INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

quinta-feira, 13 de março de 2014

A PRÁTICA DA INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS

CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE


A PRÁTICA DA INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
 Introdução ao módulo - Interpretação do sonhos
Introdução
Nós vivemos entre duas realidades, a da vida objetiva (realidade externa) e a vida subjetiva, isto é, a nossa vida psíquica (realidade interna: a realidade que, em verdade desejamos).
A primeira é sempre agressiva e representa, por isso, o desprazer.
A segunda vem ao encontro daquilo que queremos, ou desejamos. Por isto representa o prazer.
Para que exista um equilíbrio entre essas duas realidades, a natureza nos deu a faculdade de sonhar, é através dos sonhos que nós vivemos, na busca de realizemos todos os nosso desejos.
Assim podemos definir os sonhos como uma função psíquica encarregada de compensar, de substituir mesmo uma realidade, que nos é hostil por outra totalmente diferente onde um novo mundo se descortina diante da alma.
A Psicanálise já os definiu como “uma realização de desejos”, entretanto nem sempre a realização onírica consegue este ideal, pois nisto se refere à qualidade do desejo, que em um dado momento, abrigamos. (nem sempre desejamos conscientemente uma coisa), pois há determinados desejos que nos passam como relâmpagos pela cabeça, mas que são imediatamente, condenados pela razão, ou melhor, pela consciência.
Teoria Estrutural do sonho
A teoria estrutural propõe que os conflitos entre as funções das diferentes estruturas dão origem aos aspectos desagradáveis do sonho e do sintoma e explicam o fenômeno da resistência inconsciente.
Procuramos compreender a natureza e função das forças antiinstintivas, assim como os impulsos infantis, instintos, e os seus derivados. Partimos do principio de que ambos os conjuntos de força e equilíbrio instável entre elas são de importância fundamental para determinar a configuração do sonho.
Corretamente, nas horas em que a pessoa esta desperta, o exercício das funções do ego é suficiente para manter um equilibro efetivo. Mas à noite quando o sono enfraquece as funções do ego e corta a ajuda externa, o instinto tem oportunidade de se reafirmar.
O conceito da teoria estrutural proporciona uma ajuda adicional. A teoria estrutural concebe o id como um repositório de impulsos sexuais e agressivos de todas as fases do desenvolvimento. Esses impulsos encontram representação mental no sonho como saída para a satisfação imediata. Mesmo no sonho, defronta-se com as contra-exigências do ego e superego.
As funções de integração e síntese do ego atuam para manter lógica a ordem no sonho.
A função de percepção do ego e o seu desenvolvimento de ansiedade opõem-se aos impulsos derivados do id e modificam a expressão dos mesmos. A organização do ego existe para assegurar também a satisfação instintiva.
O superego manifesta o seu efeito sobre o sonho introduzindo a culpa, o remorso e o castigo pela tentativa de satisfação do desejo infantil proibido. Como extensão do ego o superego também contribui para a criação de ansiedade.
A influência do superego no sonho é tanto sentida como uma aprovação ou como uma condenação.
Nenhum sonho é jamais, exclusivamente um “sonho do id”, se for empregado tal expressão é apenas para indicar que os desejos infantis, os representantes dos impulsos instintos ou de seus derivados são de tal modo fortes que ganham acesso ao sonho com menos distorção do que é usual.
Os sonhos provenientes de baixo, dominados pelos impulsos, sentimentos e idéias do princípio da vida, contêm uma contribuição maior do id do que qualquer outra fonte. Do ponto de vista da teoria estrutural, uma preponderância das representações do impulso sexual ou agressivo da infância reflete do id no sonho.
Nenhum sonho é simplesmente um “sonho do ego”.
Esta seria a designação, em termos de teoria estrutural, daqueles sonhos que contêm uma considerável soma de revisão secundária que incluem fantasias, afetos ou idéias pré-conscientes, elaboradas de antemão ou introduzem impressões sensoriais da realidade extraída da realidade e registram acontecimentos correntes – resíduo do dia.
O “sonho do ego” mostra os efeitos do mecanismo inconscientes de defesa do ego sobre as expressões dos desejos infantis proveniente do id.
Pesquisas mostram que a amnésia para o sonho é, em certa medida independente da repressão, e os sonhos estão sujeitos à ”decomposição espontânea”, a atividade da porção do inconsciente ego determina amplamente se um sonho ou fragmento de sonho será esquecido.
Não obstante as drogas e o tempo ótimo de despertar do sono REM, tanto a recordação e retenção como o esquecimento, a imprecisão e a “inidoneidade” do sonho são, de modo geral, obra da censura e repressão inconsciente do ego e superego.
Isso explica por que o recurso como passar a escrito um sonho no meio da noite ou logo de manhã, ao despertar, é largamente fútil, quando o inconsciente está a postos para contrariar e frustrar a intenção do trabalho analítico.
Nenhum sonho é jamais exclusivamente um “sonho do superego”. Contudo o sonho de punição ou um em que se manifestem insuportáveis sentimentos de culpa indica, inequivocamente, a presença do superego. As palavras faladas em sonho são segundo Isakower (1954), uma contribuição direta do superego para o conteúdo manifesto do sonho.
A dificuldade e complexidade da interpretação do sonho resultam do extraordinário grau em que os pensamentos do sonho latente são deformados no sonho manifesto. Para começar, estão sujeitos a uma distorção que reflete a característica natureza de processo primário da condensação e deslocamento da atividade onírica.
Acrescente-se a isto uma vasta propensão, para a simbolização e as limitações impostas pela representação, mormente em forma visual, das idéias e sentimentos que participam na formação do sonho.
Finalmente a distorção é ainda mais exagerada pelas necessidades conflitantes dos sistemas do aparelho psíquico, incluindo a necessidade do ego de incutir lógicas, ordem e aceitabilidade ao que é considerado ilógico desorganizado e ainda objetável.


Nenhum comentário:

Postar um comentário