INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Perversão infantil

Perversão infantil
Os que defendem que há perversão na infância afirmam que há uma organização perversa na criança que se manifesta precocemente e que se assemelha muito à do adulto. Outros contestam dizendo que as fantasias, os comportamentos e as vivências perversas fazem parte do desenvolvimento normal sendo, pois difícil conceber a existência de uma patologia perversa na criança.

Freud tratou do tema a partir de 1905 com a publicação dos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade e a idéia central é que a sexualidade infantil é perversa por definição, sendo a criança classificada como perverso-polimorfa. O segundo momento da abordagem de Freud sobre perversão ocorre nos textos: “Organização Genital Infantil”, “Fetichismo”, “Divisão do Ego no processo de defesa” e “Uma criança é espancada”. Nestes textos Freud parte do modelo do fetichismo e articula a perversão com recusa da castração, com divisão do ego e estabelece um vínculo entre perversão e o complexo de Édipo.

Embora Freud afirmasse a presença de uma sexualidade na infância, esta não era vista por ele como igual a do adulto, uma vez que a organização genital só seria estabelecida na adolescência. Mesmo não se realizando uma combinação adequada das pulsões parciais sob a tutela dos órgãos genitais, no auge do curso do desenvolvimento da sexualidade infantil, o interesse nos genitais e em sua atividade adquire uma significação dominante. Ao mesmo tempo, a característica principal dessa organização genital infantil  consiste no fato de que para ambos os sexos vai entrar em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o falo. A partir desta consideração a posição do sujeito será conseqüência de sua relação com o falo, e com o Édipo.

Algo muito importante na estruturação da perversão acontece no momento do complexo de Édipo, determinante na organização das estruturas clínicas. O Édipo é o "lugar onde, por excelência, se organiza a posição do desejo." Portanto a estruturação perversa será tratada segundo o eixo do Édipo e da castração, pois há uma escolha forçada que conduz o sujeito às estruturas: psicótica, neurótica ou perversa.

A criança perversa recusa a castração e a afirma simultaneamente, às custas de uma intensa divisão que possibilita que essas duas vertentes contraditórias coexistam sem se influenciarem mutuamente. Isto acontece porque ela coloca algo no lugar da falta, tal como o fetiche, que preenche o lugar tornado vazio pela castração. O perverso, agora "completo", apresenta-se como o senhor todo-poderoso, que sabe de tudo, que tudo sabe do gozo do Outro, que tem um saber sobre as mulheres. Assim, ele tenta dar uma forma a este pai que Freud descreve no mito da Horda Primitiva (Totem e Tabu) como o pai primevo, o pai mítico.

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