A
erotomania é uma doença crônica e refratária ao tratamento psicoterápico. Em
alguns casos, a doença chega a ser incapacitante. Também chamada de Síndrome de
Clèrambault, consiste na convicção delirante, por parte do paciente, de que
alguém de posição social mais elevada o ama. Ele acredita que o seu objeto de
amor declarou-se para ele, de alguma maneira: por sinais ou frases ocasionais a
outras pessoas, mas que acredita ter sido direcionada a ele. Diante da
percepção do envolvimento do ser amado com terceiros surge o despeito e diante
de sua rejeição, o rancor. Quando o paciente erotomaníaco alcança o estágio de
rancor, depois de repetidas rejeições que sofre, não raro exerce retaliações
contra seu objeto de amor.
O típico
portador da erotomania leva uma vida reservada, socialmente inexpressiva. Esse
transtorno pode acometer tanto homens quanto mulheres. Muitos desses pacientes
são privados de contato sexual por anos e são pouco atraentes. Esse
comportamento pode resultar de traços de personalidade hipersensível,
desconfiança acentuada ou mesmo uma assumida superioridade em relação às outras
pessoas. Por outro lado, os objetos de amor delirante são sempre superiores em
inteligência, posição social, aparência física e autoridade. Esta síndrome pode
apresentar-se associada a diversos transtornos mentais, como transtorno
delirante persistente, esquizofrenias, transtorno afetivo bipolar. Registros
forenses indicam que existe um potencial considerável para comportamento
violento e vingativo em pacientes erotomaníacos, principalmente os do sexo
masculino.
Antes de
ser denominado de erotomania pelo psiquiatra francês Gaëtan Gatian de
Clérambault (1872-1934) este delírio foi batizado por, Jean-Etiénne Esquirol
de: Delírio de “monomania erótica” ou “a loucura do amor casto”. Essa síndrome
é formada por uma série de idéias e interpretações delirantes da realidade que
surgem de modo súbito como o amor à primeira vista. Estas ideias delirantes
trazem uma sustentação universal a favor daquele amor incluindo telefonemas,
viagens e perseguições. A primeira fase dessa síndrome é a fase da esperança,
quando o sujeito se crê amado de forma convicta, inabalável. Ele se sente
orgulhoso disso. A segunda fase é a do despeito, quando o sujeito tem pelo
objeto, ao mesmo tempo, sentimentos de conciliação e de vingança, baseados em
seu orgulho ferido, pela falta de correspondência de seus sentimentos. E a
terceira e última fase é a do rancor, quando o sujeito passa a sentir ódio do
objeto e a fazer-lhe falsas acusações e ameaças de vingança, assim como a se
sentir ameaçado e perseguido pelo objeto.