CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
Módulo
XII- Tópicos Especiais II
DIVERSIDADE DA SEXUALIDADE
Ocorrerá nos dias 7&8 de abril
Introdução
As experiências
nos mostram que as queixas principais têm sido, na maioria das vezes, os
conflitos conjugais. E, ao investigarmos, temos como causa, a relação sexual.
A bem da
verdade, mesmo sendo outras as queixas principais, as investigações nos dará como causa principal a
sexualidade. Confirmando assim, as teorias de Freud sobre as neuroses, objeto
básico de nosso trabalho clínico.
Deparamo-nos,
no entanto, com uma diversidade do sentimento sexual, pelo fato das diferenças
de sentido que, simultaneamente, são empregadas
a uma só palavra. Assim sendo, a palavra sexual tem despertado reações positivas em
uns, e concepções ou conclusões negativas e
hostis em outros; uns, verão de preferência manifestações psíquicas; outros, uma atividade física, etc..
Neste
trabalho a palavra sexo designa, em
primeiro lugar, os dois grandes grupos de seres viventes que conhecemos sob a
denominação de: masculinos e femininos ou machos
e fêmeas. Em um sentido mais restrito, 'sexo' e 'sexual' significam qualidades ou propriedades físicas ou
psíquicas.
(1)
Todavia, na opinião corrente,
a palavra sexual aplica o processo das relações entre os sexos, levando algumas pessoas a
pronunciarem-na com certo tom de desprezo. Até mesmo a palavra sensualidade foi atingida por essa
depreciação, dificultando a sexologia a se conduzir em face dessas intrusões da moral em seu domínio.
Devido à
desconsideração em que caiu a expressão sexual, foi necessário procurar uma palavra que a
substituísse. E, por ironia do destino, escolheu-se a palavra erótica,
termo que, durante séculos, servira precisamente para designar produções literárias especiais,
particularmente livres.
No fundo, sexualidade e erotismo têm
a mesma significação. Ambas as expressões designam a sexualidade psicofísica.
De acordo com a visão predominante,
a vida sexual humana consiste, essencialmente, num esforço de se pôr os próprios genitais em contato com
os de alguém do sexo oposto. E, como
fenômeno acessório e introdutório, hajam-se associados ao olhar esse corpo alheio, tocá-lo e
beijá-lo. Supõe-se que tal esforço surja na puberdade (idade da maturidade
sexual), com objetivo à reprodução. Não obstante, sempre foram conhecidos certos fatos que não se adaptam à
estreita estrutura dessa visão. É fato
marcante existirem pessoas que só são atraídas por indivíduos de seu próprio sexo e pelo órgão genital
deles.
(2) De igual modo, é notório existirem
pessoas cujos desejos se comportam exatamente como os sexuais, ou sua utilização normal; as quais são
conhecidas como 'pervertidas'.
(3) E, por fim, é algo notável que
algumas crianças (por causa disso são encaradas como degeneradas) tenham um interesse muito precoce por seu órgão
genital e apresentam nele sinais de
excitação.
Tais
fatos são esclarecidos com o surgimento da psicanálise, isto é, as descobertas de Freud que, diga-se de
passagem, provocou espanto, contrariando opiniões sobre sexualidade. Segue
abaixo descrito suas principais descobertas:
1. A vida sexual não começa somente na
puberdade, mas, com evidentes manifestações, logo após o nascimento.
O principal interesse focaliza-se
na mais surpreendente de todas, a primeira das afirmações. Foram observados
sinais de atividade corporal, na mais tenra infância, que somente um arcaico
preconceito poderá negar o nome de sexual, e que estão associados a fenómenos
psíquicos, que são deparados mais tarde, na vida erótica adulta - tais como a fixação a objetos específicos,
ciúmes, e assim por diante.
A sexualidade não é, jamais,
exclusivamente física ou exclusivamente psíquica, mas sempre física e psíquica ao mesmo tempo (psicofísica), apoderando-se do corpo e da alma com a mesma
impulsão. Podemos dizer que uma parte importante,
senão a mais importante da vida psíquica, é de natureza sexual e a parte mais importante da vida sexual, é de
natureza psíquica.
Podemos dividir a totalidade sexual
psicofísica em dois elementos: estado sexual e conduta ou atitude sexual. Tais elementos são
qualidades integrantes da personalidade sexual.
A personalidade sexual psicofísica
fica mais ou menos adormecida durante alguns anos, para manifestar-se com veemência no início da maturidade. Esse
período é de relativo
adormecimento, porque, como veremos mais a frente, não se encontra totalmente adormecido, vai desde a
fecundação até a puberdade.
Todavia, ninguém pode afirmar com exatidão em que idade
aparecem os primeiros impulsos sexuais
propriamente ditos.
O
nascimento é o marco mais importante desse período que, biologicamente, representa antes uma mudança de
ambiente que uma mudança de personalidade. A maturidade sexual se desenvolve após a puberdade,
indo, no caso da mulher, até os trinta anos e, no homem, um pouco além.
Finalmente, com o mesmo ritmo suave da subida, começa a descida para o fim da sexualidade que, na maioria dos
seres humanos, coincide com a morte do
indivíduo.
Freud, em suas
investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses,
descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referia-se a
conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos
indivíduos. Isto é, na vida infantil estavam as experiências de caráter
traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais e
confirmava-se, dessa forma, que as ocorrências desse período de vida deixam
marcas profundas na estruturação da personalidade.
As descobertas
colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e é desenvolvido o segundo
conceito mais importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. Essas afirmações tiveram profundas
repercussões na sociedade puritana da época pela concepção vigente de infância
"inocente".