INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

domingo, 24 de fevereiro de 2013

História da Psicanálise





Conceituação

A psicanálise surgiu na década de 1890, com Sigmund Freud um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Conversando com os pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da inaceitação cultural, sendo assim reprimidos seus desejos inconscientes  e suas fantasias de natureza sexual. Desde Freud, a psicanálise se desenvolveu de muitas maneiras e, atualmente, há diversas escolas.

O método básico da Psicanálise é a interpretação da transferência e da resistência com a análise da livre associação.  O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente. Sonhos  esperanças, desejos e fantasias são de interesse, como também as experiências vividas nos primeiros anos de vida em família. Geralmente, o analista simplesmente escuta, fazendo comentários somente quando no seu julgamento profissional visualiza uma crescente oportunidade para que o analisando torne consciente os conteúdos reprimidos que são supostos, a partir de suas associações. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma postura de não-julgamento, visando a criar um ambiente seguro.

O conceito de inconsciente fora usado por Leibniz 200 anos antes de Freud, também sendo usado por Hegel para construir sua dialética hegeliana.

A originalidade do conceito de Inconsciente introduzido por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos inconscientes. É preciso diferenciar inconsciente, sem consciência, de Inconsciente, conforme elaborado por Freud, que diz respeito a uma instância psíquica basilar na constituição da personalidade.

Muitos colocam a questão de como observar o Inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente", pode-se perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu inconsciente para poder ter tido a oportunidade de verificar seu mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as coordenadas da ação do homem na sua vida diária. É nesse sentido que Freud formulou a expressão Psicopatologia da vida cotidiana. Como observá-la senão pelos efeitos inconscientes?

A pergunta por uma causa ou origem pode ser respondida com uma reflexão sobre a eficácia do inconsciente, eficácia que se dá em um processo temporal que não é cronológico, mas lógico. Não é possível abordar diretamente o Inconsciente, o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas.

Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande idéia de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação.

Correntes, dissensões e críticas

Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao longo do século XX, tendo a psicanálise encontrado seu apogeu nos anos 50 e 60
Entre as principais dissensões, registra-se a de C. G. Jung, Alfred Adler, entre outros que participavam da expansão da psicanálise no começo do séc. XX. C. G. Jung, inclusive, foi o primeiro presidente do Instituto Internacional de Psicanálise (IPA), antes de sua renúncia ao cargo e à seguidor das idéias de Freud. Houve mais dissidências importantes como O. Rank, E. Fromm. Mas o mais importante é que, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia, o inconsciente e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem puramente psicológica.

Desenvolvimentos como a psicoterapia humanista/existencial, psicoterapia reichiana, psic. transpessoal, dentre diversas e tantas terapias existentes, foram, sem dúvida, influenciadas pela tradição psicanalítica, embora tenham dado uma visão particular para os conteúdos da Psicologia Clínica.
O método de interpretar os pacientes, buscar a cura de enfermidades físicas/mentais através de um diálogo sistemático/metodológico com os pacientes, foi uma inovação trazida por Freud. Até então os avanços na área da psicoterapia eram obsoletas e tinham ou um apelo pela sugestão ou pela terapia com banhos, sangrias e outros métodos antigos no combate às doenças mentais.

Sua contribuição para a Medicina, Psicologia, e outras áreas do conhecimento humano (arte, literatura, Sociologia, Antropologia, etc.) é inegável. O verdadeiro choque moral provocado pelas idéias de Freud serviu para que a humanidade rompesse seus tabus e preconceitos na compreensão da sexualidade, e atingisse um maior grau de refinamento e profundidade na busca das verdades psicológicas que ainda estão em expansão.

Centenário

Em 1995 a Psicanálise completou um século como a ciência do Inconsciente. A Psicanálise, apesar de muitas críticas é uma ciência que se desenvolve nos estudos das enfermidades psíquicas e da dinâmica do inconsciente, com uma forte concentração na prática clínica. Embora devamos reconhecer que a psicanálise já saiu da clínica faz muito tempo e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência psicológica autônoma. Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria. De tão longa tradição e corpo teórico-prático, devemos assumir a seguinte proposição: nem toda Psicanálise é Psicologia, assim como nem toda Psicologia é Psicanálise, pois ambas estão muito misturadas em seu campo de atuação e no nível teórico, que é impossível disntiguir perfeitamente tais ciências.
Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuíram para o crescimento do corpo teórico da Psicanálise, pois todo o conhecimento científico é cumulativo e progressivo. Das grandes correntes pós-freudianas, podemos citar as contribuições de Melanie Klein, W. Bion, Anna Freud, J. Lacan e André Green. Ainda há outros muitos, mas ficam por aqui estes grandes autores da psicanálise.




    Castilho Silveira Sanhudo
Coordenador – SPOB-0POLO-RS