SPOB-POLO/RS
Castilho S.
Sanhudo,Psicanalista
Didata
Introdução continuação
Freud: Os sonhos são guardiães do sono, e não perturbadores dele.
Quando nos perguntamos sobre a razão e
utilidade para os sonhos, analisando os resultados das experiências com
privação do sono, percebemos que a privação da fase REM do sono determina
importantes alterações no funcionamento cerebral e que após cessar a privação
boa parte do tempo REM de sono e dos PGO inibidos acabam por ser recuperados, o
que permite concluir que o "sono REM e os potenciais PGO são fenômenos
necessários para o cérebro. Poderíamos, então, pensar que os sonhos (ligados ao
sono REM e aos potenciais PGO) também estão regulados a longo prazo e que são
fenômenos necessários ao cérebro".
Devido à integração entre as funções, conforme
apresentado até aqui, podemos entender que uma destas necessidades estaria
relacionada com o trabalho de fixação da memória de longo prazo, dado
corroborado pelos achados que apontam para um aumento na síntese protéica
(plasticidade cerebral) durante o sono REM, de modo especial na região do
sistema reticular e amígdala temporal.
A
Psicanálise e os sonhos
Este estudo psicanalítico
dos sonhos será feito a
partir do texto freudiano
E interessante ter-se a idéia do significado
deste título; para tal cito abaixo o comentário do revisor
geral da tradução portuguesa:
"Convém lembrar que esse título, Die
Traumdeutungm, não expressa propriamente a idéia de uma 'interpretação'
(fechada, final ou única) dos sonhos, mas a de uma busca do sentido dos sonhos,
evidentemente entendidos por Freud como dotados de sentido para cada sujeito ao
sonhar; como produções psíquicas que eram um efeito desse sentido. Para o
leitor de língua alemã, essa postura freudiana ficava clara no título da
obra".
Os meios intelectuais e materiais para compor o
livro já eram do domínio de Freud desde a conclusão dos Estudos sobre histeria (1895),
quando faz comentários sobre a importância dos sonhos em relação ao caso da
Sra. Emmy von N.
Também comenta com Fliess,
na carta de 04/03/1895, sobre
o sentido dos sonhos, no caso um sonho de conveniência relatado por sobrinho de
Breuer.
Além disso, é de 24/06/1895 o primeiro sonho
interpretado por Freud - o Sonho
da Injeção de Irma.
A idéia de pôr em livro estes conhecimentos
apareceu em 1897 - durante sua auto-análise - mas foi abandonada. Retomando o
projeto em maio de 1898, alcançou sua conclusão em 1899 com o aparecimento da
primeira edição, que vendeu 351 exemplares em 6 anos ( ou 58 exemplares por
ano); ou 4 exemplares por mês!).
Ao todo foram 8 edições:
1a edição - 1899, 375 páginas.
Observar a visão psicopatológica de Freud sobre os sonhos apresentada no prefácio:
"Tentei neste volume fornecer uma explicação da interpretação dos sonhos
e, ao fazê-lo creio não ter ultrapassado a esfera de interesse abrangido pela neuropatoloqia. Pois a pesquisa psicológica
mostra que o sonho é o primeiro membro de uma classe de fenômenos psíquicos anormais, da qual outros membros, como as
fobias histéricas, as obsessões e os delírios, estão fadados por motivos
práticos, a constituir um tema de interesse para os médicos".
Mais tarde, contudo, sua
posição mudou, de tal forma que encontramos nas Conferências Introdutórias que: Os sonhos não são
fenômenos patológicos; podem ocorrer em qualquer pessoa sadia, nas condições do
estado do sono.
2a edição - 1909, ampliada e
revisada, com 418 páginas. No prefácio desta edição Freud
já apresenta sua
característica de atualização de conceitos, quando nos adverte: "Quem
estiver familiarizado com meus outros textos (sobre a etiologia
e o mecanismo das
psiconeuroses) saberá que jamais apresentei opiniões inconclusivas
como se fossem fatos
estabelecidos, e que sempre procurei modificar minhas afirmações de modo a
mantê-la em dia com meu conhecimento crescente".
3a edição, 1911, ampliada e revisada,
com 418 páginas. E nesta edição que aparece o capítulo sobre o Simbolismo dos sonhos. "Minha própria experiência, bem como as
obras de Willelm Stekel e outros, ensinaram-me desde então a fazer uma
apreciação mais verdadeira da extensão e importância do simbolismo
nos sonhos (ou, antes, no
pensamento inconsciente)."
4a edição, 1914, revisada e
ampliada, com 498 páginas. Apresenta a contribuição de Otto
Rank com dois textos -
posteriormente retirados: 'Os sonhos e a Literatura Criativa" e os
"Sonhos e Mitos".
5a edição, 1919,
revisada e ampliada, com 474 páginas.
6a(1921) e 7a
edição(1922), são reimpressões da 4a edição.
8a edição, 1929, revisada, ampliada,
com 435 páginas. E desta edição que James Strachey
fez a tradução de cuja 3a
edição inglesa (1931) fez-se a versão para o português. Em seu prefácio
encontramos a referência de Freud sobre a importância por ele atribuída a esta
obra: "Contém, mesmo de acordo com meu iulqamento atual, a mais valiosa de
todas as descobertas aue tive a
felicidade de fazer. Um discernimento claro como esse só acontece uma vez na
vida".
A obra apresenta sete capítulos, distribuídos
em dois volumes IV e V das Obras Completas ( as edições originais sempre foram
num único volume, exceto edições especiais como a de 1925).
Capítulo I - A literatura
científica que trata dos problemas dos sonhos
Freud
comenta o material existente
até então, principalmente o ponto de vista dos autores da época e a visão
popular sobre os sonhos.
Capítulo II - O método de interpretação do
sonhos: análise de um sonho modelo.
Freud
apresenta seu Sonho de
Iniecão de Irmã como exemplo de seu método de trabalho com os sonhos.
Capítulo III - O sonho é realização de um desejo
Freud
comenta o sentido último dos
sonhos, a realização disfarçada de um desejo. O objetivo do capítulo foi
apresentado para Fliess em 06/08/1899: "A coisa está planejada
segundo o modelo de um passeio imaginário. No começo, a floresta escura dos
autores (que não enxergam árvores), irremediavelmente perdidos nas trilhas
erradas. Depois, uma trilha oculta pela qual conduzo o leitor - meu sonho
exemplar, com suas Deculiarirlafte?; nnrmpnnrPQ inHicrrirnoc o niaHac Ho mau
nncfn - e então, de repente, o
planalto com seu programa e a
pergunta em que direção você quer ir agora?"
Capítulo IV - A distorção nos
sonhos
Freud
começa a apresentar seu
entendimento da formação dos sonhos, é onde cita pela primeira vez a existência
de um "trabalho dos sonhos".
Capítulo V - O material e as
fontes dos sonhos
Freud
retoma o assunto das fontes
determinantes dos sonhos, faz uma avaliação das fontes somáticas, referidas
pelos especialistas e pela visão popular, frente a suas idéias de fontes
psíquicas para o desenvolvimento dos sonhos.
Capítulo VI - O trabalho dos
sonhos
É o capítulo mais extenso do livro, onde Freud
descreve os mecanismos que
compõem o trabalho dos sonhos (condensação, deslocamento, representabilidade,
elaboração secundária), e também os aspectos simbólicos presentes nos sonhos,
tema introduzido a partir da3a edição (1911).
Capítulo VII - A psicologia
dos processos oníricos
Capítulo básico da teoria psicanalítica,
onde Freud
apresenta seu aparelho
psíquico e a sua concepção tópica (teoria topográfica). O
texto servirá de base para o trabalho do módulo.