INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Casos psicanalíticos I- O Fetichismo Transvéstico Masculino


Quem acompanha o nosso trabalho sabe que mantemos periodicamente grupos de formação de psicanalistas, com mais de 300 profissionais formados ao longo dos últimos 10 anos. Este post, e alguns outros que colocaremos no site nas próximas semanas, trata de casos emblemáticos da Psicanálise que não são muito propalados, mas que interessam aos profissionais da área de saúde mental, principalmente aos colegas analistas que seguem sempre atualizando seus conhecimentos.

FTM
O Fetichismo Transvéstico Masculino (FTM) é um transtorno classificado como parafilia pelo DSM.IV F65.1 – 302.3
O foco do transtorno envolve vestir-se com roupas de mulher na frente do espelho. Geralmente, o homem mantém uma coleção de roupas femininas, que usa ocasionalmente em sigilo. Durante a feminização em geral se masturba, imaginando-se tanto como o sujeito masculino quanto como o objeto feminino de sua fantasia sexual.

O transtorno tem sido descrito na literatura clínica apenas em homens heterossexuais. O FTM começa com o uso das roupas da mãe na infância ou início da adolescência, quando passa a imitar os trejeitos das mulheres, quase sempre na frente de um espelho. O núcleo da fantasia é ver a própria imagem feminizada, negando a castração feminina na medida em que sabe da existência do pênis. Outro viés desse caso é que ao se ver feminizado o homem assume sua castração simbólica, o que parece ser uma alternativa possível ao Complexo de Édipo. Em alguns indivíduos, a motivação para vestir roupas femininas pode mudar ao longo das décadas, com a excitação sexual diminuindo ou desaparecendo com a proximidade da velhice. Nesses casos, o uso de roupas femininas deixa de ser um elemento de excitação para se tornar um antídoto para a ansiedade e depressão ou contribui para um sentimento de paz e tranqüilidade do paciente.

São raros os casos que chegam ao consultório. Por ser um transtorno estruturante, do tipo que acompanha o paciente pela vida toda, não é raro que os pacientes aprendam a esconder suas atividades transvésticas de todos, inclusive dos familiares mais próximos, como irmãos, pais e até esposa e filhos. São pessoas extremamente cuidadosas, detalhistas e observadoras que conseguem dissimular muito bem seus atos sem deixar vestígios. Estes homens não costumam comentar suas atividades transvésticas e geralmente chegam ao consultório com outras queixas como sofrimento emocional não localizado, que no decorrer da análise se revela como uma angústia profunda e uma necessidade de falar sobre suas paixões eróticas vividas na frente do espelho entre 4 paredes.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Quem tem Doença Psicossomática?



  • Trata-se de um trecho de artigo publicado no jornal Correio Braziliense, de 24 de janeiro de 2003. Veja:
"Médicos e psiquiatras são unânimes ao afirmar que qualquer pessoa está sujeita a desenvolver uma doença psicossomática. 
Algumas até já sofrem do mal sem perceber. A asma e a artrite (dores nas articulações), por exemplo, têm um forte fator emocional. Crianças que só começam a ter dificuldades para respirar depois de completar 5 ou 6 anos sofrem de asma psicossomática. 
A falta de ar é uma maneira de atrair a atenção dos pais. Para ter certeza de que uma doença tem origem psicológica, deve-se descartar todas as causas orgânicas primeiro. Por isso, recomenda-se uma série de exames antes de fechar o diagnostico. É importante esclarecer que, apesar de a enfermidade ser emocional, o paciente precisará de tratamento médico. ‘‘Os sintomas que ela apresenta não são imaginários e, portanto, exigem cuidados especiais’’, ensina o psiquiatra.
Outras doenças psicossomáticas comuns são a psoríase (descamação da pele), o vitiligo (perda do pigmento da pele) e a alopécia (perda espontânea de pêlos do corpo). O fato de todas afetarem a pele não é coincidência. ‘‘Depois do cérebro, a pele é o órgão com o maior número de terminações nervosas do corpo’’, explica o dermatologista Francisco Leite. ‘‘Isso quer dizer que a pele está intimamente ligada ao sistema nervoso central e, conseqüentemente, às emoções.’’
Em princípio, os pacientes nem imaginam que as irritações na pele e queda de cabelo têm fundo emocional. Mas, ao conversar com o dermatologista, acabam percebendo: o problema surgiu após um forte estresse.
A melhor maneira de acabar com o problema é tratando, simultaneamente, a pele e a mente. Por isso, além dos medicamentos tradicionais, recomenda-se terapia. Quando a pessoa ficar de bem consigo mesma, os sintomas tendem a regredir. 
O doente citado acima, por exemplo, controlou a doença logo após o novo matrimônio. O fato de se sentir amado novamente ajudou na cura".