“Quando o
sofrimento não pode expressar-se
pelo pranto, ele
faz chorarem
os outros órgãos”.
W. Motsloy
Para a Psiquiatria os transtornos psicossomáticos
são considerados como fatores psicológicos que afetam as condições médicas de
atendimento ao sujeito adoecido em sua interação entre mente e corpo. No
Compêndio de Psiquiatria, encontramos a descrição de que fatores psicológicos
são importantes no desenvolvimento de todas as doenças. Os debates entre
estudiosos do assunto recaem sobre a iniciação, o progresso, o agravamento ou a
exacerbação de uma doença, ou então na predisposição e reação à doença,
variando de acordo com a doença.
O termo
“psicossomático” tornou-se parte do conceito mais amplo de medicina
comportamental, definido em 1978, pela Academia Nacional de Ciências
(norte-americana), como a “área interdisciplinar envolvida com o
desenvolvimento e integração dos conhecimentos e técnicas das ciências
comportamentais e biomédicas relevantes para a saúde para a doença e com a
aplicação destes conhecimentos e técnicas à prevenção, diagnóstico e
reabilitação”. Medicina comportamental, portanto, é um termo mais exclusivo
para a área da medicina psicossomática. (KAPLAN, 1997, pág. 706)
Freud demonstrou a perplexidade do
relacionamento entre fatos da vida psíquica e os da vida orgânica ao dizer
“Aquele misterioso salto da mente para o corpo”, na complexa tessitura dos
sintomas. Ao se deparar com traumas emocionais nos quais os pacientes sofriam
desencadeamento de sinais e manifestações físicas tais como paralisia, surdez,
cegueira entre outros, ele esteve diante de um episódio psicossomático. Em
1900, ao descrever a histeria conversiva e dissociativa, consideradas como
simulações, a qual tem a origem psicogênica, expunha sobre o envolvimento
somático, antecipando a questão da psicossomática. Em seu entendimento a
energia psíquica represada em função de um conflito psíquico é descarregada por
escapes fisiológicos. A histeria tem sempre uma causa e um significante
primário, representando a expressão substitutiva simbólica de um conflito
inconsciente, o qual busca uma descarga.
Ferenczi, em 1910 interpretava os
sintomas psicossomáticos como sendo reações conversivas às doenças. Para este
autor e discípulo de Freud, o conceito de histeria conversiva se aplicava aos
órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo. Essa premissa vem sendo
aplicada hoje a doenças, como por exemplo, a “colite”, a “asma brônquica”, ou
seja, como “doença psicossomática”. A
compreensão dos fenômenos mentais segue o modelo básico do “arco-reflexo” na
dinâmica psíquica. As funções mentais aproximam-se pelo mesmo ângulo das
funções do sistema nervoso em geral, cujos estímulos externos, ou provenientes
do organismo, ou do corpo, iniciam um estado de tensão que exige uma descarga
motora, ou secretória, que ao acontecer acarreta o relaxamento.
Sob este ponto de vista, pode
ser afirmado que a psicanálise busca explicar os fenômenos mentais como o
resultado da interação e da contra-ação de forças, de forma dinâmica, onde
estas forças inter-atuantes constituem o resultado do conceito de energia
psíquica, proposto por Freud.
Conteúdo pertencente à Apostila –
Fenômenos Psicossomáticos
Curso Livre de Capacitação em Psicanálise – SPOB-POLO/RS