INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

TEORIA DO PROCESSO DE PENSAMENTO



Segundo Freud, o processo de pensamento é a ativação ou inibição dos complexos de sensações associadas que tornam possível o fenômeno representacional psíquico, o que se dá através da energia que flui no sistema nervoso pelos sistemas de neurônios. Podemos distinguir, neste processamento, um primário e um secundário.
              Processo Primário
Associado ao inconsciente, o processamento primário do pensamento é aquele que dirige ações imediatas ou reflexas, sendo associado, assim, ao prazer, ao emocional do indivíduo e ao fenômeno de arco reflexo. Nele, a energia presente no aparelho mental flui livremente pelas representações, do pólo do estímulo ao da resposta.
Processo Secundário
O processo de pensamento secundário, por outro lado, está associado ao pré-consciente, também chamado de "ação interiorizada" ou, ainda, de "processo racional do pensamento". Nele, o escoamento de energia mental fica retido, só acontecendo após uma série de associações, as quais refletem no aparelho psíquico. As ações decorrentes dessa forma de processamento devem ser tomadas com base no mundo externo, no contexto em que a pessoa se encontra e em seus objetivos. Assim, ao contrário da energia do processo primário, que é livre, a energia do secundário é condicional.
LINGUAGEM E PENSAMENTO
Em diversas obras, como "A Interpretação dos Sonhos", "A Psicopatologia da Vida Cotidiana" e "Os Chistes e suas Relações com o Inconsciente", Freud não só desenvolve sua teoria sobre o inconsciente da mente humana, como articula o conteúdo do inconsciente ao ato da fala, especialmente aos atos falhos.
Para Freud, a consciência humana subdivide-se em três níveis, Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente – o primeiro contém o material perceptível; o segundo o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente do homem, que está ligado aos instintos primitivos do homem.
Os níveis de consciência estão distribuídos entre as três entidades que formam a mente humana, ou seja, o Id, o Ego e o Superego.
Segundo Freud, o conteúdo do inconsciente é, muitas vezes, reprimido pelo Ego. Para driblar a repressão, as idéias inconscientes apelam aos mecanismos definidos por Freud em sua obra “A Interpretação dos Sonhos”, como deslocamento e condensação. Estes dois, mais tarde, seriam relacionados por Jacobson à metonímia e metáfora, respectivamente. 
Portanto, as representações de idéias inconscientes manifestam-se nos sonhos como símbolos imagéticos, tanto metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito à fala, o inconsciente consegue expelir idéias recalcadas através dos chistes ou atos falhos. Freud propõe que as piadas ou as “trocas de palavras por acidente” nem sempre são inócuas. Antes, são mecanismos da fala que articulam idéias aparentes com idéias reprimidas, são meios pelos quais é possível exprimir os instintos primitivos.
Semelhante à análise dos sonhos, a análise da fala seria um caminho psicanalítico para investigar os desejos ocultos do homem e as causas das psicopatologias. 
“É na palavra e pela palavra que o inconsciente encontra sua articulação essencial.” 
Deste modo, Freud cria uma interrelação entre os campos da linguística e da psicanálise, as quais serão retomadas por estudiosos posteriores, como Jacques-Marie Émile Lacan.
INOVAÇÕES DE FREUD
Freud inovou em dois campos. Simultaneamente, desenvolveu uma teoria da mente e da conduta humana, e uma técnica terapêutica para ajudar pessoas afetadas psiquicamente. Alguns de seus seguidores afirmam estar influenciados por um, mas não pelo outro campo.
Provavelmente a contribuição mais significativa que Freud fez ao pensamento moderno é a de tentar dar ao conceito de inconsciente um status científico  (não compartilhado por várias áreas da ciência e da psicologia). Seus conceitos de inconsciente, desejos inconscientes e repressão foram revolucionários; propõem uma mente dividida em camadas ou níveis, dominada em certa medida por vontades primitivas que estão escondidas sob a consciência e que se manifestam nos lapsos e nos sonhos.
Em sua obra mais conhecida, A Interpretação dos Sonhos, Freud explica o argumento para postular o novo modelo do inconsciente e desenvolve um método para conseguir o acesso ao mesmo, tomando elementos de suas experiências prévias com as técnicas de hipnose.
Como parte de sua teoria, Freud postula também a existência de um pré-consciente, que descreve como a camada entre o consciente e o inconsciente (o termo subconsciente é utilizado popularmente, mas não é parte da terminologia psicanalítica). A repressão em si tem grande importância no conhecimento do inconsciente. De acordo com Freud, as pessoas experimentam repetidamente pensamentos e sentimentos que são tão dolorosos que não podem suportá-los. Tais pensamentos e sentimentos (assim como as recordações associadas a eles) não podem ser expulsos da mente, mas, em troca, são expulsos do consciente para formar parte do inconsciente.
Embora ao longo de sua carreira Freud tenha tentado encontrar padrões de repressão entre seus pacientes que derivassem em um modelo geral para a mente, ele observou que pacientes diferentes reprimiam fatos diferentes. Observou ainda que o processo da repressão é em si mesmo um ato não-consciente (isto é, não ocorreria através da intenção dos pensamentos ou sentimentos conscientes). Em outras palavras, o inconsciente era tanto causa como efeito da repressão.


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