SPOB-POLO/RS
O fato de uma teoria científica
emergir a partir de uma série de acontecimentos observados empiricamente
implica num conjunto de conceitos que não são retirados da simples observação,
mas de construções teóricas, ou se preferirmos, ficções teóricas, que permitem
uma inteligibilidade distinta daquela descrição empírica. Esses conceitos não
descrevem o real, eles produzem o real, permitindo uma descrição segundo um
tipo de articulação que não pode ser retirada desse próprio real enquanto
“dado”.
O Ser
Humano enquanto nascituro é um ser de necessidades, marcado pela própria
natureza humana. Traz em sua origem,
fatores biológicos (nature) e fatores ambientais (nurture) que interagindo
marcarão o desenvolvimento da personalidade. Freud muito bem descreve esses fatores
nas “séries complementares”, quando refere ao heredoconstitucional e sobre
antigas experiências emocionais (transgeracionais), ou seja, a “memória
afetiva”.
Este mesmo Ser ao nascer será
assinalado pela “natureza da cultura”, enquanto assujeitado a um “outro”, e
desde o início marcado por normas sociais, bem como adaptado a valores
culturais, ao que Freud vem chamar de “experiências traumáticas” na vida de
cada um. Assim todo sujeito humano, em seu comportamento poderá surpreender a qualquer
um e a si mesmo, pois há elementos determinantes de certos atos atuando em
diferentes níveis e que compõem os processos mentais.
A Psicanálise propõe em sua
teoria, o estudo de processos mentais e emocionais para explicar fenômenos como
pensamentos, comportamentos e sentimentos resultantes de forças motivacionais
ou dirigidas para um objetivo que são inter-atuantes e opostos. Esses processos
subjacentes ao comportamento humano e de sua motivação, se referem a todas as
áreas, mas em especial quando se manifestam de forma inconsciente, em resposta
às interações e representações do “mundo interno” do sujeito, bem como às
influências ambientais e do “mundo externo”.
O conceito de aparelho psíquico e
a estruturação tripartite da mente ajudam a compreender a dinâmica das forças
internas, as progressões, as regressões e as fixações que ocorrem, como também
para explicar a psicodinâmica psicanalítica. A oposição entre as instâncias
(id, ego e superego) origina o conflito intrapsíquico, e o resultado desse
processo, como que numa arbitragem mental, inconsciente pode surgir em uma
percepção consciente através de um sintoma neurótico.
Freud foi o primeiro a clarificar
a importância que tem para a nossa vida e desenvolvimento psíquico, a relação
com outras pessoas. As primeiras
relações, que a princípio e na maioria das vezes se restringem à mãe, se
estendem aos demais, os pais, os irmãos, avós e tios, para mais tarde surgir a
relação com outras pessoas. Nos estágios
iniciais da vida, a criança tem uma atitude egocêntrica, no desenvolvimento de
suas relações de objeto. As relações inadequadas e insatisfatórias com os
objetos podem impedir o desenvolvimento das funções do ego, e assim
provavelmente, estará preparando terreno para graves dificuldades psicológicas
na vida adulta.
Em uma das fases do
desenvolvimento da libido, a criança inicia relações objetais que se convertem
em relações as mais intensas e decisivas de sua vida. A partir de então, os
desejos e as pulsões mais ativas e impetuosas que a criança experimenta são
impulsos fálicos.
A “relação de objeto” designa um modo de
relação do bebê com seu mundo, resultado originário de uma determinada
organização da personalidade e apreensão fantásticas dos objetos (LA PLANCHE & PONTALLIS,
1998). Essas relações de objetos se
agrupam sob o Complexo de Édipo, e são da maior importância para o
desenvolvimento mental normal, quanto patológico.
A temática edipiana é
reconhecidamente universal e desempenha papel fundamental na estruturação da
personalidade e na orientação do desejo humano. A criança, em seu
desenvolvimento sente um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis em
relação ao casal parental. Em Freud, o
Complexo de Édipo tem seu apogeu em torno de três a cinco anos, durante a fase
fálica, quando o seu declínio marca a passagem para o período de latência. O
conflito edipiano é gerado de forma diferenciada em cada sexo e tem que ser
resolvido sob a pressão da realidade. As
seqüelas desse conflito permanecem em estado inconsciente no id.
Os fenômenos mentais, tais como
sentimentos, pensamentos e comportamentos são resultantes de forças
motivacionais ou dirigidas para um objetivo, pois são inter-atuantes e opostas,
vindo explicar os fenômenos mentais em determinados aspectos da teoria
psicanalítica. Com o conceito de aparelho psíquico, Freud vem explicar, através
de sua proposta de estruturação tripartite da mente, a interação dessas forças,
esclarecendo processos, desenvolvimentos, progressões, regressões e fixações. O id vem representar as pulsões instintivas; o
ego, a instância executiva e inibidora, e o superego, a influência da
consciência e dos ideais.
O ego é forçado a buscar descarga
para as tensões que são originárias do id.
É aquela instância que ajuíza o perigo da gratificação ou a segurança,
exercendo forças restritivas para frustrar, postergar ou contornar essa
descarga, a fim de que ao final esta esteja de acordo com as exigências da
realidade e do superego. A oposição entre
estas duas instâncias é que determina um conflito intrapsíquico, podendo dar
origem a um sintoma neurótico.
Fatores inatos, ou seja, os
filogenéticos como aponta Freud, fatores ambientais e evolutivos ao
comportamento operam em todos os níveis de desenvolvimento das estruturas
mentais e da personalidade figuram na explicação da psicodinâmica da evolução
da libido, do desenvolvimento normal e patológico do sujeito.
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