INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

SOCIEDADE PSICANALÍTICA ORTODOXA DO BRASIL

 SPOB-POLO/RS
Curso de Capacitação em Psicanálise – Módulo XI
Aula nos dias 06 e 07 de Março - End: Profº Annes Dias ,166/103
PSICODINÂMICA DAS NEUROSES
INTRODUÇÃO
              O fato de uma teoria científica emergir a partir de uma série de acontecimentos observados empiricamente implica num conjunto de conceitos que não são retirados da simples observação, mas de construções teóricas, ou se preferirmos, ficções teóricas, que permitem uma inteligibilidade distinta daquela descrição empírica. Esses conceitos não descrevem o real, eles produzem o real, permitindo uma descrição segundo um tipo de articulação que não pode ser retirada desse próprio real enquanto “dado”.  
              O Ser Humano enquanto nascituro é um ser de necessidades, marcado pela própria natureza humana.  Traz em sua origem, fatores biológicos (nature) e fatores ambientais (nurture) que interagindo marcarão o desenvolvimento da personalidade. Freud muito bem descreve esses fatores nas “séries complementares”, quando refere ao heredoconstitucional e sobre antigas experiências emocionais (transgeracionais), ou seja, a “memória afetiva”.
              Este mesmo Ser ao nascer será assinalado pela “natureza da cultura”, enquanto assujeitado a um “outro”, e desde o início marcado por normas sociais, bem como adaptado a valores culturais, ao que Freud vem chamar de “experiências traumáticas” na vida de cada um. Assim todo sujeito humano, em seu comportamento poderá surpreender a qualquer um e a si mesmo, pois há elementos determinantes de certos atos atuando em diferentes níveis e que compõem os processos mentais.                       
              A Psicanálise propõe em sua teoria, o estudo de processos mentais e emocionais para explicar fenômenos como pensamentos, comportamentos e sentimentos resultantes de forças motivacionais ou dirigidas para um objetivo que são inter-atuantes e opostos. Esses processos subjacentes ao comportamento humano e de sua motivação, se referem a todas as áreas, mas em especial quando se manifestam de forma inconsciente, em resposta às interações e representações do “mundo interno” do sujeito, bem como às influências ambientais e do “mundo externo”.
              O conceito de aparelho psíquico e a estruturação tripartite da mente ajudam a compreender a dinâmica das forças internas, as progressões, as regressões e as fixações que ocorrem, como também para explicar a psicodinâmica psicanalítica. A oposição entre as instâncias (id, ego e superego) origina o conflito intrapsíquico, e o resultado desse processo, como que numa arbitragem mental, inconsciente pode surgir em uma percepção consciente através de um sintoma neurótico. 
              Freud foi o primeiro a clarificar a importância que tem para a nossa vida e desenvolvimento psíquico, a relação com outras pessoas.  As primeiras relações, que a princípio e na maioria das vezes se restringem à mãe, se estendem aos demais, os pais, os irmãos, avós e tios, para mais tarde surgir a relação com outras pessoas.  Nos estágios iniciais da vida, a criança tem uma atitude egocêntrica, no desenvolvimento de suas relações de objeto. As relações inadequadas e insatisfatórias com os objetos podem impedir o desenvolvimento das funções do ego, e assim provavelmente, estará preparando terreno para graves dificuldades psicológicas na vida adulta.