CURSO LIVRE DE
FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
PSICODINÂMICA
DAS NEUROSES
- Ocorrerá nos
dias 17 e 18 de Março.
INTRODUÇÃO
O fato de uma teoria científica
emergir a partir de uma série de acontecimentos observados empiricamente
implica num conjunto de conceitos que não são retirados da simples observação,
mas de construções teóricas, ou se preferirmos, ficções teóricas, que permitem
uma inteligibilidade distinta daquela descrição empírica. Esses conceitos não
descrevem o real, eles produzem o real, permitindo uma descrição segundo um
tipo de articulação que não pode ser retirada desse próprio real enquanto
“dado”.
O Ser Humano, enquanto nascituro, é um ser de
necessidades, marcado pela própria natureza humana. Traz, em sua origem, fatores biológicos (nature)
e fatores ambientais (nurture) que, interagindo, marcarão o desenvolvimento da
personalidade. Freud muito bem descreve esses fatores nas “séries
complementares”, quando refere ao heredoconstitucional e sobre antigas
experiências emocionais (transgeracionais), ou seja, a “memória afetiva”.
Este mesmo Ser, ao nascer, será assinalado pela “natureza
da cultura”, enquanto assujeitado a um “outro” e, desde o início, marcado por
normas sociais, bem como adaptado a valores culturais, ao que Freud vem chamar
de “experiências traumáticas” na vida de cada um. Assim todo sujeito humano, em
seu comportamento, poderá surpreender a qualquer um e a si mesmo, pois há
elementos determinantes de certos atos atuando em diferentes níveis e que
compõem os processos mentais.
Freud foi o primeiro a clarificar
a importância que tem para a nossa vida e desenvolvimento psíquico, a relação
com outras pessoas. As primeiras
relações, que a princípio e, na maioria das vezes se restringem à mãe, estendem-se
aos demais, os pais, os irmãos, avós e tios, para mais tarde surgir a relação
com outras pessoas. Nos estágios
iniciais da vida, a criança tem uma atitude egocêntrica, no desenvolvimento de
suas relações de objeto. As relações inadequadas e insatisfatórias com os
objetos podem impedir o desenvolvimento das funções do ego, e assim
provavelmente, estará preparando terreno para graves dificuldades psicológicas
na vida adulta.
Em uma das fases do desenvolvimento
da libido, a criança inicia relações objetais que se convertem em relações as
mais intensas e decisivas de sua vida. A partir de então, os desejos e as
pulsões mais ativas e impetuosas que a criança experimenta são impulsos
fálicos.
A “relação de objeto” designa um
modo de relação do bebê com seu mundo, resultado originário de uma determinada
organização da personalidade e apreensão fantásticas dos objetos (LA PLANCHE
& PONTALLIS, 1998). Essas relações
de objetos se agrupam sob o Complexo de Édipo, e são da maior importância para
o desenvolvimento mental normal, quanto patológico.
na estruturação da personalidade e na
orientação do desejo humano. A criança, em seu desenvolvimento, sente um conjunto organizado
de desejos amorosos e hostis em relação ao casal parental. Em Freud, o Complexo
de Édipo tem seu apogeu em torno de três a cinco anos, durante a fase fálica,
quando o seu declínio marca a passagem para o período de latência. O conflito
edipiano é gerado de forma diferenciada em cada sexo e tem que ser resolvido
sob a pressão da realidade. As sequelas desse conflito permanecem em estado
inconsciente no id.
Os fenômenos mentais, tais como sentimentos, pensamentos e
comportamentos são resultantes de forças motivacionais ou dirigidas para um
objetivo, pois são interatuantes e opostas, vindo explicar os fenômenos mentais
em determinados aspectos da teoria psicanalítica. Com o conceito de aparelho
psíquico, Freud vem explicar, através de sua proposta de estruturação
tripartite da mente, a interação dessas forças, esclarecendo processos,
desenvolvimentos, progressões, regressões e fixações. O id vem representar as pulsões instintivas; o
ego, a instância executiva e inibidora, e o superego, a influência da
consciência e dos ideais.