CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM
PSICANÁLISE
Módulo de Sexologia Aplicada à Psicanálise, ocorrerá nos dias 12 e 13 de Setembro,
Profº, Antônio
Lopes
Psicanalista Didata – Professor e coordenador do Curso
de Psicanálise da SPOB-SC , Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil, pós
graduando em Filosofia Clínica.
Freud desenvolve a sua teoria sobre o
desenvolvimento psicossexual, defendendo que a sexualidade é um processo que
tem o seu início com o próprio nascimento, e não apenas com a puberdade. O ato
sexual humano ocorre não apenas para a reprodução, mas também para a obtenção
do prazer e realização de uma necessidade psicofisiológica.
(Três Ensaios sobre a Teoria da
Sexualidade - 1905)
INTRODUÇÃO
A palavra sexual geralmente desperta reações
positivas em uns e concepções ou conclusões negativas e hostis em outros, o que
pode ser considerado como uma variação de preferências psíquicas para alguns e,
para outros, apenas uma atividade física imensamente prazeirosa. É bem claro que a origem da vida, num
contexto geral, está fundamentada na sexualidade, movimentação e união do
positivo e negativo, em tudo que compõe o universo. A palavra sexo não deve ser
considerada apenas como o ato sexual em si, mas numa amplitude muito mais
profunda, talvez filosófica, num sentido de fonte da existência dos mais
variados seres e coisas vivas que
conhecemos.
Em um sentido mais restrito, 'sexo' e
'sexual' significam qualidades ou
propriedades físicas ou psíquicas. A
palavra sexual aplica-se ao processo
das relações entre os sexos, levando
algumas pessoas a pronunciarem com um certo tom de desprezo. Até mesmo a palavra sensualidade foi atingida por
essa depreciação, dificultando condução da sexologia, em face dessas intrusões da moral, preconcentos e mitos em
seu domínio. Devido à
desconsideração em que caiu a expressão sexual, foi necessário procurar uma palavra que a substituísse. E por
ironia do destino, escolheu-se a palavra
erótica, termo que durante séculos
servira precisamente para designar produções
literárias especiais, particularmente livres. No fundo, sexualidade e
erotismo têm a mesma significação. Ambas as expressões designam a sexualidade
psicofísica.
De acordo com a visão
predominante, a vida sexual humana consiste essencialmente num esforço de se
por os próprios genitais em contato com os de alguém do sexo oposto, até a
plenitude do orgasmo. Como fenômeno acessório e introdutório, estão associados o olhar do corpo
alheio, tocá-lo, acariciá-lo e beijá-lo. Supõe-se que tal esforço surja na
puberdade (idade da maturidade sexual), com objetivo à reprodução.
Não obstante, sempre foram
conhecidos certos fatos que não se adaptam a estreita estrutura desta visão. É fato
marcante existirem pessoas que só são atraídas por indivíduos de seu próprio sexo e
pelo órgão genital deles. Nos deparamos no entanto, com uma diversidade do
sentimento sexual, pelo fato das diferenças de sentido que, simultaneamente,
são empregadas a uma só palavra. Para fins de nosso estudo, vamos definir a dois tipos de
seres, sendo masculino e feminino, ou macho
e fêmea.
Tais fatos são
esclarecidos com o surgimento da Psicanálise, isto é, as descobertas de Freud, que diga-se de
passagem, provocou espanto, contrariando as opiniões sobre sexualidade. Vejamos
as principais descobertas na visão freudiana.
A vida sexual não começa
somente na puberdade, mas, com evidentes manifestações, logo após o nascimento. O principal interesse
focaliza-se na mais surpreendente de todas, a primeira das afirmações. Foram
observados sinais de atividade corporal, na mais tenra infância, que somente um
arcaico preconceito poderá negar o nome de sexual,
e que estão associados a fenômenos psíquicos, que são deparados mais tarde, na
vida erótica adulta, tais como a
fixação a objetos específicos, ciúmes, e assim por diante. A sexualidade não é, jamais,
exclusivamente física ou exclusivamente psíquica, mas sempre física e psíquica ao mesmo tempo (psicofísica), apoderando-se do corpo e da alma com a mesma
impulsão. Podemos dizer que uma parte importante,
senão a mais importante da vida psíquica, é de natureza sexual e a parte mais importante da vida sexual é de natureza
psíquica. Podemos dividir a
totalidade sexual psicofísica em dois elementos: estado sexual e conduta ou atitude sexual.
A personalidade sexual psicofísica,
fica mais ou menos adormecida durante alguns anos, para manifestar-se com veemência no início da maturidade. Esse
período de relativo adormecimento (não
se encontra totalmente adormecido)
vai desde a mais tenra infância até a puberdade. Entretanto, ninguém pode afirmar com exatidão em que idade aparecem os primeiros impulsos sexuais propriamente ditos. O
nascimento é o marco mais importante desse período que, biologicamente, representa antes uma mudança de ambiente que uma
mudança de personalidade. A maturidade
sexual se desenvolve após a puberdade atingindo, no caso da mulher, seu ápice aos
30/35 anos e, no homem, um pouco além.
A vivência da sexualidade, com a
diminuição da produção hormonal na mulher climatérica (fase da transição do
período reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo), devido a redução dos
hormônios sexuais produzidos pelos ovários, traduz a continuidade do processo
iniciado na infância e que culmina com a menopausa.
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