INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

GLOSSÁRIO COM TERMOS PSICANALÍTICOS



1) Ab-Reação - Descarga emocional, pela qual o afeto ligado a uma recordação traumática éab-reação pode ser provocada durante o processo terapêutico, mas põe também ocorrer espontaneamente.
liberado, quando esta, até então inconsciente, chega à consciência. A
2) Acting-Out - Expressão inglesa, que em sua essência significa substituição momentânea do pensamento pela ação, onde domina o caráter impulsivo, e a incapacidade para raciocinar. Na psicanálise é interpretado como o retorno abrupto de um conteúdo reprimido (ver repressão), cujo afeto é demasiado intenso para ser descarregado em palavras.
3) Afeto - Termo geral que designa os sentimentos e emoções. Considera-se que o afeto nem sempre está ligado à idéia (recordação, representação). No caso em que a recordação é muito dolorosa e ameaçadora, o ego a reprime (ver repressão) mas o afeto correspondente pode se deslocar para outras idéias associadas menos perigosas, ludibriando a censura e liberando-se parcialmente ao chegar à consciência.
4) Agorafobia - Forma de fobia onde o indivíduo teme os espaços abertos (ruas, praças, campos abertos ) e reage com angústia ao ter que enfrentá-los sozinho.
5) Angústia - Reação emocional intensa como resposta a um perigo real ou imaginário (angústia automática). Na psicanálise essa angústia automática é resultado de uma fluxo incontrolável de excitações de origem interna ou externa.
6) Aparelho Psíquico - Designa os modelos concebidos por Freud para explicar a organização e o funcionamento da mente. Para isso ele propôs algumas hipóteses entre as quais as mais conhecidas são: a hipótese econômica que concerne essencialmente á quantidade e movimento da energia na atividade psíquica; a hipótese topográfica que tenta localizar a atividade mental em alguma parte do aparelho, que ele divide em: consciente preconsciente e inconsciente; e a hipótese estrutural na qual ele divide a mente em três instâncias funcionais: Id, ego e superego, atribuindo a cada uma delas uma função específica.
7) Catarse - Método terapêutico que permite a evocação e a revivência de acontecimentos traumáticos que foram reprimidos, permitindo a descarga dos afetos ligados a estes (ver ab-reação).
8) Censura - Barreira que impede que ideais e afetos reprimidos no inconsciente cheguem ao consciente.
9)Claustrofobia - E ação emocional intensa e injustificada a lugares fechados.
10) Complexo de Castração - Ao perceber que há pessoas que não possuem pênis, o menino começa a temer a perda do seu próprio. Sente isso como uma ameaça paterna por suas atividades sexuais e seus desejos incestuosos. A menina sente a ausência de pênis como uma perda já consumada e procura de alguma forma compensá-la. A ansiedade de castração tem um lugar fundamental na evolução da sexualidade infantil dos dois sexos e aparece constantemente na experiência analítica subjacente às modalidades de relacionamento do indivíduo com seu mundo interno e externo.
11) Complexo de Édipo - De acordo com Freud a criança entre 2 e 5 anos aproximadamente desenvolve intenso sentimento de amor pelo genitor do sexo oposto e grande hostilidade pelo do próprio sexo, a quem deseja eliminar como a um rival. Esses sentimentos geralmente são vividos com grande intensidade e ao mesmo tempo com grande ambivalência, pois embora odeie o genitor do mesmo sexo, que o impede de realizar seus desejos, também o ama por tudo de bom que ele representa. Surge então a culpa e o medo à retaliação (medo à castração). Esse conflito geralmente declina após a idade de 5 anos e reaparece com o advento da puberdade, sendo um dos fatores que contribuem para a crise da adolescência. De uma resolução satisfatória desse conflito depende uma boa estruturação da personalidade
12) Condensação - é um processo característico do pensamento inconsciente e no qual duas (ou mais) imagens se combinam para formar uma imagem composta que está investida do afeto derivado de ambas. Encontramos exemplos desse processo nos sonhos principalmente.
13) Conflito - Na psicanálise, refere-se geralmente, ao conflito interno entre impulsos instintivos e entre as instâncias (id, ego e superego) e ao conflito edipiano (Ver Complexo de Édipo).
14) Defesa - É o conjunto de manobras inconscientes (mecanismos de defesa) que o ego se utiliza para evita ameaças à sua própria integridade. Essas ameaças podem surgir pela intensificação dos impulsos instintivos que põem em perigo o equilíbrio do ego, que tem como função harmonizar esse impulsos com os imperativos do superego ("consciência moral") e às exigências da realidade externa.

15) Ego - É uma das três instâncias (id, ego e superego) que Freud concebeu em um de seus modelos para explicar o funcionamento da mente humana (ver aparelho psíquico). O ego é a parte organizada desse sistema que entra em contato direto com a realidade externa e através de suas funções tem capacidade de atuar sobre esta numa tentativa de adaptação. Por isso, estão sob o domínio do ego as percepções sensoriais, os controles e habilidades para atuar sobre o ambiente, a capacidade de lembrar, comparar e pensar. No âmbito de sua relações com as outras duas instâncias do sistema e o ego assume o papel de mediador e integrador dos impulsos instintivos do id (ver id) e as exigências do superego (ver superego), para adaptá-los à realidade externa.
16) Fantasia - refere-se à atividade imaginativa subjacente a todo pensamento e sensação. As fantasias podem se apresentar sob forma consciente, como acontece nos sonhos diurnos, ou inconscientes, subjacentes a um conteúdo manifesto como nos sonhos ou nos sintomas neuróticos etc. Está sempre ligada intimamente aos desejos instintivos.
17) Fase Anal - É a Segunda do desenvolvimento libidinal (ver libido), e está situada entre um e três anos de idade. Nesta fase os interesses da criança se organizam predominantemente em torno da função anal, pelo prazer que sente na expulsão e retenção das fezes, que ela agora consegue controlar através de um crescente domínio muscular. Esse controle tem também conseqüências importantes no relacionamento interpessoal com o meio ambiente. A criança agora é capaz de dar e negar (as fezes) de colocar esse controle a serviço as expectativas do meio ou de sua necessidade e prazer. As atitudes que se formam nessas interações com o meio vão estabelecer em grande parte as bases de seus futuros relacionamentos.
18) Fase Fálica - Nesta fase que vai de 3 a 5 anos aproximadamente, a libido concentra-se nos órgãos genitais que se tornam a zona erógena predominante. Os conflitos dessa fase estão ligados ao Complexo de Édipo, com o surgimento de desejos incestuosos e seu conseqüente temor à castração. Oscila o seu comportamento entre a iniciativa e a culpa.
 19) Fase de Latência - Inicia-se por volta dos 5 anos e se estende até o início da puberdade. Caracteriza-se principalmente pelo declínio dos interesses sexuais, que segundo a teoria psicanalítica são reprimidos e só aparecem na adolescência. Nessa fase tendo superado em parte os conflitos do Complexo de Édipo, amplia seu ambiente social procurando estabelecer novos contatos, assim como se dedica a adquirir novas habilidades na aprendizagem escolar, nos esportes etc..
20) Fase Oral - corresponde ao 1º ano de vida de uma criança, onde seus contatos mais significativos são feitos através da boca. Além de sua função na alimentação, ela é também a sede principal dos prazeres eróticos da criança nessa fase. Podemos observar que uma criança inquieta pode se acalmar com uma chupeta porque a sucção produz uma satisfação erótica que alivia as sensações do organismo.
Nessa fase a criança é essencialmente dependente e receptiva. A incorporação e o modelo básico de seu comportamento nas interações com o meio.
O relacionamento que estabelece com a mãe nesse período da vida vai ter uma importância fundamental na forma que a criança vai configurar o mundo e se relacionar em seu ambiente. Uma boa mãe saberá dosar bem a satisfação das necessidades de seu bebê e as restrições, o que estabelecerá uma base de confiança nos futuros relacionamentos.
Distúrbios no desenvolvimento desta fase geralmente se evidenciam mais tarde por traços de dependência excessiva de outras pessoas, de alimentos (obesidade), de álcool (alcoolismo) ou de qualquer outra coisa.
21) Fixação - Processo pelo qual o indivíduo permanece vinculado a modos de satisfação ou padrões de comportamento característicos de uma fase anterior de seu desenvolvimento libidinal (ver libido). A fixação pode ser também a pessoas significativas da infância. Assim encontramos expressões freqüentemente usadas na psicanálise como fixação oral, fixação anal, fixação maternal, fixação paternal. Chamamos pontos de fixação àqueles momentos do desenvolvimento libidinal que foram perturbados e dos quais o indivíduo permanece fixado ou dos quais regride em estado de tensão.
22) Histeria - Tipos de neurose que se caracterizam principalmente pelos distúrbios funcionais de aparência orgânica, como paralisias, perturbações sensoriais, crises nervosas, sem evidência de patologia física, e que se manifestam de modo a sugerir que servem a alguma função psicológica.
As formas sintomáticas melhor definidas são a "histeria de conversão" onde o conflito psíquico se expressa nos mais diversos sintomas corporais (como paralisias, crises emocionais, anestesias) e a "histeria de angústia" também conhecida como "fobia", onde o agente de perseguição interno é deslocado e fixado em algum objeto (ver Objeto) do mundo externo.
23) Idealização - Processo no qual o indivíduo supervaloriza o objeto (ver objeto) negando-se a ver todos os aspectos que possam desvalorizá-lo.
24) Identificação - Processo pelo qual o indivíduo se torna idêntico a outro pela assimilação de traços ou atributos daquele que lhe serve de modelo. Nesse processo o indivíduo, tanto pode assimilar aspectos de outra pessoa como também pode, identificar em outros aspectos seus. É através das identificações que desde o princípio a personalidade se forma e se diferencia.
25) Id - Uma das instâncias da teoria estrutural (id, ego, superego) do aparelho psíquico. O Id que opera em nível inconsciente contém os impulsos instintivos que se originam na organização somática e ganham aqui expressão psíquica e também idéias e recordações que por serem insuportáveis ao indivíduo foram reprimidas. É considerado como um reservatório de energia, com a qual alimenta também as outras instâncias (ego e superego). Porém, não possui uma organização comparável à do ego, pois é regido pelo Princípio do Prazer, que busca sempre a satisfação, ignorando as diferenças e contradições e sem a capacidade de considerar espaço e tempo. Sua interação com as outras instâncias é geralmente conflituosa pois o ego sob os imperativos do superego e as exigências da realidade tem que avaliar e controlar os impulsos provindos do Id, permitindo sua satisfação, adiando-a ou inibindo-a totalmente.
26) Inconsciente - É possivelmente o conceito mais fundamental da teoria freudiana. Em seu trabalho Freud demonstrou que o conteúdo da mente não se reduz ao consciente, mas que pelo contrário a maior parte da vida psíquica se desenrola em nível inconsciente. Ali se encontram principalmente idéias (representações de impulsos) reprimidas, às quais é negado o acesso à consciência mas que têm grande influência na vida consciente. Estas idéias reprimidas aparecem de forma disfarçada nos sonhos e nos sintomas neuróticos principalmente e é através do seu conhecimento que podemos chegar até o conflito neurótico durante um processo terapêutico geralmente. O inconsciente é uma das entidades do 1º modelo da mente criado por Freud (ver aparelho psíquico).
27) Insight - Percepção pelo indivíduo dos significados, antes inconscientes, subjacentes e seus comportamentos e pensamentos. O Insight pode ser intelectual onde a compreensão do significado ocorre sem a vivência afetiva correspondente, ou emocional onde essa compreensão é acompanhada da descarga emocional.
 28) Libido - É a energia inerente aos movimentos e transformações dos impulsos sexuais. Ela é a contrapartida psíquica da excitação sexual somática. É uma palavra latina que significa desejo, vontade.
29) Masoquismo - É uma forma de perversão sexual na qual a satisfação é obtida através de sofrimento e humilhação do próprio indivíduo.
30) Metapsicologia - Termo criado por Freud para designar as formulações que fez para descrever os fenômenos mentais do ponto de vista dinâmico, tópico e econômico (ver aparelho psíquico).
31) Narcisismo - Perversão em que o indivíduo escolhe a si mesmo como objeto sexual.
32) Neurose - Em sua essência vai designar os distúrbios dos comportamentos, sentimentos ou idéias, que surgem como resultado de um conflito entre o id e o ego, onde uma tendência instintiva é reprimia pelo ego dando lugar á formação de sintomas neuróticos. Estes sintomas são percebidos pelo indivíduo como algo estranho e incompreensível dentro do quadro geral de sua personalidade. Podem consistir de alterações das funções corporais (cegueira histérica, por exemplo) onde não há nenhuma explicação fisiológica para o distúrbio; de emoções e ansiedades injustificadas como no caso de neurose obsessiva.
O que mais caracteriza a neurose em contraste com a psicose é a preservação do contato do indivíduo com a realidade. Mantém assim apesar das distorções causadas pelos sintomas uma boa margem de senso crítico e a capacidade de perceber sua própria doença.
33) Objeto - Na teoria psicanalítica significa aquilo através do que um impulso instintivo pode obter satisfação. Pode ser uma pessoa em sua totalidade ou parte dessa pessoa (como o seio para o bebê)., pode ser uma entidade ou um ideal. Os objetos podem ser reais ou imaginados.
 34) Paranóia - É uma psicose funcional (ver psicose) que se caracteriza pela presença de delírios mais ou menos sistematizados, que mantém certa lógica e coerência interna e sem que haja uma deteriorização do intelecto.
35) Perversão - qualquer forma de conduta sexual adulta, na qual o prazer não seja obtido pela penetração genital com indivíduo do outro sexo.
36) Pre-Consciente - Refere-se aos pensamentos que não são conscientes num dado momento mas que podem chegar espontaneamente à consciência ou por evocação do próprio indivíduo. Diferem dos pensamentos inconscientes que por terem sido reprimidos não têm acesso à consciência a não ser em circunstâncias muito especiais.
Como substantivo refere-se a um sistema do aparelho psíquico, concebido por Freud (ver aparelho psíquico).
37) Projeção - Processo defensivo (ver defesa) no qual o indivíduo atribui a outro (pessoa ou coisa) sentimentos e desejos que seria penoso admitir como seus próprios.
38) Psicanálise - Disciplina criada por Freud que consiste em um método par investigação dos processos mentais, um método de tratamento das desordens psíquicas e um corpo e teorias que tenta sistematizar os dados introduzidos pelos métodos psicanalíticos mencionados acima.
A técnica psicanalítica de tratamento consiste basicamente em levar o paciente a associar livremente, isto é, exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que lhe ocorrem sem preocupação de dar-lhes sentido ou coerência; interpretar tanto as associações como os obstáculos que encontra ao associar ajudando assim o paciente a eliminar as resistências que o impedem de tomar contato com os conflitos inconscientes; e interpretar seus sentimentos e atitudes em relação ao analista, pois o paciente tende a repetir na relação terapêutica as modalidades de relacionamento que teve com seus progenitores durante a infância (ver transferência).
Em resumo, chamamos psicanálise o trabalho que ajuda o paciente a tornar conscientes suas experiências reprimidas, expondo assim suas motivações até então desconhecidas.
39) Psicose - Perturbação grave das funções psíquicas que se caracteriza principalmente pela perda de contato com a realidade, pela incapacidade de adaptação social, por perturbações da comunicação e ausência de consciência da doença. Para Freud a psicose é resultado do conflito entre o ego e o mundo exterior. Diante da frustração de fortes desejos infantis, o ego nega a realidade externa e procura construir através do delírio um mundo interno e externo de acordo com as tendências do id. A psiquiatria distingue duas classes de psicoses: as orgânicas onde uma enfermidade orgânica é encontrada como causa e as funcionais onde não há lesão orgânica demonstrável. Três formas de psicose funcional são reconhecidas: a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva e a paranóia.
40) Psicose Maníaco Depressiva - Psicose em que se alternam períodos de mania (euforia, auto-confiança exagerada) e depressão, geralmente com períodos intermediários de normalidade.
41) Psicoterapia - Termo comumente usado para designar as formas de tratamento psicológico que se diferenciam da psicanálise, a qual é uma forma de terapia mais profunda, mais intensa e total que qualquer outra. A "psicoterapia de orientação psicanalítica" usa a teoria psicanalítica em combinação com outras técnicas. A psicoterapia pode ser individual ou em grupo, superficial ou profunda, de apoio ou sugestiva. Pode ter marcos referenciais teóricos os mais diversos, como vemos na gestalt, no psicodrama, na análise transacional etc. Considera-se que de modo geral seu trabalho é feito principalmente nos níveis mais conscientes da personalidade.
42) Racionalização - Processo defensivo (ver defesa) no qual o indivíduo procura justificar suas ações de forma coerente desconhecendo entretanto suas motivações inconscientes.
43) Regressão - Processo defensivo do qual o indivíduo, a fim de evitar a angústia, retorna a uma fase anterior do desenvolvimento, apresentando os padrões de comportamento daquela fase.
44) Repressão - Mecanismo de defesa do ego (ver defesa)., pelo qual as representações de impulsos que podem produzir angústia são mantidas recalcadas no inconsciente.
45) Sadismo - Perversão sexual, na qual o prazer erótico está vinculado ao sofrimento e humilhação que o indivíduo inflige a outro.
46) Sublimação - Processo pelo qual a energia dos instintos sexuais é deslocada para atividades ou realizações de valor social ou cultural, como as atividades artísticas ou intelectuais.
47) Superego - Uma das três instâncias da personalidade, que Freud concebeu em um dos modelos do aparelho psíquico (ver aparelho psíquico). O superego é formado a partir das identificações com os genitores, dos quais ele assimila as ordens e proibições. Assume então o papel de juiz e vigilante, formando uma espécie de auto-consciência moral Os mandatos do superego incluem muitos elementos inconscientes que derivam do passado do indivíduo e que podem entrar em conflito com seus valores atuais.
Com relação as outras instâncias, ele é o controlador por excelência dos impulsos do id e age como colaborador nas funções do ego, mas muitas vezes ele se torna extremamente severo anulando as possibilidades de satisfação instintiva e a capacidade de livre escolha do ego.
48) Transferência - É um processo pelo qual o indivíduo recapitula em suas relações atuais, especialmente com seu terapeuta, as relações que teve com seus genitores na infância. A transferência se dá geralmente com pessoas que representam alguma autoridade como no relacionamento professor-aluno, médico-paciente, patrão-empregado. Freud, a princípio encontrou na transferência um obstáculo para o tratamento, porém mais tarde utilizou-a como uma parte essencial do processo terapêutico.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014



TURMA  PORTO ALEGRE VIII
Módulo IX : Teoria Psicanalítica Freud – IV
Ocorrera nos dias 12 e 13 de dezembro

Prof.ª  RITA GEOVANE ROSA STUMPF



A natureza infantil do sistema Ics pode ser explicada pelo fato de:
1 tratar-se da fase inicial, ou original, do aparelho psíquico. Veja-se que os sis­temas Pcs e Cs só vão se desenvolver mais tarde. Assim o sistema Ics  funcio­na, vida afora, do mesmo modo como a mente, em seu todo, operou durante a primeira infância, ou seja, rigorosa­mente de acordo com o processo primário . Assim, nos mesmos termos do comportamento de uma criança peque­na, o sistema Ics exige ver seus desejos satisfeitos imediatamente, pois busca apenas a gratificação,
2 tender, a mentalização do sistema Ics, a ser não-verbal, como o é na infância.
Sendo que, no caso de haver alguma função de linguagem, esta será, no má­ximo, primitiva e decorrente da experi­ência visual.
3. As exigências libidinais do sistema Ics seguirem o princípio do prazer, sem atentar para a realidade externa. O prin­cipio da realidade (Freud, 1911) se de­senvolve paralelamente com o sistema Pcs, já que hã um princípio regulador dos sistemas Pcs e Cs, não acontecen­do o mesmo com o sistema ícs.

4.Uma parte do sistema Ics consistir nas fantasias e experiências da infância e da adolescência (Freud, 1908), rejeita­das pelo sistema Pcs, no curso da evo­lução, pelo fato de serem, fantasias e experiências, representantes psíquicos dos desejos sexuais da infância tam­bém rechaçados pelo sistema Pcs. As­sim, importante parte do sistema Ics é infantil, em função de nele permanece­rem, sem qualquer alteração, conquan­to sejam rejeitados pela parte mais adul­ta da mente.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Módulo: Teoria Psicanalítica Freud – IV



TURMA  PORTO ALEGRE VIII
Módulo: Teoria Psicanalítica Freud – IV
Ocorrera nos dias 12 e 13 de dezembro

Prof.ª  RITA GEOVANE ROSA STUMPF


Do "tornar consciente o
inconsciente", até se chegar ao "onde houver Id, há de haver Ego",

Quando interpretamos Freud, descobrimos que todo individuo é o resultado de uma experiência de vida, que se comparado a uma peça teatral, vamos vê-io desenvolver-se em três atos, quais sejam:

       o da resolução da situação edípica, instalada da num tempo de total desapetrechamento menta!;
       o da longo e tremendamente martirizonte formação do Superego:
       o da instalação do amnásio Infantil decorrente das repressões auto-imposta.
No centro do palco do vida, solitário, vê-se o Ego representando o drama, sob os influxos dos conflitos psíquicos.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Curtos-circuitos do gozo


Jorge Forbes

Quando a palavra não é mais necessária para intermediar o que se quer, para refletir sobre o que se teme, para inquirir o que se ignora; quando a palavra perde sua função de pacto social, ficamos suscetíveis ao curto-circuito do gozo. O gozo que prescinde da palavra é, em conseqüência, ilógico e desregrado.
Estamos no momento do gozo ilógico e desregrado. Alguns exemplos dentre os mais notáveis são as toxicofilias, o fracasso escolar, a delinqüência juvenil, as doenças psicossomáticas. Em cada um desses quadros podemos destacar a impotência da palavra dialogada para alterar o mau estado da pessoa.

Comecemos pelas toxicofilias.
Houve um tempo em que o vício do toxicômano cedia frente à interpretação de seus motivos, dos porquês. Hoje, não é raro nos depararmos com viciados que têm todo um rosário de explicações sobre seus hábitos tóxicos, tendo também vontade sincera de se desembaraçar e, no entanto, continuam no sofrimento. Como nesse gozo a palavra está curto-circuitada, o diálogo interpretativo habitual é ineficaz.

Fracasso escolar.
O adolescente de 98/99 é diferente do adolescente de 68/69. Há trinta anos o mais comum eram os alunos rebeldes, contestadores das matérias, dos professores, do governo, dos métodos hierárquicos, etc. Berravam palavras de ordem: “É proibido proibir”, “Paz e amor”, “O povo unido jamais...”... Agora, nenhuma rebeldia, nenhuma contestação. Dia da prova, o aluno entrega o papel em branco. O professor alerta-o das conseqüências: a nota baixa, a recuperação, a repetência. Nada o comove, nenhuma seqüela futura o sensibiliza. O professor se desespera, fica aparvalhado, convoca uma junta de especialistas: o psico-pedagogo, a técnica em psico-motricidade, a fonoaudióloga, o psiquiatra, a psicóloga, o neurologista, o oftalmologista (vai ver que não enxerga), o otorrino (vai ver que não escuta) e nada. O fracasso escolar resiste a todos os saberes.

Delinqüência juvenil.
O mundo está chocado com os crimes isolados e eventuais. Ninguém diria que aquele “menino de família”, como se diz, bem educado, bonzinho, cordial, freqüentador das reuniões familiares, dos clubes e das rodas de amigos - todos gente boa - possa um dia, como em puro acaso, incendiar uma pessoa dormindo, matar sua mãe, seu pai, ou ambos, metralhar metade da sua escola, jogar uma pedra do viaduto sobre o carro que passa e demais barbaridades. Antes e depois, um bom menino. Por um instante, um assassino.

Doenças psicossomáticas.
Essa expressão ficou consagrada, a partir de Freud, para nomear as afecções orgânicas que respondiam a um incremento libidinal sobre um órgão, causando uma disfunção: estressado seria mais passível a ter enfarte ou úlcera; tímido, espinhas na cara ou gagueira; culpado, teria de gripe até câncer, etc. Crescem, na atualidade, exemplos de moléstias, verdadeiros anacolutos da gramática corporal, aberrações psíquicas e somáticas, quase sempre graves e de difícil manejo terapêutico.
Cabe-nos perguntar: o que está acontecendo? Pode ser que estejamos sendo vítimas por termos alterado nosso ecossistema sem medir os efeitos. Quando desmatamos uma região importante no meio de uma floresta sabemos da balbúrdia que ocasionamos: algumas espécies morrem, outras explodem demograficamente, mutações surgem, alteram-se os hábitos.

Pois bem, a globalização foi uma imensa mudança do ecossistema humano: mudou a noção de pátria, de família, de poder paterno, da presença da mulher, etc. Entramos definitivamente na era em que o Outro não existe. Se recuperarmos a divisão freudiana entre identificações verticais, aquelas com o líder ou com um ideal, e identificações horizontais, aquelas entre os iguais, notaremos que o lugar dos líderes e dos ideais, da identificação vertical, foi fortemente abalado pelo prazer do provisório e da conveniência imediata. Quer-se o gozo já, em tempo real. Gozo Internet.
Não há como voltar atrás. Não adianta, depois de décadas de conquistas femininas, achar que o pai ainda pode ser chamado para pôr ordem na casa como nos tempos em que sua figura era, quase ameaçadora, da lei e do poder: pai braço armado da mãe. Tarde demais. Fizeram os omeletes, quebraram os ovos – do pai.

Será que tudo então está perdido? Desespero total? Ainda não. Miremo-nos nos exemplos dos próprios adolescentes, os que mais sofrem os curtos-circuitos do gozo, as soluções que eles encontram para, de certa forma, ordenar este gozo caótico. O nome é: “esportes radicais”. Nunca se viu tanto esporte radical: alpinismo, bungee-jump, canoagem, pára-quedismo, triatlon, e por aí vai. Todos eles no limite do dizível, tentativas de captura direta do gozo.
Se esse gozo desbussolado, desbundado, escapa ao circuito da palavra dialogada, decifrada, ele pode ser captado pela palavra–ato, aquela que marca, que nomeia: a palavra poética, por exemplo, que, como os esportes radicais, não explica mas capta algo do ser. Conquista e ordena o excesso de gozo irrefreado.

É uma lição para a psicanálise, daí ter Lacan proposto – assim deduzimos – duas clínicas: uma primeira, a da palavra decifrada, que levantando o recalque, alivia o sintoma e uma segunda, a clínica do gozo, onde a palavra serve para cifrar, tal qual o “piolet” do alpinista que marca a dura pedra do gozo a ser conquistado. Se nem mesmo o Himalaia resistiu às marcas que lhe fizeram acessível, ficamos com a esperança que uma nova clínica psicanalítica – que já está em prática – possa melhorar os resultados do tratamento desses sintomas da nossa época em que o Outro não existe. Não analisamos mais como Freud analisava mas continuamos seu trabalho em tornar o homem mais compatível e responsável com o seu gozo.


http://www.jorgeforbes.com.br/index.php?id=141

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DOS SONHOS

 CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE

GRUPO VIII - POA /RS – 
Mòdulo VII _ Interpretação dos Sonhos
Ocorrera nos dias 27 e 28 de Novembro. 
LOCAL DAS AULAS – Auditório Edel trade Center ,
 no mezanino.
Castilho Sanhudo
Nós vivemos entre duas realidades: - a vida objetiva       (realidade externa, realidade propriamente dita) e a vida subjetiva, isto é da nossa vida psíquica (realidade interna: é sempre agressiva e representa, por isso o desprazer. A Segunda vem ao encontro daquilo que ideamos, queremos, ou desejamos). Por isso, representa o prazer.
Para que exista um equilíbrio entre essas duas realidades, a natureza nos deu a faculdade de sonhar. Através dos sonhos nós vivemos, então, a nossa vida. Através deles realizamos os nossos sonhos como uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de substituir mesmo, uma realidade, que nos é hostil por outra, totalmente diferente, onde um novo mundo se descortina diante da alma e onde todas as nossas ações  parecem absurdas, justamente porque as censuráveis na sociedade em que vivemos, gozam enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expande nos sonhos.
Há sonhos lindos, sonhos inesquecíveis, que a gente lamenta quando se desfazem. Outros são tão feios, digamos assim, que quando se dissipam damos um longo suspiro de desafogo, e ainda com mais profunda alegria dizemos entre nós mesmo: “Felizmente tudo não passou de um sonho!”.
Mas, se os sonhos foram criados para compensar e nos dar a felicidade procurada pelo nosso eu,  por que então não são todos lindos ? Por que nos atormentam ? É que, em verdade, há mais alguma coisa a pesquisar no mecanismo dos sonhos.
A finalidade destes é , sem duvida nenhuma, a   de realizar todos os nossos desejos, por mais absurdos que se apresentem a nossa mente. A psicanálise já os definiu, como sendo “uma realização de desejos”. Entretanto, nem sempre a elaboração onírica consegue este ideal, além de outra dificuldade se apresentar, ainda, para justificar a aparente incoerência que existe em tal definições.
Para compreender as razões existentes, no primeiro caso, é bastante considerarmos o seguinte : Tal qual acontece na vida desperta há, também, enquanto dormimos, uma censura, que impede os sonhos de se apresentarem límpidos, simples, ou compreensíveis, como desejávamos que fossem, pois essa instancia censora é, como fácil de deduzir, uma conseqüência da mesma censura íntima, que nos vigia constantemente , em nossa vida desperta, pautando as nossas atitudes quer através de palavras (escondendo) os sentimentos que não devem ser exteriorizados, quer através de atos, ou ações condenados pelo meio social.
Quando dormimos somos controlados, muito embora de maneira bem mais fraca do que quando estamos em estado de vigília.
Só assim se explica certos sonhos, nos quais a ação da censura é mínima ou mesmo quase indiferente, como acontece nos sonhos infantis.
A outra dificuldade é a que se refere a qualidade do desejo porque nem sempre “conscientemente” desejamos uma coisa, há realmente determinados desejos que nos passam como um relâmpago pela nossa cabeça, mas que são imediatamente condenados pela razão, ou melhor pela consciência. O inconsciente contudo guarda a impressão.


sábado, 22 de novembro de 2014

A Psicanálise e os sonhos

Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil
SPOB-POLO/RS
Curso Livre de Capacitação em Psicanálise
A Interpretação dos Sonhos
Módulo VII- Ocorrerá nos dias, 28 e 29 de Novembro
Este estudo psicanalítico dos sonhos será feito a partir do texto freudiano
E interessante ter-se a ideia do significado deste título; para tal cito abaixo o comentário do revisor geral da tradução portuguesa:
"Convém lembrar que esse título, Die Traumdeutungm, não expressa propriamente a ideia de uma 'interpretação' (fechada, final ou única) dos sonhos, mas a de uma busca do sentido dos sonhos, evidentemente entendidos por Freud como dotados de sentido para cada sujeito ao sonhar; como produções psíquicas que eram um efeito desse sentido. Para o leitor de língua alemã, essa postura freudiana ficava clara no título da obra".
Os meios intelectuais e materiais para compor o livro já eram do domínio de Freud desde a conclusão dos Estudos sobre histeria (1895), quando faz comentários sobre a importância dos sonhos em relação ao caso da Sra. Emmy von N.
Também comenta com Fliess, na carta de 04/03/1895, sobre o sentido dos sonhos, no caso um sonho de conveniência relatado por sobrinho de Breuer.
Além disso, é de 24/06/1895 o primeiro sonho interpretado por Freud - o Sonho da Injeção de Irma.
A idéia de pôr em livro estes conhecimentos apareceu em 1897 - durante sua auto-análise - mas foi abandonada. Retomando o projeto em maio de 1898, alcançou sua conclusão em 1899 com o aparecimento da primeira edição, que vendeu 351 exemplares em 6 anos ( ou 58 exemplares por ano); ou 4 exemplares por mês!).
Ao todo foram 8 edições:
1a edição - 1899, 375 páginas. Observar a visão psicopatológica de Freud sobre os sonhos apresentada no prefácio: "Tentei neste volume fornecer uma explicação da interpretação dos sonhos e, ao fazê-lo creio não ter ultrapassado a esfera de interesse abrangido pela neuropatoloqia. Pois a pesquisa psicológica mostra que o sonho é o primeiro membro de uma classe de fenômenos psíquicos anormais, da qual outros membros, como as fobias histéricas, as obsessões e os delírios, estão fadados por motivos práticos, a constituir um tema de interesse para os médicos".
Mais tarde, contudo, sua posição mudou, de tal forma que encontramos nas Conferências Introdutórias que: Os sonhos não são fenômenos patológicos; podem ocorrer em qualquer pessoa sadia, nas condições do estado do sono.
2a edição - 1909, ampliada e revisada, com 418 páginas. No prefácio desta edição Freud já apresenta sua característica de atualização de conceitos, quando nos adverte: "Quem estiver familiarizado com meus outros textos (sobre a etiologia e o mecanismo das psiconeuroses) saberá que jamais apresentei opiniões inconclusivas como se fossem fatos estabelecidos, e que sempre procurei modificar minhas afirmações de modo a mantê-la em dia com meu conhecimento crescente".
3a edição, 1911, ampliada e revisada, com 418 páginas. E nesta edição que aparece o capítulo sobre o Simbolismo dos sonhos. "Minha própria experiência, bem como as obras de Willelm Stekel e outros, ensinaram-me desde então a fazer uma apreciação mais verdadeira da extensão e importância do simbolismo nos sonhos (ou, antes, no pensamento inconsciente)."
4a edição, 1914, revisada e ampliada, com 498 páginas. Apresenta a contribuição de Otto Rank com dois textos - posteriormente retirados: 'Os sonhos e a Literatura Criativa" e os "Sonhos e Mitos".
5a edição, 1919, revisada e ampliada, com 474 páginas.
6a(1921) e 7a edição(1922), são reimpressões da 4a edição.
8a edição, 1929, revisada, ampliada, com 435 páginas. E desta edição que James Strachey fez a tradução de cuja 3a edição inglesa (1931) fez-se a versão para o português. Em seu prefácio encontramos a referência de Freud sobre a importância por ele atribuída a esta obra: "Contém, mesmo de acordo com meu iulqamento atual, a mais valiosa de todas as descobertas aue tive a felicidade de fazer. Um discernimento claro como esse só acontece uma vez na vida".
A obra apresenta sete capítulos, distribuídos em dois volumes IV e V das Obras Completas ( as edições originais sempre foram num único volume, exceto edições especiais como a de 1925).
Capítulo I - A literatura científica que trata dos problemas dos sonhos
Freud comenta o material existente até então, principalmente o ponto de vista dos autores da época e a visão popular sobre os sonhos.
Capítulo II - O método de interpretação do sonhos: análise de um sonho modelo.
Freud apresenta seu Sonho de Iniecão de Irmã como exemplo de seu método de trabalho com os sonhos.
Capítulo III - O sonho é realização de um desejo
Freud comenta o sentido último dos sonhos, a realização disfarçada de um desejo. O objetivo do capítulo foi apresentado para Fliess em 06/08/1899: "A coisa está planejada segundo o modelo de um passeio imaginário. No começo, a floresta escura dos autores (que não enxergam árvores), irremediavelmente perdidos nas trilhas erradas. Depois, uma trilha oculta pela qual conduzo o leitor - meu sonho exemplar, com suas Deculiarirlafte?; nnrmpnnrPQ inHicrrirnoc o niaHac Ho mau nncfn - e então, de repente, o planalto com seu programa e a pergunta em que direção você quer ir agora?"
Capítulo IV - A distorção nos sonhos
Freud começa a apresentar seu entendimento da formação dos sonhos, é onde cita pela primeira vez a existência de um "trabalho dos sonhos".
Capítulo V - O material e as fontes dos sonhos
Freud retoma o assunto das fontes determinantes dos sonhos, faz uma avaliação das fontes somáticas, referidas pelos especialistas e pela visão popular, frente a suas idéias de fontes psíquicas para o desenvolvimento dos sonhos.
Capítulo VI - O trabalho dos sonhos
É o capítulo mais extenso do livro, onde Freud descreve os mecanismos que compõem o trabalho dos sonhos (condensação, deslocamento, representabilidade, elaboração secundária), e também os aspectos simbólicos presentes nos sonhos, tema introduzido a partir da3a edição (1911).
Capítulo VII - A psicologia dos processos oníricos

Capítulo básico da teoria psicanalítica, onde Freud apresenta seu aparelho psíquico e a sua concepção tópica (teoria topográfica). 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DOS SONHOS

Curso de Capacitação em Psicanálise -SPOB-POLO/RS-

Psicanalista: Castilho S. Sanhudo

Nós vivemos entre duas realidades: - a vida objetiva       (realidade externa, realidade propriamente dita) e a vida subjetiva, isto é da nossa vida psíquica (realidade interna: é sempre agressiva e representa, por isso o desprazer. A Segunda vem ao encontro daquilo que ideamos, queremos, ou desejamos). Por isso, representa o prazer.
Para que exista um equilíbrio entre essas duas realidades, a natureza nos deu a faculdade de sonhar. Através dos sonhos nós vivemos, então, a nossa vida. Através deles realizamos os nossos sonhos como uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de substituir mesmo, uma realidade, que nos é hostil por outra, totalmente diferente, onde um novo mundo se descortina diante da alma e onde todas as nossas ações  parecem absurdas, justamente porque as censuráveis na sociedade em que vivemos, gozam enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expande nos sonhos.
Há sonhos lindos, sonhos inesquecíveis, que a gente lamenta quando se desfazem. Outros são tão feios, digamos assim, que quando se dissipam damos um longo suspiro de desafogo, e ainda com mais profunda alegria dizemos entre nós mesmo: “Felizmente tudo não passou de um sonho!”.
Mas, se os sonhos foram criados para compensar e nos dar a felicidade procurada pelo nosso eu,  por que então não são todos lindos ? Por que nos atormentam ? É que, em verdade, há mais alguma coisa a pesquisar no mecanismo dos sonhos.
A finalidade destes é , sem duvida nenhuma, a   de realizar todos os nossos desejos, por mais absurdos que se apresentem a nossa mente. A psicanálise já os definiu, como sendo “uma realização de desejos”. Entretanto, nem sempre a elaboração onírica consegue este ideal, além de outra dificuldade se apresentar, ainda, para justificar a aparente incoerência que existe em tal definições.
Para compreender as razões existentes, no primeiro caso, é bastante considerarmos o seguinte : Tal qual acontece na vida desperta há, também, enquanto dormimos, uma censura, que impede os sonhos de se apresentarem límpidos, simples, ou compreensíveis, como desejávamos que fossem, pois essa instancia censora é, como fácil de deduzir, uma conseqüência da mesma censura íntima, que nos vigia constantemente , em nossa vida desperta, pautando as nossas atitudes quer através de palavras (escondendo) os sentimentos que não devem ser exteriorizados, quer através de atos, ou ações condenados pelo meio social.
Quando dormimos somos controlados, muito embora de maneira bem mais fraca do que quando estamos em estado de vigília.
Só assim se explica certos sonhos, nos quais a ação da censura é mínima ou mesmo quase indiferente, como acontece nos sonhos infantis.
A outra dificuldade é a que se refere a qualidade do desejo porque nem sempre “conscientemente” desejamos uma coisa, há realmente determinados desejos que nos passam como um relâmpago pela nossa cabeça, mas que são imediatamente condenados pela razão, ou melhor pela consciência. O inconsciente, contudo guarda a impressão.