Parte 2 da Apostila do Curso Capacitação em Psicanálise
SPOB-POLO/RS
Castilho S. Sanhudo - Coordenador-SPOB-POLO/RS
As
descobertas de Freud, de que os sonhos têm um conteúdo psicológico fundamental
revolucionaram o estudo da mente. Antes
os sonhos eram tidos como meros efeitos de um trabalho desconexo, provocados
por estímulos fisiológicos. Os
conhecimentos desenvolvidos por Freud trouxeram os sonhos para o campo da
Psicologia e demonstraram que estes são tão somente a realização de desejos,
disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo psíquico.
Os
sonhos são a estrada real para o inconsciente, pois representam a realização de
um desejo recalcado. Não há recalque sem retorno do recalcado. Então se um
desejo foi expulso da consciência, mesmo no sonho ele só pode reaparecer sob a
forma de disfarce, o que faz com o sujeito não reconheça o que “não quer
saber”. É nesse sentido que, para a psicanálise, todo sonho se apresenta como
um enigma. O sonho, uma linguagem cifrada que exige decifração e não visa
comunicar nada a ninguém, é composto por imagens com valor de palavras, que se
associam como um verdadeiro rebus (enigma
composto de imagens) para tecer uma mensagem. Ou seja, o sonho é um texto que
não é feito com palavras e sim com imagens. A imagem só vai ter importância na
linguagem.
O
conteúdo onírico é de suma importância para a compreensão do inconsciente de
quem o produz. Por isso a Psicanálise vê
com tanta atenção este produto da mente, que é o sonho. Gastão Pereira da Silva define o sonho de uma
forma que bem demonstra sua relevância:
Uma função psíquica encarregada
de compensar, de suavizar, de substituir, mesmo, uma realidade que nos é hostil,
por outra, totalmente
diferente, onde um novo mundo se descortina diante
da alma e onde todas as nossas ações parecem absurdas, justamente porque
as mais censuráveis, na sociedade em
que vivemos, gozam, enquanto
dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expandem nos
sonhos.
Podemos
sintetizar a teoria psicanalítica dos sonhos da seguinte maneira: a experiência
subjetiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o despertar,
chamamos de sonho é, apenas, o resultado final de uma atividade mental
inconsciente durante este processo fisiológico que, por sua natureza ou
intensidade, ameaça interferir com o próprio sono. Chama-se sonho manifesto a experiência
consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de
despertar. Seus vários elementos são
designados como conteúdo manifesto do sonho.
Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são
denominados conteúdo latente do sonho.
As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente
do sonho se transforma em sonho manifesto, chamamos de elaboração do sonho.
Manifestações do ICS: sonhos, lapsos, chistes, atos
falhos e sintomas (neuroses e afecções psicossomáticas)
Ø Os sonhos de adulto normalmente
são:
A. Coerentes, porém curiosos,
surpreendentes e chocantes.
·
Identificação
do enredo e seu sentido.
B. Incoerentes, em que, além do
aspecto estranho da realidade de suas imagens, existe a falta da ilação (conclusão).
·
Construção
onírica de um universo alucinante
Ø Princípios gerais sobre os
sonhos:
O estudo revela principalmente os
conteúdos mentais que foram reprimidos ou, de qualquer forma, excluídos da
consciência e de sua descarga pelas atividades defensivas do ego. Aquilo que se
exclui não se perde.
A teoria pode ser formulada da seguinte maneira: A
experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono a qual chamamos
sonho é o resultado final de uma atividade mental inconsciente durante este
processo fisiológico, que por sua intensidade ameaça interferir com o próprio
sono, ao invés de acordar a pessoa
sonha.