INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sábado, 9 de agosto de 2014

Psicologia do Desenvolvimento segundo Anna Freud

Psicologia do Desenvolvimento segundo Anna Freud

Anna Freud, nascida em Viena, 1895, filha caçula de Sigmund Freud, se dedicou mais que seu pai a descrever a dinâmica do adolescente. Atribuiu à puberdade como fator marcante na formação de caráter. O processo fisiológico de maturação sexual, com o funcionamento das glândulas sexuais influencia diretamente a esfera psicológica, acentuando as relações entre o id (impulsos instintivos) e o ego (que é governado pelo princípio da realidade) e o superego (consciência). Esta interação resulta no redespertar instintivo das forças libidinais que, por sua vez, ocasionam o aparecimento do desequilíbrio psicológico. Assim, um dos aspectos da puberdade é o esforço para se restabelecer o equilíbrio interno.

Durante o período de latência, o superego da criança se desenvolve através da assimilação dos valores e princípios morais que lhe são apontados pelas pessoas com as quais ela se identifica. Esse processo substitui o medo infantil do mundo exterior pela ansiedade produzida pelo superego ou consciência. Desenvolve o senso do certo e do errado e experimenta sentimentos de culpa, quando seu comportamento discorda do código moral. Assim, a ansiedade do superego resulta da identificação com seus pais ou outras autoridades importantes e da interiorização do sistema de valores morais destes.

Durante a infância a inibição dos impulsos do id, no mais das vezes, se deve ao medo do castigo, originado no ego, e aparece quando o comportamento inspirado pelo id se materializa. O comportamento é também controlado pelo poder parental de recompensar, física ou psicologicamente. Durante a pubescência, o ego, cedendo aos impulsos do id, entra em conflito com os padrões morais já interiorizados do superego. A criança experimenta a frustração interna quando uma figura de autoridade interfere na obtenção do objeto almejado. O pubescente, por outro lado, experimenta frustração interna uma vez que a obtenção do objeto visado é dificultada por inibições internas originárias da consciência. O superego possui também o poder de dar recompensa através do ego ideal. Durante a pré-pubescência, a quantidade de energia instintiva começa a crescer e pode estar ligada a qualquer impulso do id e não somente aos impulsos sexuais. Esta mudança no mecanismo de controle, de externo para internos, leva as faculdades mentais a um estado de desequilíbrio. Assim, pode-se observar a intensificação das tendências agressivas, perversidade, preocupação com a sujeira ou desordem, brutalidade e tendências exibicionistas.

O advento da maturidade sexual cria um aumento perturbador da influência libidinal sobre a esfera psicológica; há um redespertar temporário ou uma regressão aos estágios anteriores de desenvolvimento.

Anna Freud afirma que um segundo complexo de Édipo ocorre no início da pubescência, onde os impulsos edipianos se tornam totalmente conscientes e são usualmente gratificados ao nível da fantasia. O superego recém-desenvolvido entra no conflito, produzindo ansiedade, e assim provoca o aparecimento de todos os métodos de defesa de que o ego dispõe, segundo a extrutura neurótica.

Anna Freud trata principalmente do desenvolvimento desviado ou patológico e dá pouca atenção ao ajustamento sexual normal, mas descreve claramente dois perigos possíveis para o desenvolvimento normal:
a)     o id pode suplantar o ego e a entrada na fase adulta da vida será marcada por um tumulto na satisfação desinibida dos instintos;
b)    o ego pode sobrepujar o id e confiná-lo numa área limitada, mantendo-o constantemente refreado por numerosos mecanismos de defesa.


Dentre os muitos mecanismos de defesa que o ego pode fazer uso, Anna Freud considera dois como típicos da pubescência: o asceticismo e a intelectualização. Ambos existem antes da pubescência, mas se tornam especialmente importantes neste período. O asceticismo do adolescente é devido a desconfiança generalizada de todos os desejos instintivos. Esta desconfiança vai muito além da sexualidade, incluindo a alimentação, o sono e até mesmo os hábitos de se vestir. O aumento dos interesses intelectuais e a mudança dos interesses concretos para os abstratos são tidos como mecanismo de defesa contra a libido. Isto naturalmente enfraquece as tendências instintivas quando na vida adulta, e novamente a situação torna-se “prejudicial ao individuo”. Anna Freud considera que as “instituições do ego, que resistem ao massacre da puberdade sem ceder, geralmente permanecem inflexíveis por toda a vida; inabordáveis e insuscetíveis de correção, que a realidade em mudança exige”. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

PSICANÁLISE: MÉTODO E FORMA DE ATUACÃO

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL

PROJETO BRASIL – 1996 – ANO DA EXPANSÃO
CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
A SPOB no Brasil
Em julho de 1996, na Cidade de Salvador – Bahia – a SPOB implantou sua primeira turma de formação de Psicanalistas. Logo em seguida, foram abertas turmas em Recife (PE), Florianópolis (SC) e São Paulo (SP). Daquele ano até agora (Agosto,2014), já foram concluídas  mais de 100 turmas em todos os Estados Brasileiros (e algumas cidades do interior), com mais de 3.000 psicanalistas formados. São decorridos quase 18 anos e a SPOB orgulha-se de dizer, que é a maior Sociedade Psicanalítica da América Latina.
            Com sede em Niterói, Estado do Rio de Janeiro.     Nosso processo constitui-se de Análise Didática, Estágio Supervisionado com pacientes/pilotos e aulas teóricas. Não abrimos mão de manter a qualidade do ensino que ministramos, tendo o aluno que auferir acima de 70% de rendimento nas aulas teóricas e submeter-se à Análise Didática (análise pessoal).
     A profissão de psicanalista é livre no Brasil, não regulamentada, mas reconhecida como profissão pela CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, código nº. 2515-50 – Psicanalista – Analista (psicanálise), e em nosso ordenamento jurídico não existe nenhuma Lei que proíba a existência de cursos de Psicanálise e muito menos que impeça o exercício da profissão.
PSICANÁLISE: MÉTODO E FORMA DE ATUACÃO
A função primordial da clínica psicanalítica — a análise — é buscar a origem do sintoma, ou do comportamento manifes­to, ou do que é verbalizado, isto é, integrar os conteúdos incons­cientes na consciência com o objetivo de cura ou de autoconhecimento. Para isso, é necessário vencer as resistências do indi­víduo, que impedem o acesso ao inconsciente.
O método para atingir esses objetivos é o da interpreta­ção dos sonhos, dos atos falhos (os esquecimentos, as substitui­ções de palavras etc.) E as associações livres. Em cada um des­ses caminhos de acesso ao inconsciente é a história pessoal que conta. Cada palavra, cada símbolo tem um significado particu­lar para cada indivíduo. Por isso é que se diz que, a cada nova situação, repete-se a experiência inaugurada por Freud.
É comum imaginarmos a Psicanálise acontecendo num con­sultório com um paciente deitado num diva, até porque esta tem sido, tradicionalmente, a sua prática. Porém, coexistindo com isto, é possível observar o esforço de estudiosos no sentido de ampliar o raio de contribuição da Psicanálise aos fenômenos de grupos, às práticas institucionais e à compreensão de fenôme­nos sociais, como a violência e a delinquência, por exemplo. Aliás, o próprio Freud, em várias de suas obras — O mol­estar na civilização, Psicologia de massa e análise do ego, Re­flexões para os tempos de guerra e morte —, coloca questões sociais e ainda atuais como objeto de reflexão.
Portanto, além das contribuições para a revisão de práti­cas profissionais, buscando, por exemplo, um atendimento ao doente mental que supere o isolamento dos manicômios, a maior contribuição da Psicanálise é indicar que o mais importante na sociedade não é a representação que ela faz de si, ou suas mani­festações mais elevadas, mas aquilo que está além dessas apa­rências. Isto é, a angústia difusa, o aumento do racismo, a vitimização das crianças, o terrorismo. Em suma, a Psicanálise nos faz ver aquilo que mais nos incomoda: a possibilidade constan­te de dissociação dos vínculos sociais.