SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA
DO BRASIL
CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
13º Módulo - FUNDAMENTOS
DA TÉCNICA PSICANALÍTICA-I
Nos dias 15 e 16
de Maio – Rua Profº Annes Dias 166,103
INTRODUÇÃO
O QUE É PRECISO FAZER PARA SER UM
PSICANALISTA?
A resposta para esta pergunta, a princípio, parece muito simples. Para
ser um psicanalista é preciso fazer uma formação que inclua seminários teóricos
e clínicos sobre psicanálise, supervisões dos casos atendidos e tratamento
pessoal. Um psicanalista tem que acreditar e trabalhar encima dos preceitos
fundamentais da psicanálise que são: o Complexo de Édipo, o recalcamento, a
resistência, a transferência, o inconsciente e a sexualidade infantil.
No entanto, em
1937, Freud escreve que existiam três profissões impossíveis, que seriam a de
educar, a de governar e a de analisar.
Porque, quase no fim da vida, deixa-nos essa mensagem?
A
teoria psicanalítica é muito fácil de aprender se for comparada com a prática.
Porém, o psicanalista que mais sabe, nem sempre é o que melhor faz. Talvez,
justamente, o que melhor faz seja aquele que mais suporta que não sabe. A
psicanálise lida sempre com o desconhecido, com o imprevisto. Partindo dessas
afirmações, pode-se pensar que o mais importante para ser um psicanalista não é
possuir uma bagagem de conhecimentos adquiridos em seminários e supervisões.
Para ser um psicanalista é preciso ter uma atitude psicanalítica, que é
desenvolvida, principalmente, através da
análise pessoal. Essa atitude pode-se comparar com as condições necessárias
para tolerar as angústias e os imprevistos de um longo percurso pelo inconsciente.
No entanto, não basta conhecer o inconsciente, mas vivenciar na dupla
(paciente/analista) e aprender com a experiência.
Essa
união, porém, implica em assimetria e em reconhecimento das diferenças, dos
limites, da não infalibilidade do analista e de que ele não é dono da verdade e
nem das respostas. A única certeza que temos em psicanálise é de que não existe
uma certeza. Paciente e analista devem estar dispostos a caminharem juntos e se
defrontar com o que aparecer. Ambos melhorando e se superando, um aprendendo
com o outro.
Um
analista precisa estar comprometido com a tarefa de tentar ajudar a
“criança” de seu paciente a
encontrar o adulto que está dentro dele
e também mostrar que mesmo ele sendo um adulto ainda é uma criança. Ser
psicanalista é buscar a sua verdade e a de seu paciente, por mais dolorida e
insuportável que seja pelos mais obscuros lugares do inconsciente. Para ser
psicanalista é preciso suportar a angústia do não saber.