INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

AS DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS




INTRODUÇÃO Á PSICOSSOMÁTICA

“Quando o sofrimento não pode expressar-se
pelo pranto, ele faz chorarem
 os outros órgãos”.
 W. Motsloy
 O termo “psicossomático” pode ser usado ao referir-se metodologicamente, a um tipo de abordagem ao estudar e tratar certos distúrbios do corpo em suas funções. Porém é mais comum esse termo ser usado em sentido nosológico ou classificatório, referido a um grupo de distúrbios cuja etiologia pode estar relacionada ao menos em parte a fatores emocionais. O vocábulo “psicossomático” tem sua gênese no grego e pode ser assim entendido, “psyche”, alma e “soma”, corpo.
             Aristóteles (384-322 a.C.) que exerceu grande influência na cultura ocidental, atribuía ao coração a função de centro da atividade mental, gerando o fato de que por muito tempo o coração foi o designativo dos estados emocionais. 
As doenças psicossomáticas são aquelas produzidas por distúrbios emocionais, ou sentimentos como por exemplo, raiva, ansiedade, angustia, medo, vingança, etc
Estes sentimentos podem produzir doenças reais e físicas como a depressão, dores de barriga, diarreias, ou tremores por exemplo. 
Trata-se em resumo de emoções ou sentimentos que se  transformam com o tempo em doenças físicas.
Qualquer pessoa pode apresentar doenças psicossomáticas, que podem inclusive  se manifestar como úlceras, câncer, sinusite, hipertensão, doenças do fígado, etc
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas podem incluir:
Dor de cabeça, Angústia, Nervosismo, Dor na barriga,
Dor de estômago, Crises de gastrite,Insônia, Diarreia,
Medo, Sudorese,Taquicardia, etc
A partir de Sócrates, gradualmente surgiu à idéia de que o homem seria constituído não apenas por um substrato material, mas também de uma essência imaterial, vinculada aos sentimentos e à atividade do pensamento, a alma.
O termo “psicossomático” foi utilizado pela primeira vez em 1818 por Heinroth, psiquiatra alemão, Ao fazer referência a insônia e a influência das paixões na tuberculose, epilepsia e cancro.  
No século seguinte as descobertas de Freud permitiram uma melhor compreensão desses fenômenos. Em 1922 Deutsch reintroduziu esse termo em Viena.
De acordo com essas teorias o aparelho psíquico não é um acessório de luxo do desenvolvimento humano, mas ele exerce uma função essencial de assimilação e elaboração dos estímulos provenientes da realidade externa e do meio interior.
A patologia também faz parte dos meios do individuo para regular sua homeostase, ou suas relações com o meio.

domingo, 24 de novembro de 2013

O papel da mãe na teoria de Winnicott


Conteúdo da apostila: TEORIA PSICANALÍTICA- DONALD WOODS WINNICOTT
Curso de Capacitação em Psicanálise

            Winnicott foi um dos pioneiros a hierarquizar o papel da mãe no funcionamento mental da criança em seu desenvolvimento. O autor considerou que a mãe tem participação ativo e importante na construção do espaço mental do bebê, onde este não é apresentado como um objeto da natureza, mas como uma pessoa que necessita dos cuidados e atenção de outra pessoa para existir, ou seja, um humano cuidando de outro humano.
          A mãe participa de uma verdadeira unidade com seu filho, onde esta, como objeto externo é muito mais do que um modulador das projeções da criança, promovendo e favorecendo para que o processo de formação da mente do bebê seja bem feito. Diz o autor que a mãe ao tratar seu bebê, “ao lhe dar amor, fornece-lhe uma espécie de ‘energia vital’ que o faz progredir e amadurecer (Bleichmar & Bleichmar, 1992).
         Winnicott propõe uma “mãe suficientemente boa” por acreditar que quando esta possibilita ao seu bebê a ilusão de que o mundo é criado por ele, assim lhe concede a experiência da onipotência primária, que para o autor é a base da do fazer criativo. Para Winnicott, a percepção criativa da realidade se constitui numa experiência do “self”, pois este é o núcleo singular de cada indivíduo para o autor.
          O que está em questão na teoria winnicottiana não é a vida erótica do sujeito, mas a conquista de um lugar para viver, ou seja, a base do self no corpo, segundo Gurfinkel (1999). O desenvolvimento sadio do bebê é que possibilitará a localização do self no corpo, pois este é uma experiência que vai se construindo com o desenvolvimento a partir da dependência absoluta, pois não é uma experiência que existe desde sempre.
        Enquanto Freud escuta as queixas das paralisias de suas pacientes histéricas, Winnicott recebe uma mãe que traz uma criança que não quer comer ou que sofre de somatizações, e Melanie Klein introduz as relações interpessoais em sua produção brilhante e revolucionária. O papel da mãe é cada vez mais considerado. Assim a posição de uma postura edípica passa para uma posição bipessoal, do falo ao seio, do triangulo à relação com a mãe ao estudar o primeiro vínculo emocional com a mãe, em termos de experiências sensoriais, afetivas e de constituição do psiquismo.
        Winnicott propõe a noção de um ser humano que já traz em si as potencialidades do viver, por acreditar no potencial criativo humano. O que constitui a natureza humana e está em jogo nesta, é o seu acontecimento como ser humano, ou seja, a sua continuidade de “ser” como pessoa. O autor recusa a objetificação do ser humano, ou seja, o autor recusa o naturalismo e o determinismo, pois o ser humano não é um mero fato, um efeito de causas, uma coisa em conexão causal com outras coisas da natureza.    
       Para este autor o inicio dos problemas psicológicos do ser humano está no vínculo entre o recém-nascido e a mãe, pois a base da estabilidade mental está na dependência das experiências iniciais do bebê e sua mãe, e principalmente de seu estado emocional.   Para Winnicott há três espaços psíquicos na estruturação do ser humano: o interno, o esterno e o transicional. O espaço transicional se constitui numa zona intermediária que vai do narcisismo primário até o ajuizamento da realidade, pois o autor acredita que no início há objetos que não são internos, como também não são externos, só depois vira a delimitação entre ambos. A mãe ao nomear o filho unifica-o, sendo sua tarefa a de juntar os pedacinhos do bebê, permitindo assim que a criança se sinta dentro dela. O autor não considera os fatores internos tão determinantes quanto os externos, porém o “ambiente mãe” é um elemento fundamental, pois as falhas ambientais constituem a etiologia principal dos quadros psicopatológicos.
        O funcionamento da mãe é de um “ego auxiliar” da criança, PIS a sustentação que deve ser exercida pela mãe de verá ser bem sucedida para que a criança possa viver essa sustentação como uma “continuidade existencial”.   Quando esta sustentação falha, o bebê viverá uma experiência subjetiva de ameaça a qual se constitui num obstáculo para o seu desenvolvimento normal. Quando esta sustentação, a que o autor chama de “holding”, não for adequada, provoca uma alteração no desenvolvimento da criança pela incapacidade materna de interpretar as necessidades de seu bebê.