INSTITUTO FREIDIANO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

sábado, 12 de outubro de 2013

Mulher de Cinqüenta


Para quem fez a lição de casa direitinho: casou, criou os filhos e já está em reta final na carreira profissional, chegar aos cinqüenta anos poderia ser um momento esperado com ansiedade e alegria, com a perspectiva de realizar tudo aquilo que até agora não pode ser feito , porque os filhos pequenos e o emprego não permitiram. Planeja-se viajar, passear, fazer novos cursos, conhecer novas pessoas, etc. São planos idealizados no auge de nossas vidas e não pensamos que vamos estar totalmente diferentes quando esta data chegar.
Chegam os netos! É um momento ambíguo. Que alegria poder reeditar a maternidade e fazer parte deste momento mágico de ver o filho do filho! Pegar um neto no colo é fantástico, nos traz a esperança de poder auxiliar e fazer tudo diferente, agora com a maturidade e a experiência que os anos trouxeram. Por outro lado nos damos conta do peso da idade: sou avó, estou velha, é um marco.
Com a aposentadoria confirmamos este marco. E agora, o que vou fazer? E aqueles planos todos? Não temos mais o mesmo vigor de quando idealizamos este momento e nem tudo está a favor, pois e se o marido não estiver aposentado? E se agora eu ajudo com os netos? E quem tomará conta da casa? E se minha saúde não permitir? São muitos “se”. Como organizar a vida entre o possível e o desejado e imaginado durante uma vida inteira?
Paralelamente a estes fatos chega a menopausa. Que fasezinha ingrata! Nossa silueta muda, perdemos nossa curvas e ganhamos mais peso, nossa libido vai para o espaço, nossos cabelos além de branquearem, mudam ; nossos pelos caem e os que ficam,  branqueiam; nosso parceiro, que também deve estar na andropausa, também já não nos procura com freqüência e nos faz sentir que estamos em reta final.  Sabemos que não provocamos mais assobios na rua. Nos olhamos e não nos gostamos mais. Nossa auto estima é muito ruim...
Aí, perdemos os pais, os tios e vemos que a fila anda e está chegando a nossa vez de partir desta para outra vida. O sentimento é de vazio, e os planos? E tudo aquilo que planejei fazer quando chegasse nesta idade? Onde encontrar o fio da meada e começar a agir e colocar em prática tudo isto? Onde está no nosso interior a força para mudar? Onde buscar parte daquele entusiasmo da juventude quando planejamos nossa aposentadoria e velhice? Como se libertar do compromisso assumido no passado e realizar o que hoje é viável?
Temos que nos reencontrar , talvez com a ajuda de um psicanalista que nos auxiliará a fechar velhas portas e abrir e adentrar as possíveis que serão muito singulares, de acordo com a personalidade, o histórico familiar, as condições financeiras e de saúde. Profissional este que nos balizará na confecção de novas metas de acordo com a pessoa que somos hoje, nos permitindo a alcançá-las e preencher o vazio que até então estava tomando conta de nosso ser.
Cada fase da vida tem suas vantagens e sua beleza. Temos que buscar ajuda para encontrar a beleza que existe no momento em que estamos e no grande presente de Deus de podermos viver até aqui.
Autora, uma mulher de cinqüenta


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