INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CURSO DE PSICANÁLISE EM PORTO ALEGRE/RS



A SPOB-RS está com as inscrições abertas para o Grupo VIII de formação de psicanalistas proporcionando um desconto de 10% nas 5 primeiras mensalidades para os interessados  que realizarem sua inscrição ainda no mês de Setembro. O curso está  com início previsto para 27 e 28/09.
Psicanálise aplica-se a todas as áreas da Vida Humana. Pode ser utilizada para todas as vertentes da Ciência Humana - através do conhecimento das causas que angustiam e origem dos comportamentos e inquietações. É a ciência e arte de entender a si e o outro, buscando proporcionar o equilíbrio mental para melhor desempenho das atividades pessoais e profissionais.
O Curso se baseia nos ensinamentos de Sigmund Freud e apreciação das vertentes:
Melaine Klein, Jacques Lacan, Donald W. Winnicott, Wilfred Ruprecht Bion e os outros psicanalistas contemporâneos.
A todos os profissionais com curso superior  ou em fase de conclusão, em qualquer área do conhecimento.
ü 28 módulos presenciais uma vez ao mês num final de semana.
ü Resenhas mensais e monografia de formação.
ü 2.128 horas total.      
ü Apostilas atualizadas com visão da psicanálise contemporânea.
ü Corpo docente de vários estados do país.
ü Certificado pela SPOB – Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil – a maior sociedade de psicanalistas da América Latina.
Local: Profº Annes Dias, 166, 9ºandar, sala de reuniões
Início: previsto para 26 e 27 /09/ 2013. Se for alcançado o nº suficiente de alunos
Porto Alegre – RS - Coordenador Castilho Sanhudo (51) 84497408 / 3024 7559
e-mail- castilhoss28@hotmail.com  -  spobpolors@gmail.com



PSICANÁLISE E O HOMEM MODERNO


          O mundo na atualidade se agita em torno de uma crise que ao olhar psicanalítico estão tomando contornos de uma angústia não apenas individual, mas também grupal ante ao caos que se anuncia. A felicidade e a angústia estão intimamente ligadas a fatores econômicos e agressivos de um grande mal estar, como já dizia Freud em seu artigo “O mal estar na civilização”.  A pós-modernidade, assim nomeada por alguns teóricos, é marcada pelo efêmero momento em que o “ser” se amarra ao “ter”, aos símbolos de poder, status e cidadania, construídos pelo prestígio social e pertencencimento a determinada classe. O mundo atual e real exige do indivíduo um esforço muito grande para viver ante às restrições impostas ao projeto de vida da grande maioria da população onde a distribuição de renda é uma das mais injustas. Como sobreviver à angústia de aniquilamento ante às frustrações, faltas, agressividade e crise de valores na sociedade brasileira.
           A psicanálise precisará problematizar sua prática e compor construções teóricas emprestando elementos de outras áreas das ciências humanas, para tratar o “homem moderno” em seu ambiente cultural e seus instituintes dessa cultura. A melhoria de vida se institui pelo modelo repressivo causador do adoecimento do sujeito que forma e é formado pelo meio onde atua e vive.
          Há muitas décadas a Psicanálise empresta sua leitura para pensar o homem a partir de sua cultura, levantando a discussão em relação a esta e desta com o homem. Segundo Bleger, a psicanálise pode ser considerada como fato científico, como acontecimento histórico-social, com ideologia em si mesma, ou como integrante de uma ideologia, validada pela terapêutica, pela investigação e pela teoria.
          Freud afirmava que “os sentimentos sociais repousam nas identificações com outras pessoas, na base de possuírem o mesmo ideal de ego”.  A psicanálise deve analisar o homem ante a crise inserido em sua cultura. O contexto histórico e social é crucial na para a formação do ego e seu enfrentamento com os problemas da atualidade.   O sujeito que sofre e se vê como “culpado”, “incompetente”, “desesperado” ou simplesmente doente, assustado procura o profissional da área “psi”, e tudo isso comporá o quadro em que o profissional da área atuará.    
       Na clínica encontramos sintomas de ansiedade, pânico e depressão correlacionados a desemprego, poder aquisitivo, impossibilidade de manter determinado padrão de educação e social para seus filhos, entre outros tantos. Quadros de adoecimento, como manifestações psicossomáticas afastam as possibilidades de recuperação e de representação desse sofrimento. Leituras simplistas ou que remetam a padrões infantis e individuais, ou essa leitura remeter a incapacidade de adaptação, são possíveis, porém com certeza não serão completas ou darão conta de integrar e de forma saudável ao mundo em que vive no momento, com diminuição da capacidade d contemplar suas necessidades primordiais.
           As características da pós-modernidade são as patologias que se instauram pelo desamparo, pela solidão e pela falta de referências simbólicas. Segundo Norberto Elias em O processo de civilização: “o individualismo é uma ilusão que custa ao sujeito o esquecimento (recalque) não só de sua filiação, mas de sua pertinência a uma ou a várias comunidades, mais ou menos abstratas, de ‘irmãos’ que sofrem como ele, lutam como ele, sentem-se desamparados como ele”.      
        O sujeito sozinho, desamparado e abandonado, facilmente pode cair na rede de seu psiquismo regida pela pulsão de morte. O empobrecimento nas relações afetivas conduzem a uma busca de compensações por meio de uma ganância por ganhos, por bens de consumo, por uso de drogas, por sexualidade promíscua entre outros. O sujeito contemporâneo é diferente do sujeito freudiano. Na atualidade as pessoas não lembram dos seus sonhos, não fazem lapsos e não fantasiam, enquanto o sujeito freudiano é uma pessoa que questiona o sentir, que sonha, buscam o olhar do outro como que para provar a própria existência.
       É dentro destes aspectos fantasmáticos, de mudanças nas expressões dos sintomas que precisamos refletir não só sobre as psicopatologias que afligem o ser humano que chega clínica, mas principalmente discutir a prática clínica que mais se adapta a cada sujeito portador de um sofrimento psíquico. A possibilidade de encontrar um espaço- tempo para “o cuidar do outro” se estreita cada vez mais, pois o cuidar, a atenção e o tempo devotado ao outro sofre restrições de toda a ordem nos dias atuais. Aquele cuidado que uma mãe suficientemente boa não pode dispensar ao seu bebê, o quanto ela possa ter sido menos disponível corresponde a uma maior exposição ao desamparo e à angústia de aniquilamento. Esse bebê que se percebeu fraco diante de suas necessidades não atendidas tende a viver estas faltas e frustrações pela vida com muita angústia e tende a um adoecimento, será o adulto que chega à clínica nestes tempos da pós-modernidade.        


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

OS SONHOS E A PSICANÁLISE


Parte 2 da Apostila do Curso Capacitação em Psicanálise
SPOB-POLO/RS
Castilho S. Sanhudo - Coordenador-SPOB-POLO/RS
As descobertas de Freud, de que os sonhos têm um conteúdo psicológico fundamental revolucionaram o estudo da mente.  Antes os sonhos eram tidos como meros efeitos de um trabalho desconexo, provocados por estímulos fisiológicos.  Os conhecimentos desenvolvidos por Freud trouxeram os sonhos para o campo da Psicologia e demonstraram que estes são tão somente a realização de desejos, disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo psíquico.
Os sonhos são a estrada real para o inconsciente, pois representam a realização de um desejo recalcado. Não há recalque sem retorno do recalcado. Então se um desejo foi expulso da consciência, mesmo no sonho ele só pode reaparecer sob a forma de disfarce, o que faz com o sujeito não reconheça o que “não quer saber”. É nesse sentido que, para a psicanálise, todo sonho se apresenta como um enigma. O sonho, uma linguagem cifrada que exige decifração e não visa comunicar nada a ninguém, é composto por imagens com valor de palavras, que se associam como um verdadeiro rebus (enigma composto de imagens) para tecer uma mensagem. Ou seja, o sonho é um texto que não é feito com palavras e sim com imagens. A imagem só vai ter importância na linguagem.
O conteúdo onírico é de suma importância para a compreensão do inconsciente de quem o produz.  Por isso a Psicanálise vê com tanta atenção este produto da mente, que é o sonho.  Gastão Pereira da Silva define o sonho de uma forma que bem demonstra sua relevância:

Uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de substituir, mesmo, uma realidade que nos é  hostil,  por  outra,  totalmente  diferente, onde um novo mundo se descortina  diante  da alma e onde todas as nossas ações parecem absurdas, justamente porque as mais censuráveis, na sociedade em  que  vivemos, gozam, enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expandem nos sonhos.

Podemos sintetizar a teoria psicanalítica dos sonhos da seguinte maneira: a experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o despertar, chamamos de sonho é, apenas, o resultado final de uma atividade mental inconsciente durante este processo fisiológico que, por sua natureza ou intensidade, ameaça interferir com o próprio sono.  Chama-se sonho manifesto a experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de despertar.  Seus vários elementos são designados como conteúdo manifesto do sonho.  Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são denominados conteúdo latente do sonho.  As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto, chamamos de elaboração do sonho.
Manifestações do ICS: sonhos, lapsos, chistes, atos falhos e sintomas (neuroses e afecções psicossomáticas)

Ø  Os sonhos de adulto normalmente são:
A.  Coerentes, porém curiosos, surpreendentes e chocantes.
·       Identificação do enredo e seu sentido.
B.  Incoerentes, em que, além do aspecto estranho da realidade de suas imagens, existe a falta da ilação (conclusão).
·         Construção onírica de um universo alucinante
Ø  Princípios gerais sobre os sonhos:
O estudo revela principalmente os conteúdos mentais que foram reprimidos ou, de qualquer forma, excluídos da consciência e de sua descarga pelas atividades defensivas do ego. Aquilo que se exclui não se perde.

A teoria pode ser formulada da seguinte maneira: A experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono a qual chamamos sonho é o resultado final de uma atividade mental inconsciente durante este processo fisiológico, que por sua intensidade ameaça interferir com o próprio sono, ao invés de acordar a pessoa sonha.