INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sexta-feira, 23 de maio de 2014

INTRODUÇÃO DO MÓDULO - PSICODINÂMICA DAS NEUROSES

CURSO LIVRE DE CAPACITAÇÃO EM PSICANÁLISE
SPOB-POLO/RS 
              O fato de uma teoria científica emergir a partir de uma série de acontecimentos observados empiricamente implica num conjunto de conceitos que não são retirados da simples observação, mas de construções teóricas, ou se preferirmos, ficções teóricas, que permitem uma inteligibilidade distinta daquela descrição empírica. Esses conceitos não descrevem o real, eles produzem o real, permitindo uma descrição segundo um tipo de articulação que não pode ser retirada desse próprio real enquanto “dado”.  
              O Ser Humano enquanto nascituro é um ser de necessidades, marcado pela própria natureza humana.  Traz em sua origem, fatores biológicos (nature) e fatores ambientais (nurture) que interagindo marcarão o desenvolvimento da personalidade. Freud muito bem descreve esses fatores nas “séries complementares”, quando refere ao heredoconstitucional e sobre antigas experiências emocionais (transgeracionais), ou seja, a “memória afetiva”.
              Este mesmo Ser ao nascer será assinalado pela “natureza da cultura”, enquanto assujeitado a um “outro”, e desde o início marcado por normas sociais, bem como adaptado a valores culturais, ao que Freud vem chamar de “experiências traumáticas” na vida de cada um. Assim todo sujeito humano, em seu comportamento poderá surpreender a qualquer um e a si mesmo, pois há elementos determinantes de certos atos atuando em diferentes níveis e que compõem os processos mentais.                       
              A Psicanálise propõe em sua teoria, o estudo de processos mentais e emocionais para explicar fenômenos como pensamentos, comportamentos e sentimentos resultantes de forças motivacionais ou dirigidas para um objetivo que são inter-atuantes e opostos. Esses processos subjacentes ao comportamento humano e de sua motivação, se referem a todas as áreas, mas em especial quando se manifestam de forma inconsciente, em resposta às interações e representações do “mundo interno” do sujeito, bem como às influências ambientais e do “mundo externo”.
              O conceito de aparelho psíquico e a estruturação tripartite da mente ajudam a compreender a dinâmica das forças internas, as progressões, as regressões e as fixações que ocorrem, como também para explicar a psicodinâmica psicanalítica. A oposição entre as instâncias (id, ego e superego) origina o conflito intrapsíquico, e o resultado desse processo, como que numa arbitragem mental, inconsciente pode surgir em uma percepção consciente através de um sintoma neurótico. 
              Freud foi o primeiro a clarificar a importância que tem para a nossa vida e desenvolvimento psíquico, a relação com outras pessoas.  As primeiras relações, que a princípio e na maioria das vezes se restringem à mãe, se estendem aos demais, os pais, os irmãos, avós e tios, para mais tarde surgir a relação com outras pessoas.  Nos estágios iniciais da vida, a criança tem uma atitude egocêntrica, no desenvolvimento de suas relações de objeto. As relações inadequadas e insatisfatórias com os objetos podem impedir o desenvolvimento das funções do ego, e assim provavelmente, estará preparando terreno para graves dificuldades psicológicas na vida adulta.
              Em uma das fases do desenvolvimento da libido, a criança inicia relações objetais que se convertem em relações as mais intensas e decisivas de sua vida. A partir de então, os desejos e as pulsões mais ativas e impetuosas que a criança experimenta são impulsos fálicos.
              A “relação de objeto” designa um modo de relação do bebê com seu mundo, resultado originário de uma determinada organização da personalidade e apreensão fantásticas dos objetos (LA PLANCHE & PONTALLIS, 1998).   Essas relações de objetos se agrupam sob o Complexo de Édipo, e são da maior importância para o desenvolvimento mental normal, quanto patológico.
               A temática edipiana é reconhecidamente universal e desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano. A criança, em seu desenvolvimento sente um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis em relação ao casal parental.  Em Freud, o Complexo de Édipo tem seu apogeu em torno de três a cinco anos, durante a fase fálica, quando o seu declínio marca a passagem para o período de latência. O conflito edipiano é gerado de forma diferenciada em cada sexo e tem que ser resolvido sob a pressão da realidade.  As seqüelas desse conflito permanecem em estado inconsciente no id. 
              Os fenômenos mentais, tais como sentimentos, pensamentos e comportamentos são resultantes de forças motivacionais ou dirigidas para um objetivo, pois são inter-atuantes e opostas, vindo explicar os fenômenos mentais em determinados aspectos da teoria psicanalítica. Com o conceito de aparelho psíquico, Freud vem explicar, através de sua proposta de estruturação tripartite da mente, a interação dessas forças, esclarecendo processos, desenvolvimentos, progressões, regressões e fixações.  O id vem representar as pulsões instintivas; o ego, a instância executiva e inibidora, e o superego, a influência da consciência e dos ideais.     
              O ego é forçado a buscar descarga para as tensões que são originárias do id.   É aquela instância que ajuíza o perigo da gratificação ou a segurança, exercendo forças restritivas para frustrar, postergar ou contornar essa descarga, a fim de que ao final esta esteja de acordo com as exigências da realidade e do superego.  A oposição entre estas duas instâncias é que determina um conflito intrapsíquico, podendo dar origem a um sintoma neurótico.
              Fatores inatos, ou seja, os filogenéticos como aponta Freud, fatores ambientais e evolutivos ao comportamento operam em todos os níveis de desenvolvimento das estruturas mentais e da personalidade figuram na explicação da psicodinâmica da evolução da libido, do desenvolvimento normal e patológico do sujeito.                   


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