A Psicanálise não exige publicidade. É uma prática que deve ser feita
sem alarde, com discrição e elegância necessárias ao bom desempenho da função.
É um serviço prestado a partir de uma contratação verbal, firmada em uma
relação de mútua de confiança. E num tempo em que o mundo parece estar virando
de pernas para o ar confiar é muito mais do que acreditar no outro: e ser
honesto consigo mesmo e não temer o que virá pela frente. Afinal, fazer análise
é um ato de compromisso pessoal, uma atitude madura e sensata de quem quer
encontrar seu verdadeiro Eu.
Sobre este ponto já foram erguidos muitos tratados e não é nossa
intenção trazê-los à tona aqui. Basta dizer que muitas vezes nos surpreendemos
com quem somos verdadeiramente, acima das máscaras da Persona, da Sombra, dos
complexos e da imensa estrutura do Ego, com seus mecanismos de defesa e seus
desejos. Aqueles pacientes perseverantes conseguem se desnudar o suficiente
para enxergar tudo isso e ver quem realmente são enquanto outros não ousam
chegar a tal ponto. Enfim, cada qual tem a sua formação e percepção sobre as
demandas intimistas e sabe a hora de bater à porta do consultório.
Vencidas estas barreiras ainda restam algumas dúvidas sobre dar ou não
dar este passo. Escolher um analista é uma tarefa preocupante para quem quer
fazer terapia. As perguntas mais frequentes que passam pela cabeça do candidato
a deitar no divã são as mais variadas possíveis: “E se eu não me agradar do
analista depois de começar o tratamento?” ou “Como vou confiar meus segredos a
uma pessoa que não conheço?” ou mesmo “Para que vou vasculhar o passado se não
posso mudar nada do que aconteceu?” Talvez não tenha argumentos para convencer
o leitor da importância da terapia até que cada um compreenda por si mesmo as
coisas que mudaram em razão da análise. Pode ser que nem tudo seja resolvido na
beira do divã, mas tem muita coisa na vida da gente que precisa ser entendida
com a ajuda de um profissional especialmente preparado para ajudar pessoas que
querem se encontrar. Pense nisso.
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