INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Erotomania – A Síndrome do “amor platônico”

A erotomania é uma doença crônica e refratária ao tratamento psicoterápico. Em alguns casos, a doença chega a ser incapacitante. Também chamada de Síndrome de Clèrambault, consiste na convicção delirante, por parte do paciente, de que alguém de posição social mais elevada o ama. Ele acredita que o seu objeto de amor declarou-se para ele, de alguma maneira: por sinais ou frases ocasionais a outras pessoas, mas que acredita ter sido direcionada a ele. Diante da percepção do envolvimento do ser amado com terceiros surge o despeito e diante de sua rejeição, o rancor. Quando o paciente erotomaníaco alcança o estágio de rancor, depois de repetidas rejeições que sofre, não raro exerce retaliações contra seu objeto de amor.

O típico portador da erotomania leva uma vida reservada, socialmente inexpressiva. Esse transtorno pode acometer tanto homens quanto mulheres. Muitos desses pacientes são privados de contato sexual por anos e são pouco atraentes. Esse comportamento pode resultar de traços de personalidade hipersensível, desconfiança acentuada ou mesmo uma assumida superioridade em relação às outras pessoas. Por outro lado, os objetos de amor delirante são sempre superiores em inteligência, posição social, aparência física e autoridade. Esta síndrome pode apresentar-se associada a diversos transtornos mentais, como transtorno delirante persistente, esquizofrenias, transtorno afetivo bipolar. Registros forenses indicam que existe um potencial considerável para comportamento violento e vingativo em pacientes erotomaníacos, principalmente os do sexo masculino.

Antes de ser denominado de erotomania pelo psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault (1872-1934) este delírio foi batizado por, Jean-Etiénne Esquirol de: Delírio de “monomania erótica” ou “a loucura do amor casto”. Essa síndrome é formada por uma série de idéias e interpretações delirantes da realidade que surgem de modo súbito como o amor à primeira vista. Estas ideias delirantes trazem uma sustentação universal a favor daquele amor incluindo telefonemas, viagens e perseguições. A primeira fase dessa síndrome é a fase da esperança, quando o sujeito se crê amado de forma convicta, inabalável. Ele se sente orgulhoso disso. A segunda fase é a do despeito, quando o sujeito tem pelo objeto, ao mesmo tempo, sentimentos de conciliação e de vingança, baseados em seu orgulho ferido, pela falta de correspondência de seus sentimentos. E a terceira e última fase é a do rancor, quando o sujeito passa a sentir ódio do objeto e a fazer-lhe falsas acusações e ameaças de vingança, assim como a se sentir ameaçado e perseguido pelo objeto.