INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

PSICOTERAPIA PSICANALITICA

·         Curso Livre de Capacitação em Psicanálise-SPOB-POLO/RS

Grupo VIII-RS - Módulo XVII -  Psicoterapia Psicanalítica.
Dias – 11 e 12 de Setembro
A TEORIA E TÉCNICA PSICANALÍTICA

UM BREVE HISTÓRICO

Neste pouco mais de século de psicanálise, Freud ainda existe e creio, sempre existirá. A sua genialidade dificilmente se apagará com o tempo, ele foi muito futurista para que isto aconteça, suas concepções originais hão de ser obrigatoriamente lidas pelos analistas atuais. Porém, e não poderia deixar de ser, a releitura de Freud deve passar por um crivo de atualização, não se pode comentar Freud e sua obra, como se ela fosse escrita recentemente, como se os dias em que ele viveu fossem os de hoje, e por incrível que pareça, há quem critique Freud nestes termos. Ao invés disto, todos os preceitos postulados por Freud, tem que ser conhecidos (resistência, transferência, neutralidade, abstinência, associação livre etc. etc.), porém olhado e compreendido por um outro vértice, atualizado, e porque não, algo modificado, já que o próprio Freud afirmava que, não tinha a pretensão de deixar uma obra completa, muito pelo contrário, que muito teria que ser elaborado.
Num olhar nostálgico, vemos que nos seus primórdios, o analista atuava de uma forma que forçava seus pacientes através da hipnose e ab-reação, numa procura de traumas passados, que esclarecidos, curava-se o paciente (caso Ana O. de Breuer), posteriormente Freud introduz a regra fundamental da associação livre, ao invés da hipnose, e aos poucos vai se deparando e construindo sua teoria (resistência, transferência, fobias, obsessão) com seus casos clínicos, numa postura mais investigativa-científica, do que terapêutica. Seu analisando, Ferenczi, vem a se preocupar mais com o lado terapêutico da psicanálise, sendo este, a meu ver, o precursor da psicanálise vincular. Melanie Klein dá uma guinada na psicanálise, com sua análise de crianças, introduzindo seus conceitos sobre fantasias primárias, com uma postura técnica de interpretação maciça de todo material. Os seus seguidores, principalmente Paula Heimmam e H.Racker, dão uma nova guinada revolucionária, privilegiando dentro da técnica, as reações contratransferenciais do analista, humanizando ou "des-deusando" o analista, como aquele que, nada sente, só entende. Assim como Freud, Klein também tem seus dissidentes, como Winnicot, que ao discordar das fantasias precoces e arcaicas postuladas por Klein, dá uma valoração oposta, ao papel real da mãe, no vínculo mãe-bebê. Entre Klein e Winnicott, assim como um intermediário, surge um grande pensador, Wilfred Bion, que sem abandonar os postulados de M. Klein, de fantasias inconscientes, privilegia o conceito de continente-conteúdo e com um novo vértice transformador é o precursor da psicanálise contemporânea. J. Lacan dizendo "reler" Freud dá uma nova roupagem aos seus postulados, numa postura de quem quase divide a psicanálise em Lacanianos e Kleinianos, sendo os Kleinianos sim, prolongadores e aperfeiçoadores do Freudismo. Na América, sob os auspícios de Anna Freud, Hartman e Kout elaboram as psicanálises do Ego e do Self, numa abordagem mais expressiva e psicoterapêutica. E por fim, a psicanálise contemporânea, que como já citei, respalda-se nos preceitos básicos da psicanálise, porém atualizando-os, privilegiando o vínculo, a intersubjetividade, do que brota na relação entre analista-analisando.