INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

domingo, 21 de setembro de 2014

Desenvolvimento Emocional da Criança

As fases do desenvolvimento do bebê que ocorrem desde a vida intrauterina, ou ainda antes, desde o momento que se deseja (ou não) ter o filho até mais ou menos 06 anos de idade são definitivamente marcantes para o desenvolvimento da personalidade do bebê, futuro adulto.
Ainda antes do útero, enquanto desejo ou não dos pais de ter esse filho. No útero, onde já sente as emoções vividas pela mãe e que terão interferências em seu desenvolvimento emocional, mas ainda assim um lugar de proteção e segurança. Em que não é preciso fazer nenhum esforço, suas necessidades são inteira e prontamente atendidas. Não há frio, não há fome, não há sede, e não há as invasões do mundo exterior.
Com o trabalho de parto, as contrações, a expulsão do bebê do útero, seu mundo protegido, o bebê vivencia sua primeira rejeição. Sofre seu primeiro trauma, o de deixar o confortável e seguro ambiente uterino para dar início a uma intensa luta pela vida. Precisa respirar por si mesmo, o que é intensamente doloroso no início (inflar os pulmões), enfrentar o frio, o tato das mãos dos adultos que são sentidas como ferindo sua pele delicada e sensível, que até então só tinha sido tocada pela água (liquido amniótico), a luz lhe é de uma agressividade assustadora, até então protegido no escurinho do útero, os sons lhe são aterrorizantes!
Com tudo isto, o que mais amedronta o bebê é a sensação de estar solto, sem contorno, portanto, sem proteção, numa constante possibilidade de queda. O bebê vivencia sua primeira sensação de desamparo. Assim o bebê chega ao mundo e começa a vivenciar as fases do desenvolvimento que formará sua personalidade.
A primeira delas é a chamada Fase Oral que vai de 0 anos a mais ou menos 2 anos. Nesta fase a necessidade e gratificação estão concentradas na boca, em volta dos lábios, na língua e nos dentes. A boca é a primeira parte do corpo que o bebê pode controlar. Enquanto é alimentado é também confortado, aninhado, acalentado e acariciado (pelo menos é o que se espera). E é assim que o bebê vai aprendendo a associar a redução da tensão causada pela dor da fome com o prazer do calor do corpo da mãe, seu olhar, seu cheiro, os batimentos cardíacos, o som de sua voz, sensações prazerosas que trazem lembranças do útero e reconfortam. O bebê sente-se gratificado.
A mãe é a primeira e a mais importante pessoa na vida do bebê, o bebê sem mãe (considerando mãe aqui a pessoa que faz o papel, que cuida e aconchega, acolhe, acaricia) não existe, sem cuidados ele morre. E se a mãe não estiver inteira, se não for capaz de dar ao bebê o acolhimento e sustentação que ele precisa, ele certamente terá muitos problemas no decorrer de seu desenvolvimento, podendo se tornar um adulto bastante doente psiquicamente.
O bebê nesta fase da vida ainda não se reconhece, mãe-bebê são um, e é através do olhar da mãe que ele se vê, sendo o olhar da mãe como um espelho para o bebê. Ele aprende que ele existe, o que ele é e como ele é através do olhar, da fala, do toque, do reconhecimento da mãe. Daí a importância da mãe ter tempo interno, ter disponibilidade interna, desejo, prazer em estar com seu filho, em especial nos primeiros meses de vida. Lembrando que não é a quantidade, mas a qualidade do tempo que importa.


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