INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A Psíque em Freud


CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL
SPOB-POLO/RS
A Psíque em Freud
Colaboração da aluna em formação- Virginia Chist
        As observações de Freud mostraram que existe uma série interminável de conflitos e acordos psíquicos. Para dar suporte a estes conflitos procurou entender a mente humana. Num primeiro momento descobriu o inconsciente, além do consciente já conhecido. Porém observou que este consciente, mais do que revelar, encobria o inconsciente. Faltava alguma coisa para explicar a complexidade da mente humana: foi quando apresentou uma nova estrutura, uma tríade.
        A psique em Freud está estruturada no Id, no Ego e no Superego.
        Id- é a parte dinâmica do eu, o repositório dos profundos impulsos instintivos e, portanto, é a parte primária da psique. Ela é inconsciente e fornece energia psíquica para o funcionamento de todo o organismo. Sua lei é a obtenção de prazer imediato. A satisfação do instinto é a “felicidade”, que conforme Hilberg (1959, p.147) “Freud muitas vezes a ela se refere como se fosse o único propósito da vida”. Mas o que pode acontecer é que a satisfação imediata dos instintos do id pode colocar o organismo em situação de perigo e assim criar um conflito com o meio social. Porém, o id não está “preocupado” porque o que interessa é o princípio de satisfação do prazer.
        Para sobreviver o organismo ativa outra parte da psique, o ego, que tem como finalidade controlar o id. O ego se organiza de forma a agir como interface entre o id e o mundo exterior e assim, reprimir a solicitação instintiva do id e ao mesmo tempo encontrar uma maneira que seja mais favorável e menos perigosa de obter satisfação considerando o meio externo. Para atingir este objetivo o ego amadurecido funciona com o princípio da realidade, se constituindo o elemento racional do eu. Estas duas instâncias da psique estão continuamente num estado de profunda tensão. Mas a psíque tem ainda uma terceira instância: o superego.
        O superego é, nas palavras de Freud e citado em Hilberg (1959, p.148) “ o sucessor e representante dos pais e educadores” e se cria acima do ego do qual se originou, como um monitor íntimo exercendo os poderes de “observação, crítica e proibição”.
        Quando o Id se manifesta, quer prazer de seus instintos e o superego, sempre atento e vigilante, ao perceber que seus limites correm perigo, atormenta o id, então o ego procura manter um estado de razão e sanidade de forma que o organismo fique preservado da concretização dos instintos de prazer do id de uma forma destrutiva.
        O conflito entre o id e o ego se dá nas profundezas da psíque, mas certamente deixam vestígios na vida social: entre o eu e o mundo exterior. Freud percebeu que existe um conflito permanente do indivíduo em direçao à humanização, isto é, da luta entre as ligações instintivas inconscientes e o ego socialmente responsável.
        Segundo Freud, a civilização exige uma crescente soma de renúncias instintivas.
“[...] a criação cultural exige soma considerável de energia psíquica, que só pode ser obtida desviando a primitiva finalidade instintiva e conduzindo-a a propósitos culturais. Isto se aplica tanto para o sexo como para a agressão, os dois grandes impulsos aos quais Freud dedicou seus estudos” (HILBERG, 1959, p.149).
        A civilização exige extensivas “restrições à vida sexual” uma vez que a atividade sexual precisa ser cuidadosamente regulada para interferir muito pouco ou nada na estrutura da sociedade. Uma boa parte da energia sexual é sublimada.
        Sublimação é o processo através do qual a libido se afasta do objeto sexual para outra espécie de satisfação. Portanto, é um processo relativo à própria pulsão e não um engrandecimento do objeto, como idealização. Com efeito, a sublimação permite a possibilidade de atingir certo grau de satisfação sexual a despeito da defesa e pode ser considerada como um alívio da pulsão. Ainda, a sublimação de uma pulsão implica que esta possa se satisfazer com os objetos de substituição e também que uma satisfação imaginária ou simbólica possa se igualar com uma satisfação real. O resultado da sublimação é o desvio da energia libidinal de suas metas originais e investida em realizações culturais, ou em realizações individuais úteis ao grupo social. E, apesar de a maioria dos indivíduos não possuírem igual aptidão para a sublimação, pois, é uma solução restrita a poucos, tal destino pulsional propicia uma solução menos infeliz para o conflito cultural da sexualidade.
        Para Freud, a sublimação é um mecanismo de defesa eminentemente positivo para a sociedade, constituindo um bem social. Pois, pode-se dizer que a maior parte das grandes personalidades e dos grandes feitos ocorridos na história humana só foram possíveis graças à sublimação. Com efeito, os grandes artistas, os eminentes cientistas, os mais importantes líderes políticos, e todas as personalidades que conseguiram se elevar acima da média eram indivíduos cujos instintos não se manifestaram tal como eram, ao invés disso, sublimaram os instintos egoístas e transformaram estas forças em realizações sociais de grande valor.
        Desde Freud, a psicanálise tem passado por algumas transformações, mas não se pode deixar de destacar  alguns os pontos fundamentais que ele formulou, como:
- a construção de um setting especial, com um número mínimo de sessões semanais, com uma série de combinações de ordem prática;
- em relação ao “paciente”, Freud foi quem primeiro estudou e descreveu as formas de resistência do pacienten à análise e a contra-resistência no analista;
- ele concebeu a presença permanente no ato analítico de uma neurose de transferência e foi ele quem pela primeira vez descreveu e nominou o fenômeno de contratransferência;
- ele descreveu o importante fenômeno dos actings e deu destaque à atividade da interpretação, junto com a aquisição de insigths e o trabalho de elaboração;
- estruturou a psíque do id, ego e superego;
- descreveu os fenômenos da fixação, da regressão e da representação;
- descreveu o fenômeno da reação terapêutica negativa;
- foi ele quem lançou as primeiras sementes dos problemas técnicos ligados aos transtornos narcisistas;
- deu grande contribuição aos aspectos psicanalíticos da linguagem: os significados opostos; como uma afirmativa ou negativa pronunciada de uma forma impulsiva pelo paciente pode ter um significado exatamente oposto;  significados de experiências emocionais ficam representadas no ego e a “gramática do psiquismo”, assim denominada por Zimerman (2004, p.33).
        “Se a Psicanálise, como método de tratamento de doentes, representa o ideal que o homem saudável pode atingir, então, a Psicanálise está fadada ao destino de todos os ideais humanos”.  (WEIZSAECKER, 1959, p.51)
LOCAL DAS AULAS – Auditório Edel trade Center , no mezzanino.
 Edeficio Edel trade Center,
 Av. Loureiro da Silva, 2001, POA/RS


domingo, 20 de julho de 2014

A Psicanálise e a educação do Ser

“ A Psicanálise e a educação do Ser”

Este Modulo será realizado nos dias 22 e 23 de Agosto, faz parte do Curso Livre de Capacitação em Psicanálise pela Sociedade Psicanalítica Ortodoxo do Brasil
LOCAL DAS AULAS – Auditório Edel trade Center , no mezanino.
 Edeficio Edel trade Center,

 Av. Loureiro da Silva, 2001, POA/RS

  • INSCRIÇÕES

 Coordenador; Castilho Sanhudo.
End. Rua Profº Annes dias,166/103 - fones (51) 84497408 / 3024 7559

e-mail- castilhoss28@hotmail.com  -  spobpolors@gmail.com

Introdução

Prof.ª  RITA GEOVANE ROSA STUMPF

Na história da psicanálise em relação à infância, no século XIX foi a sexualidade da criança. Sigmund Freud (1905), através de suas pesquisas e na prática clínica descobre: A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento e não a partir da puberdade. O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher.
No processo de desenvolvimento psicossexual, a criança tem, nos primeiros anos de vida, a função sexual ligada à sobrevivência, portanto o prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado, assim, as excitações sexuais estão localizadas nas partes do corpo, a ordem dos deslocamentos da energia instintiva de uma zona do corpo para outra é sempre a mesma, mas o nível de maturação da criança determina quando ocorrerão os deslocamentos.
Entre o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo, Freud deu-nos, sobretudo, uma descrição cronológica do desenvolvimento afetivo. O encadeamento das fases é progressivo e cada uma das sucessivas etapas (oral, anal e fálica) deixa para trás de si traços que se organizam em extratos sucessivos suscetíveis, de acordo com o caso, de cristalizar pontos de fixação, em direção dos quais convergem as eventuais regressões ulteriores.
A Psicanálise com a educação teve sua origem principalmente na França na década de 60 objetivando colocar à Psicanálise a serviço de todos. A psicanálise e a educação podem contribuir na solução das dificuldades do contexto educacional.           
            O saber do docente está relacionado com sua identidade, experiência, história profissional, com as relações com os educandos e com outros participantes na escola.
            O trabalho visto como uma atividade que se realiza e não como objeto que se olha, mas onde os saberes são mobilizados e construídos. Desta maneira o professor, sua prática e seus saberes co-pertencem, evoluem e se transformam.
            O centro de trabalho do docente são seres humanos e, por conseguinte, os saberes dos professores levam as marcas do ser humano. O trabalho do docente tem como característica querendo ou não a sensibilidade relativa as diferenças entre os alunos. Nesta situação seres humanos com histórias e experiências diferentes se encontram, momento rico de aprendizagens, de possibilidades de ser, oportunidade de perceber o diferente e levar consigo o resultado da transformação do encontro.

            O texto apresenta questões significativas: da concepção construtivista e a avaliação, o que dizem estudiosos da educação e suas reflexões, os atores do contexto educacional, distúrbios de aprendizagens, teoria psicanalítica  e seus estágios, relações marcadas pelo inconsciente e especialmente a Psicanálise e a educação do ser.