, produz um desencanto com as instituições, inclusive com a Igreja, pois
essas perderam a solidez. (ZILLES, 1993, p. 38)
O ser humano nesta época de
modernidade traz consigo alterações muitas vezes dramáticas em seus próprios
sistemas de organizações, padrões de valores, em suas aspirações sociais e
econômicas e em seu sentido de vida, ele se sente despersonalizado.
O sujeito torna-se essencialmente
fragmentado e descentrado no seu ser íntimo, incapaz de unificar suas
experiências, incapaz de projetar-se no tempo.
Urbano Zilles nos coloca:
“O que contatamos hoje, é um mundo
do progresso técnico-científico, carente de sentido mais profundo.” (ZILLES, 1993,
p. 44).
É justamente esta vontade de sentido que hoje se encontra
amplamente frustrada. Cada vez mais o homem moderno é acometido de uma sensação
de falta de sentido, que geralmente vem acompanhada de uma sensação de ‘vazio
interior’, aquilo que descrevi e denominei de ‘vazio existencial’. Manifesta-se
principalmente através de tédio e indiferença. Neste sentido, o tédio
representa uma perda de interesse pelo mundo, enquanto a indiferença significa
uma falta de iniciativa para melhorar ou modificar algo no mundo. (FRANKL, 1992,
p. 78, grifo do autor).
Assim, no mundo moderno onde há
grande valorização da ciência, o homem se torna um ser sem sentido. Sem um
valor maior, para orientar sua vida, o homem torna-se um ser jogado no mundo, sem
perspectivas para viver, não encontra um fio condutor para orientar a sua vida,
dar sentido a sua existência, ou a sua razão de viver.
São nestes estados em que
desenvolve a angustia do sentido do nada, a terapia faz com este Ser se reencontre
consigo mesmo e a psicanálise, traz as reflexões interna do analisando para a
busca do seu sentido de vida e a qualidade de seu viver.
Viver com qualidade é viver mais feliz consigo mesmo e com os outros.
VIVA A VIDA