Para
quem fez a lição de casa direitinho: casou, criou os filhos e já está em reta
final na carreira profissional, chegar aos cinqüenta anos poderia ser um momento
esperado com ansiedade e alegria, com a perspectiva de realizar tudo aquilo que
até agora não pode ser feito , porque os filhos pequenos e o emprego não
permitiram. Planeja-se viajar, passear, fazer novos cursos, conhecer novas pessoas,
etc. São planos idealizados no auge de nossas vidas e não pensamos que vamos
estar totalmente diferentes quando esta data chegar.
Chegam
os netos! É um momento ambíguo. Que alegria poder reeditar a maternidade e
fazer parte deste momento mágico de ver o filho do filho! Pegar um neto no colo
é fantástico, nos traz a esperança de poder auxiliar e fazer tudo diferente,
agora com a maturidade e a experiência que os anos trouxeram. Por outro lado nos
damos conta do peso da idade: sou avó, estou velha, é um marco.
Com
a aposentadoria confirmamos este marco. E agora, o que vou fazer? E aqueles
planos todos? Não temos mais o mesmo vigor de quando idealizamos este momento e
nem tudo está a favor, pois e se o marido não estiver aposentado? E se agora eu
ajudo com os netos? E quem tomará conta da casa? E se minha saúde não permitir?
São muitos “se”. Como organizar a vida entre o possível e o desejado e
imaginado durante uma vida inteira?
Paralelamente
a estes fatos chega a menopausa. Que fasezinha ingrata! Nossa silueta muda,
perdemos nossa curvas e ganhamos mais peso, nossa libido vai para o espaço,
nossos cabelos além de branquearem, mudam ; nossos pelos caem e os que ficam, branqueiam; nosso parceiro, que também deve
estar na andropausa, também já não nos procura com freqüência e nos faz sentir
que estamos em reta final. Sabemos que
não provocamos mais assobios na rua. Nos olhamos e não nos gostamos mais. Nossa
auto estima é muito ruim...
Aí,
perdemos os pais, os tios e vemos que a fila anda e está chegando a nossa vez
de partir desta para outra vida. O sentimento é de vazio, e os planos? E tudo
aquilo que planejei fazer quando chegasse nesta idade? Onde encontrar o fio da
meada e começar a agir e colocar em prática tudo isto? Onde está no nosso
interior a força para mudar? Onde buscar parte daquele entusiasmo da juventude
quando planejamos nossa aposentadoria e velhice? Como se libertar do
compromisso assumido no passado e realizar o que hoje é viável?
Temos
que nos reencontrar , talvez com a ajuda de um psicanalista que nos auxiliará a
fechar velhas portas e abrir e adentrar as possíveis que serão muito
singulares, de acordo com a personalidade, o histórico familiar, as condições
financeiras e de saúde. Profissional este que nos balizará na confecção de
novas metas de acordo com a pessoa que somos hoje, nos permitindo a alcançá-las
e preencher o vazio que até então estava tomando conta de nosso ser.
Cada
fase da vida tem suas vantagens e sua beleza. Temos que buscar ajuda para
encontrar a beleza que existe no momento em que estamos e no grande presente de
Deus de podermos viver até aqui.
Autora, uma mulher de cinqüenta
Nenhum comentário:
Postar um comentário