·
Curso
Livre de Capacitação em Psicanálise-SPOB-POLO/RS
Grupo VIII-RS - Módulo XVII - Psicoterapia Psicanalítica.
Dias – 11 e 12 de Setembro
A TEORIA E TÉCNICA PSICANALÍTICA
UM BREVE HISTÓRICO
Neste pouco mais de século de psicanálise, Freud ainda existe e creio,
sempre existirá. A sua genialidade dificilmente se apagará com o tempo, ele foi muito futurista para que isto
aconteça, suas concepções originais hão de ser obrigatoriamente lidas pelos analistas atuais. Porém, e não poderia deixar
de ser, a releitura de Freud deve passar por
um crivo de atualização, não se pode
comentar Freud e sua obra, como se
ela fosse escrita recentemente, como se os dias em que ele viveu fossem os de hoje, e por incrível que pareça, há quem critique Freud nestes termos. Ao
invés disto, todos os preceitos
postulados por Freud, tem que ser
conhecidos (resistência, transferência, neutralidade, abstinência, associação livre etc. etc.), porém
olhado e compreendido por um outro
vértice, atualizado, e porque não,
algo modificado, já que o próprio Freud afirmava que, não tinha a pretensão de deixar uma obra completa, muito pelo contrário, que muito teria
que ser elaborado.
Num olhar nostálgico,
vemos que nos seus primórdios, o analista atuava de uma forma que forçava seus pacientes através da
hipnose e ab-reação, numa procura de traumas passados, que esclarecidos, curava-se o paciente (caso Ana O. de Breuer),
posteriormente Freud introduz a regra
fundamental da associação livre, ao
invés da hipnose, e aos poucos vai se deparando e construindo sua teoria (resistência, transferência,
fobias, obsessão) com seus casos
clínicos, numa postura mais investigativa-científica,
do que terapêutica. Seu analisando, Ferenczi, vem a se preocupar mais
com o lado terapêutico da psicanálise, sendo
este, a meu ver, o precursor da psicanálise vincular. Melanie Klein dá uma guinada na psicanálise, com sua análise de crianças, introduzindo seus conceitos sobre
fantasias primárias, com uma postura
técnica de interpretação maciça de
todo material. Os seus seguidores, principalmente
Paula Heimmam e H.Racker, dão uma nova
guinada revolucionária, privilegiando dentro da técnica, as reações contratransferenciais do analista, humanizando ou "des-deusando" o
analista, como aquele que, nada
sente, só entende. Assim como Freud, Klein
também tem seus dissidentes, como Winnicot, que ao discordar das fantasias precoces e arcaicas postuladas por Klein, dá uma valoração oposta, ao
papel
real da mãe, no vínculo
mãe-bebê. Entre Klein e Winnicott, assim como um intermediário, surge um grande pensador,
Wilfred Bion, que sem abandonar os postulados de M. Klein, de fantasias inconscientes, privilegia o conceito de
continente-conteúdo e com um novo vértice transformador é o precursor da psicanálise contemporânea. J. Lacan
dizendo "reler" Freud dá uma nova roupagem aos seus postulados, numa postura de quem quase divide a
psicanálise em Lacanianos e Kleinianos,
sendo os Kleinianos sim, prolongadores e aperfeiçoadores
do Freudismo. Na América, sob os auspícios
de Anna Freud, Hartman e Kout elaboram as psicanálises do Ego e do Self, numa abordagem mais expressiva e
psicoterapêutica. E por fim, a psicanálise contemporânea,
que como já citei, respalda-se nos preceitos
básicos da psicanálise, porém atualizando-os, privilegiando o vínculo, a intersubjetividade, do que brota na relação entre analista-analisando.